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Para preencher os espaços em branco...
"A geração dos anos ___ estava satisfeita por ter segurança económica e voltar as costas à mobilização política e aos seus riscos consequentes; os seus filhos, a muito maior geração dos anos___, só tinham conhecido a paz, a estabilidade política e o Estado-providência. Tomavam estas coisas como garantidas."
in Pós-Guerra, de Tony Judt
Talvez essa atitude hoje se tenha perdido um pouco. A vontade de ver, a falta de espírito crítico, o comodismo, talvez tenham feito com que se perdesse a noção de que, às vezes, "retirar-se" é uma atitude ativa.
Não vou falar do governo e da política que tem sido seguida. Não vou porque isso implicaria muito tempo, talvez muitos posts. Fazer um juízo crítico da atualidade deveria exigir uma atitude de reflexão, de ponderação séria. E tenho visto muito pouco disso. A maior parte das opiniões que tenho visto são tão pouco consistentes e tão pouco ponderadas que me obrigariam a começar a um nível demasiado elementar.
Quero, por isso, cingir-me a um episódio simples, a manifestação que vimos em Lisboa ontem. Portanto, sem comentar as razões dos manifestantes, e aceitando que é normal, e saudável, que as pessoas lutem por aquilo em que acreditam (mas lamentando que não reflitam seriamente sobre isso), quero apenas perguntar: se estou numa manifestação e aparecem pessoas de cara tapada, se estou numa manifestação e uma série de gente começa a usar da violência mais primária e ilegítima, devo continuar lá? O que me assusta no que aconteceu não é o excesso de uma minoria, o que me assusta é a grande maioria que lá permaneceu, assistindo ao que se passava sem tomar a atitude de se retirar. Esperava ver o largo meio vazio, mas não. Milhares de pessoas aceitaram estar presentes. Ter razão implica, por vezes, dizer não. Lutar implica, por vezes, retirar-se, não aceitar ser cúmplice de atitudes condenáveis.
"(...)
Não seria mais simples, nestas circunstâncias,
que o governo dissolvesse o povo
e elegesse outro?"
Brecht
"The best is yet to come"
Obama
Espero que consiga. Para tal, era preciso ganhar as eleições, e isso já está!
Já uma vez celebrei a vitória de Obama:
http://pedrices.blogs.sapo.pt/2722.html
Hoje, espero que se repita.
A Europa que atualmente está a ser tão maltratada. A Europa que é a construção política mais extraordinária desde a democracia grega. A Europa que os cidadãos, por falta de perspetiva histórica, teimam em desprezar. A Europa que foi a única forma de este continente conseguir viver em paz (e não todo, ainda). A Europa que nos une com todas as enriquecedoras diferenças que temos. Essa Europa, aquela que não é só economia, venceu hoje o prémio Nobel da Paz. E, de facto, poucas instituições alguma vez terão feito ou farão tanto por ela.
Parabéns União Europeia e obrigado!
Tenho gostado de ver o alvoroço que os poemas de Gunter Grass têm provocado, pelo menos na Alemanha.
Não que concorde com as suas mensagens, até acho que o último defende a Grécia com argumentos pré-históricos. Mas há qualquer coisa de fantástico ao ver que um poema ainda causa impacto. Que um prémio Nobel ainda faz poesia, e a publica num njornal, como forma de intervenção.
Estou profundamente chocado com este artigo do Vasco Graça Moura, um intelectual prestigiado e que sempre foi capaz de argumentar de forma, no mínimo, decente.
Isto... é reles, ordinário e ofensivo para qualquer democrata.
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