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Durante muito tempo, hesitei na compra do Kindle. O grande motivo foi a parte de sublinhar e escrever notas. Há livros que só interessa “trabalhar” quando podemos escrever neles. Refiro-me mais a livros “técnicos”, aqueles que servem para aprender. Por outro lado, os romances também dão vontade de sublinhar – ou porque alguma frase nos chama a atenção, ou porque há alguma coisa que queremos rever mais tarde.
Por isso, um ereader tinha que me permitir fazer isto. Pensei em optar por outro, que não o Kindle, porque este não tem caneta. Há modelos que permitem escrever à mão.
Agora que tenho o Kindle, já percebi melhor como é que isto funciona. E devo dizer que funciona muito bem.
Um exemplo: tenho muita dificuldade, em alguns livros, em me lembrar dos nomes dos personagens. Isto pode ser frustrante quando se lê Agatha Christie e se chega ao fim sem perceber muito bem quem é o assassino… Bom, fora isso, tenho que, às vezes, andar com um post-it no livro para não me perder. Na versão Kindle é muito mais prático. O Kindle permite sublinhar e inserir notas. Ora, basta-me abrir uma nota, num sítio qualquer do livro mas, por conveniência, para as minhas lista de personagens faço-o no início, e depois, cada vez que aparece uma nova personagem, abro a nota e adiciono-a, com uma pequena descrição de quem é. O que é muito conveniente é que é muito simples aceder às notas. Com dois cliques lá estão elas. Ainda não experimentei mas este ficheiro, que reúne as notas e os sublinhados, pode ser passado para o computador. O que faz com que trabalhar citações ou transcrições seja muito mais prático.
Sublinhar também é muito simples. Basta mover o cursor ao longo do texto que se quer destacar. E fica registado no tal ficheiro, caso se queira ver fora do livro. Se não, basta abrir o livro e consultar o que se sublinhou.
Para além disto, há outra forma de destacar conteúdos, trata-se do bookmark. No fundo é o mesmo que dobrar o canto da follha num livro em papel. Adiciona-se um bookmark e fica desenhada uma dobra naquela folha. Através do tal ficheiro, é possível aceder, de forma rápida e prática, a todas as marcações.
O Kindle é para ler livros, certo. No entanto, tem outra funcionalidade muito interessante – a leitura de jornais e revistas.
O melhor é assinar a revista. Para já, experimentei com a Time. Quando ligo o Kindle, de manhã, se for dia de sair a Time, ela simplesmente aparece automaticamente. Não tenho que ir comprar e paguei 3 dólares por mês pelo serviço (4 revistas).
Qualquer destas assinaturas é gratuita nos primeiros 14 dias. Por isso, agora ando a experimentar várias, para ver qual a que gosto mais.
Também subscrevi um jornal. Aqui a coisa é mais complicada, porque não consigo ter tempo para ler tudo o que o meu Kindle recebe. A ver se no fim-de-semana recupero.
De qualquer forma, há uma ajuda que ele me dá: a funcionalidade text-to-speech, um software que põe o Kindle a ler em voz alta. Assim, posso estar a ler uma revista e entrar no carro, ponho o Kindle a ler e vou a ouvir o resto do artigo. Posso escolher uma voz feminina ou masculina, bem como a velocidade de leitura. Claro que a voz tem o seu quê de artificial, no entanto, parece-me que é das melhores coisas que se conseguiram neste sentido.
Pois é, já tenho o Kindle, já li o meu primeiro livro e, para já, estou encantado.
Em primeiro lugar, o visor é espetacular. Ler no Kindle não é muito diferente de ler em papel. E é isso que faz toda a diferença. Até agora, não se podia pensar num ereader como uma verdadeira alternativa ao livro em papel, assim já o é. Para além de ser confortável, a possibilidade de alterar o tamanho da letra faz com que a ler seja mais fácil. Está menos luz, aumento o tamanho, tão simples quanto isso. Também já experimentei ler ao sol e correu lindamente.
Bom, mas, afinal, para que serve um Kindle? Serve para ler, pois claro. Aqui ficam algumas das vantagens face aos livros em papel:
- posso ler enquanto almoço, por exemplo. Não é difícil pôr o Kindle à frente do prato e ficar a ler; quem tenta fazer isto com os livro, bem sabe como é difícil manter as páginas quietas…
- posso fazer, em qualquer lugar, o mesmo que lá em casa: quando não sei muito bem o que ler percorro vários livros, abro-os ao acaso, vou explorando. Neste momento, tenho mais de 40 livros no Kindle (todos gratuitos) e, por isso, posso ir lendo o que mais me apetecer em cada momento
- vou ler muito mais livros na língua original. Para já, inglês. Como o aparelho vem com um dicionário, é muito mais fácil. Qualquer dúvida, é só levar o cursor até à palavra e aparece a definição, em baixo, sem se sobrepor ao texto
- comprar livros num minuto. Já aconteceu, acabei de ler o Twilight (sim, há anos que não lia um best-seller e este é bem… empolgante) e comprei, ali mesmo, num banco de jardim, o New Moon. Ao fim de uns segundos, estava a lê-lo
- qualquer livro que eu queira, posso ler um pouco primeiro, é só pedir o sample e ele aparece no meu Kindle. Isto também é uma desvantagem, acho que vou gastar muito mais dinheiro em livros…
- o Twilight ficou-me em menos de 8 euros; o New Moon pouco mais que isso. Poupei uns 10€, ou mais (em cada um), em relação à edição portuguesa em papel
- livros grátis. É ir ao Projeto Gutemberg e são aos milhares.
Não obstante, não pretendo deixar de ler livros em papel. Nem percebo porque é que uma coisa implica a outra. Há uma série de detratores dos ereaders que costumam usar argumentos como “não há nada como um livro em papel”. Bom, posso concordar. Mas este argumento está ao mesmo nível que o das pessoas que comem carne, em relação aos vegetarianos: “não há nada como um bom bife”. A questão não é o fim dos livros, é apenas lê-los de uma forma mais prática, conforme aplicável. Por exemplo, não faz sentido ler um livro de história da arte num Kindle. Aí interessa folhear, ver as imagens, etc. O Kindle é fantástico para ler romances, texto corrido. Nisso, é muito mais prático do que um livro em papel. Se não gostarem, continuem a ler em papel. É uma questão de gosto, apenas isso.
Diz-me a Amazon que já vem a caminho...
Dentro de poucos dias vou ter um Kindle!
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