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Mais um livro de uma dupla de quem falei há uns posts.
O que se espera de um livro deste tipo, acho eu, é que nos ensine quais são as obras fundamentais, onde é que elas foram encontradas, o que significam, etc. Mas quando um dos autores do livro é a Mary Beard, talvez as coisas sejam um pouco diferentes. Este Classical Art é um em que encontramos grande parte daquilo que estamos à espera. Estão lá as estátuas que reconhecemos de imediato, os edifícios mais icónicos, as pinturas que esperamos. Sim, isso está lá tudo e com grande qualidade (e quantidade). Mas as grandes obras, e as outras que são menos famosas mas, geralmente, muito bem escolhidas no contexto do que os autores pretendem fazer passar, são o pretexto para falar dos problemas de se fazer uma história da arte. Há o problema da restauração (se deve ser feita, até que ponto deve ser feita, que revela a obra restaurada do seu tempo original, que revela a obra do tempo em que foi restaurada, são só alguns exemplos das questões que podem surgir), há o problema da imitação, do que é um original em arte, do significado que vai sendo dado às obras e que pode ir mudando ao longo do tempo.
O livro começa pela pintura, com grande destaque para o legado de Pompeia, avança depois para a escultura, dedica um capítulo à sexualidade e sensualidade na arte, passa pela construção monumental, ou seja, pela arquitetura como expressão de poder, ilustrando a evolução do classicismo e a sua permanência. É, ainda, um livro profundamente útil como guia de viagem, cheio de esquemas e pormenores sobre como saber mais e, acima de tudo, como visitar as obras apresentadas.
Infelizmente, que eu saiba, não há uma edição portuguesa. Mas devia.
Tive sorte, muita sorte. Já tinha lido um capítulo deste livro ne net, em inglês. No outro dia, encontrei esta edição portuguesa a 2.5€ na Barata da Av. de Roma e lá continuei a leitura.
O livro faz parte da coleção “very short introductions” da Oxford University Press que é muito interessante por nos permitir uma visão rápida sobre um assunto que se pode aprofundar depois. Nesse sentido, este livro é exemplar mesmo que em termos mais “pedagógicos” não seja nada daquilo que se poderia esperar. Ou seja, este é um magnífico ensaio sobre a importância e o valor de estudar a antiguidade clássica. Sai-se dele com vontade de ir imediatamente para a Grécia (pronto, admito que estou cheio de vontade de lá voltar e que mal consigo pensar noutros sítios) e de mergulhar noutras leituras relacionadas com o tema. Mas, por outro lado, não é um texto convencional que nos dê o tal “essencial” sobre a antiguidade. Não nos conta a história da Grécia ou de Roma, nem nada disso. Mas o que conta é tão bom e tão apaixonante que o único reparo a fazer é que deviam chamar-lhe outra coisa.
Já agora, permitam-me também que fale um pouco de Mary Beard, uma vez que ela tem sido uma referência nas minhas incursões pela antiguidade grega e romana. Ouvi falar dela pela primeira vez quando estive em Pompeia. Quando se está num sítio daqueles é inevitável querer saber mais e, se o assunto é Pompeia (ou mesmo a história de Roma em geral), é provável que se chegue a Mary Beard e ao seu livro Pompeia (tem edição portuguesa). É verdade que ainda não o li, o que é imperdoável, claro. Depois, há também a série Meet the Romans, em 3 episódios, que está no youtube e é um delicioso passeio pela Roma de hoje em companhia de uma anfitriã que irritantemente toca em tudo mas que é deliciosamente cativante naquilo que nos conta. Tenho também um livro sobre arte clássica que tenho lido aos bocados e é muito interessante. E agora falta-me o último livro, Confronting the Classics que vou esperar para ver se aparece aí em português. A propósito, fica aqui o link para se saber mais sobre uma mulher que não é convencional, e de quem pode não ser fácil gostar de imediato mas que vale a pena conhecer: http://www.independent.co.uk/arts-entertainment/art/features/mary-beard-interview-i-hadnt-realised-that-there-were-people-like-that-8534771.html
E, finalmente, fica aqui o seu blog: http://timesonline.typepad.com/
P.S. Eu sei que este livro tem 2 autores e que eu só falo da Mary Beard. Mas vou estar atento ao Jonh Henderson que não conhecia até agora.
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