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O que é que se faz numa cidade a que se vai pela terceira vez? Vale sequer a pena lá voltar? Bom, trantando-se de Atenas admito que muita gente dirá que não. Mas para mim há qualquer coisa que me faz sempre querer voltar e, desta vez, a cidade presentou-me com alguns momentos únicos. Onde eu pensava que estava a repetir acabei por ser supreendido com duas experiências que colocaram a cereja no topo do bolo desta viagem.

 

A primeira foi na visita ao Parténon. 

 

É preciso ser sincero e admitir que há algo de penoso em ir a locais tão cheios de turistas. A obsessão pela selfie(sh), quase sempre palhaça, é verdadeiramente insuportável. Por isso, achei que ir lá mais perto do fim do dia podia ser uma boa ideia. E foi, não só porque esta realmente muito mais gente mas porque ainda tive direito ao bónus de ver o ensaio de um concerto no Odéon (não consigo imaginar local mais belo para um concerto, embora agora Epidauro seja um forte concorrente).

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 Para além disso, era hora de os soldados gregos recolherem a bandeira que está lá em cima e cantarem o hino. 

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 Mas surpresa a sério foi quando a luz começou a escassear e as luzes da cidade se começaram a acender. Não há edição das fotos abaixo, elas ficaram mesmo assim, e era assim que estava o Parténon.

 

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No dia seguinte, nova revisitação, desta vez à biblioteca de Adriano e ao fórum romano. Imagine-se que estávamos a entrar nas ruínas e, de repente, uma criança aborda-nos e pergunta “What is progress?”. Confuso, acabei por balbuciar uma resposta. A criança começou a andar ao nosso lado, tentando sintetizar a resposta. Surgiu entretanto um rapaz mais velho e a criança disse-lhes o que nós tínhamos respondido. Foi então que a criança saíu e o jovem se colocou ao nosso lado e foi passeando connosco fazendo comentários sobre a resposta e lançando novas questões, depois veio uma senhora um pouco mais velha e a cena repetiu-se. Fiquei extasiado. No fundo, o que aquelas pessoas estavam a fazer - percebemos depois - era uma espécia de reconstituição daquilo que era o filosofar da antiga Atenas, em que os mestres iam caminhando com os seus discípulos dando assim as aulas. A conversa foi fascinante, com níveis de complexidade crescente, com muitas questões para refletir. Quando acabou percebemos que tínhamos percorrido o fórum sem quase o ver, tão envolvidos ficamos na conversa.

Uma iniciativa brilhante, um dos momentos mais incríveis que tive numa viagem.

 

E esta série de posts termina aqui. Nos últimos dias acelerei para tentar cobrir um pouco de tudo por onde passei. A urgência impôs-se porque me custa fazer nova viagem sem ter terminado esta. Agora que está já posso voltar à Grécia. Mas para não pensarem que não faço outra coisa se não ir à Grécia, este ano, o quarto ano seguido, vou também à Turquia.

 

Vai ser assim: Lesbos - costa da Turquia (Tróia; Pergamo; Efeso; Mileto, Pamukkale, etc) - Samos - Patmos - Ikaria - Atenas

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Até ao meu regresso, com novos posts, desta vez da viagem de 2015.

 

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Depois de cerca de 15 dias de estrada, era tempo de parar e visitar algumas ilhas. As desta viagem são ilhas muito especiais.

Poros - uma ilha minúscula que está tão perto da costa que se passa para lá em 5 minutos. Ainda assim, um local que inspira um passeio descansado e alguns banhos magníficos. Há poucos sítios onde eu tenha estado tão pouco tempo e me tenha sentido tão encantado.

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Spetses - mais uma ilha pequena que se circunda de moto 4 em cerca de 1 hora. Praias fantásticas e a experiência de estar numa ilha onde há quase nenhum carro e poucas motas.

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Hydra - um dos meus sonhos era estar aqui. Hydra é indescritível. Não há carros, não há motas, não há bicicletas! Ali só se anda a pé, de burro ou de barco. Não há nada que eu possa mostrar que explique o que é passar um dia assim (e a pena de não ter mais tempo).

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Quando se está num local onde se pode ver Argos, Micenas ou Epidauro é difícil descobrir ainda mais motivos de interesse. Mas não é verdade.

Acho que nunca tinha ouvido falar de Tyrins que, ainda por cima, é património da UNESCO. Uma notável cidade onde, como em poucas, se consegue perceber a grossura de uma parede.

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 E Argos lá ao fundo, no cimo de um monte, a despertar a vontade de lá ir. Infelizmente, é terrivelmente feia.

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Já Mycenas é ainda melhor do que imaginara. A cidade de Agamemnon e de Clitemenestra tem imenso para explorar, um belíssimo museu e os incríveis túmulos.

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Depois, outra cidade que não conhecia, Nafplion. Desta vez, não se trata de ruínas, trata-se daquela que foi a primeira capital da Grécia moderna. Tem um centro muito bonito com uma atmosfera de ilha grega. É uma espécie de Cascais para os Atenienses que vão muito para lá passar o fim de semana. Tem excelentes locais para nadar e vale bem a pena ficar lá duas ou três noites para explorar a região.

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Como, por exemplo, Nemea que tem ruínas mais interessantes do que se poderia pensar à partida:

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Finalmente, outra surpresa: Epidauro é um sítio fascinante. Estar neste teatro é arrepiante pela famosa acústica (houve uma altura em que algumas pessoas bateram palmas e a forma como o som nos envolve é impressionante) mas há muito mais, é um enorme sítio arqueológico com imenso para ver.

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 Há lugares que têm uma personalidade muito própria. A Grécia é um deles, mas também é um daqueles onde muito do autêntico se rendeu ao “mainstream”. Embora continue a achar que fazer o óbvio é indispensável e altamente compensador, nunca deixei de procurar uma parcela de viagem que se afaste daquilo que está absolutamente “turistificado”. Viajar pelo Peloponeso já foi um pouco essa experiência: a região é visitada por hordas de turistas mas que lá vão em excursões que ficam uma noite ou voltam para Atenas no próprio dia. Andar por lá durante duas semanas não será um percurso típico, mas tem interesse passar por todos esses lugares das excursões. Minimiza-se viajando em adiantado setembro e tenta-se fintar os grupos andando mais depressa ou devagar.

Isto tudo serve para dizer que, de vez em quando, a viagem nos oferece aquilo que pedíamos sem que desconfiássemos. O Mani, que eu já vou explicar o que é, deu a esta viagem uma ponta de isolamento, de desconforto, até. Mas o Mani tornou-se um dos locais da Grécia onde mais me congratulo por já ter estado.

Curiosamente, o Mani começou, pelo nosso itinerário, com uma visita a Kalamata, um dos sítios mais desinteressantes de toda a viagem  e foi-se constituindo como uma excelente introdução ao que viria depois, a muito desejada Esparta, uma cidade que é um vómito, é certo, mas onde não poderia deixar de passar.

O Mani é uma espécie de península no Peloponeso, ou um dos “dedos” na parte sul. A configuração peninsular, e provavelmente a proximidade com Esparta, foram dando à região uma fama de ser terra de gente fechada, com uma natureza mais belicosa e muito pouco dada a regras (nesse particular, não vejo diferença com o resto dos gregos). Se tudo isto é subjetivo, e se as “organizações” de estilo mais tribal que por ali parcem ter proliferado já não são algo que possamos ver hoje em dia, há um elemento muito curioso na arquitetura. As casas são construídas em forma de torres, como se se tratassem de pequenos castelos. Claro que parte daquilo já é uma construção forçada mas, não obstante, ter como caracterísitica de uma região que as cassas sejam como castelos deixa pistas interessantes sobre o como ela é, ou melhor, como deve ter sido.

 

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 Claro que não é de espantar que agora sejam os hóteis que também são construídos como se fossem torres. Fiquei num desses, embora não tivesse percebido nada disso quando o reservei. Foi então que a viagem se encarregou de me compensar, e simultaneamente castigar, por ter resolvido ir ao Mani. No hotel, que era mais uma espécie de quinta com várias torres e cada delas tinha dois apartamentos para os hóspedes, um em cima e outro em baixo, não havia mais ninguém. Na verdade, nem sequer a pessoa que nos recebeu lá ficou. Portanto, de repente, estávamos sós num apartamento numa quinta enorme com um portão aberto, no meio de uma estrada onde não havia mais nada que se vislumbrasse, nem para trás, nem para a frente. A última terra “civilizada” por onde tínhamos passado fora já há uns bons quilómetros e, como era preciso comer, resolvemos sair e ir em frente, talvez fosse mais fácil encontrar qualquer coisa. Não foi fácil, mas encontrámos, sim, em mais um local onde ninguém falava uma palavra de inglês (felizmente o menu estava escrito em inglês), numa espécie de casa particular com café/esplanada/restaurante em baixo. Bom, lá comemos e voltámos, pelo meio do nada, para a nossa quinta sem ninguém. Por um lado, adorei a sensação de isolamento mas, por outro, havia qualquer coisa de inquietante naquela calma solitária. Claro que tudo correu bem e, de manhã, lá estava a senhora a bater-nos à porta com o pequeno-almoço.

Nesse dia, era altura de ir ver aquilo que, no fundo, era a razão de ali estarmos, de o Mani ter valido uma paragem de uma noite no itinerário: as grutas de Diros. 

As grutas de Diros são uma experiência especial. Primeiro pela razão óbvia, fazem-se de barco, o que é, de facto, inesperado, pelo menos naquilo que eu sempre pude ver de grutas. Cumpro escrupulosamente as regras sobre a proibição de fotografar nos locais, desta vez, só desta vez, fi-lo apesar de ser proibido. Porque estar aqui a descrever a sensação de andar de barco numa gruta e ter que baixar a cabça constantemente para não bater no teto, não poderia ser a mesma coisa.

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Deixando as grutas foi hora de rumar para o outro lado da península do Mani, com Gythio como destino. Esta é uma terra encantadora, sem nada de especial mas com excelente comida e muita praia ali por perto para dar uns mergulhos ao fim do dia. Ficará para a história uma sopa de peixe que não resisiti a provar. Comer sopa na Grécia (e noutro páises da Europa, diga-se) não é propriamente um hábito barato, mas tenho comido uma sopa de peixe em cada viagem/ano e esta foi uma das experiências gastronómicas mais estranhas que já tive. Estão a ver a nossa sopa de peixe? Aquela com imenso tomate e que sabe imenso precisamente a tomate? Então agora imaginem isso mas em versão limão. A sopa de peixe sabia incrivelmente a limão e, ainda hoje, não sei se gostei ou não, mas adorei experimentar e era capaz de o fazer de novo.

Deixar o Mani para trás custou. A sensação de que estivemos completamente fora dos circuitos turísticos foi impressionante e muito bem-vinda. Mas havia mais.

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 Quanto mais leio sobre Esparta mais fascinado fico. Não é só de um ponto de vista positivo, é certo, porque quanto mais se explora Esparta mais se percebe o muito que eles tinham de horrível. Não obstante, a cidade era um dos sítios que eu estava mais curioso para ver, mesmo que todos os guias e sites me avisassem de que nada lá haveria que valesse a pena. O pior é que é verdade. As ruínas da antiga Esparta são mínimas, difíceis de interpretar e, basicamente, sem interesse nenhum. Vale o sítio, estar lá, perceber que foi ali. Mas há um problema, é que a nova Esparta está ali mesmo à frente e é tão profundamente desagradável que incomoda. A cidade moderna é bastante recente. Depois de ter sido completamente abandonada, foi depois da guerra da independência que a Grécia refundou Esparta, uma tentativa de reerguer o passado numa espécie de delírio nacionalista, bastante compreensível, até, depois de centenas de anos de domínio otomano. O problema foi que, apesar do planeamento até parecer ter sido rigoroso: planta ortogonal pura e exemplar, a cidade é repulsiva. Desde o ambiente às pessoas há muito pouco que se leva de positivo.

Ponto alto: ver a estátua do rei Leónidas que, ainda por cima, também desilude pelo tamanho e, claro, não é propriamente uma obra-prima.

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 Já o Museu arqueológico vale bastante a pena:

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Convém agora explicar, em minha defesa, que eu não arrisquei assim tanto indo a Esparta. É que, ali mesmo ao lado, há um lugar imperdível e aposto que 99% de quem passa por aqueles lados é para ir a Mystras.

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Trata-se de um conjunto  notável de edifícios bizantinos: igrejas, bibliotecas, castelos e palácios numa magnífica localização. Podia-se passar lá mais de um dia, parecendo que nunca mais acaba.

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 Finalmente, a terminar a exploração do sul do Peloponeso, uma última pérola: Monemvasia. Foi um enorme desvio no itinerário que hesitei muito em fazer, mas teimei em lá ir e foi dos sítios mais encantadores. No fundo, trata-se de um rochedo, algo muito como Gibraltar. Mas de terra só se vê mesmo a rocha, quase não se adivinha que ainda há mais:

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Para mostrar, tive que tirar fotografias a postais. Assim, acho que já se percebe que do outro lado da rocha há uma vila.

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Magnícamente emoldurada pelo mar e pela sensação de que estamos num local tão isolado como especial.

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Quem viaja corre sempre o risco de conhecer gente interessante. E mesmo quando a conversa é breve pode ser valiosa. Foi o que aconteceu em Kalavryta quando, ao jantar, o casal holandês da mesa do lado meteu conversa. Também não era a primeira vez que estavam na Grécia, estavam quase de partida, e contaram-nos as suas voltas. Foi aí que, pela primeira vez, ouvi falar das cascatas de Polylimnio. Depois de ver as fotos, não havia como não ir lá. Ainda por cima, não ficava muito longe de Messini, o destino do dia seguinte.

Se eles não tivessem falado deste sítio, acho que nunca o descobriria. E é um magnífico passeio no meio da floresta, onde se vão encontrando lagos e cascatas com uma cor estonteante e uma água tão gelada que não dá para acreditar. Mas o passeio foi inesquecível.

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Depois do sucesso do texto anterior, passo novamente a palavra ao Ricardo para nos falar sobre Messini, um dos locais que mais nos supreendeu.

 

Messini 

 

“À volta de Messini há uma muralha, toda em pedra, com torres e ameias. Nunca vi as muralhas de Babilónia, nem as de Memnon, em Susa, na Pérsia, nem alguma vez encontrei quem as tivesse visto; mas as muralhas em Ambrossos, na Fócia, em Bizâncio e em Rhodes, todas das mais bem fortificadas, não são tão fortes como a muralha de Messini”.

[Pausânias, Descrição da Grécia, 4.31.5]

 

Pausânias, geógrafo e viajante grego que viveu no período áureo do império romano, e a quem se deve aquele que é considerado o mais antigo guia de viagem sobre a Grécia, começa assim o relato da visita que fez a Messini (que também toma o nome de Messene nos mapas e guias em inglês), num tempo em que a cidade já era velha, pois que contava seis séculos.

Fundada em 371 a.c. pelo general tebano Epaminondas depois de derrotar Esparta na Batalha de Leuctra,  Messini nasce para ser, juntamente com Megalopolis, Mantineia e Argos, um bastião de defesa contra uma Esparta derrotada mas perigosamente próxima, e sequiosa de reconquistar um território que lhe pertencera nos 350 anos anteriores.  Ao tempo de Pausânias, no século II, a paz imperava, e Messini continuava próspera. Pausânias fala sobretudo dos templos e das numerosas estátuas  - com destaque para as de Damophon, um dos melhores escultores do período helénico, e do qual duas obras podem ainda ser vistas no pequeno museu perto da entrada do complexo arqueológico - que encontrou, e de como, falando com os habitantes, estes lhe revelaram muitas informações sobre elas. A cidade, que consta ter tido mais importância em termos económico-administrativos que culturais, continuaria a crescer e a manter-se por longos anos, até mesmo depois da queda de Roma. O seu declínio começaria apenas por volta do séc. VII, e, ainda assim, seria um declínio gracioso, visto que, ao contrário de outras grandes cidades da antiguidade, em vez de se limitar a ser engolida pela terra e pela vegetação até ser só um mito celebrado por poetas (pense-se em Tróia e Micenas, antes de Schliemann), o lugar, lindíssimo e extremamente fértil, onde foi edificada nunca chegaria a ser completamente abandonado, antes dando lugar a novas povoações. No século XIX, uma equipa de arqueólogos francesa deu então início à redescoberta da cidade (obrigando à relocalização de parte da vila de Mavromati, que havia sido construída no mesmo local), e as escavações e restauros continuam até hoje; no próprio dia em que a visitámos (era uma terça-feira), pudemos observar um grupo de arqueólogos e de máquinas em acção perto da Ágora, ao fundo do teatro maior, onde, por momentos, uma névoa sobre a planície nos parecia fazer crer estarmos noutra Delfos.

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É, de facto, das mais belas e bem preservadas cidades da Grécia antiga. Se algum dia forem ao Peloponeso, lembrem-se de Messini, no sopé do monte Ithomi. E depois das muralhas de Pausânias, procurem o estádio.

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Nota prévia: pode parecer absurdo ainda andar a contar a viagem do ano passado quase um ano depois. Mas dá-me imenso gozo revivê-la, e reviver é também uma forma de preparar a próxima...

 

Encontrei Pylos a ler um livro de história da Grécia. Uma fotografia de página inteira que mostrava uma baía espetacular. Larguei o livro e fui para a net para perceber onde era. Não podia calhar melhor. Afinal, andava eu a ler para preparar a viagem ao Peloponeso e Pylos era precisamente lá. Para quem nunca ouviu falar, talvez não seja má ideia referir o outro nome da baía: Navarino, o nome da famosa batalha foi fundamental na história da guerra pela independência da Grécia.

O que mais me impressionou ao ir lá foi perceber o quão pouco turística a região é. Quer dizer, para padrões gregos, claro. A baía é espetacular, com praias maravilhosas, com sítios fascinantes para visitar e, no entanto, tem muito menos turismo do que a maior parte dos locais que já visitei. No entanto, diria que, em termos de beleza, Santorini não é assim tão superior. Problema: não tenho uma foto que lhe faça justiça. É impossível, estando lá, conseguir estar num local suficientemente alto para abarcar a paisagem. Por isso, aqui fica o pouco que consegui:

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 E esta é uma das mais fantásticas praias onde já estive, mesmo ao lado da baía de Navarino (a foto não é minha).

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Na região há muito que ver, nomeadamente o palácio de Nestor que estava fechado para recuperação, o que me obriga a ter que lá voltar qualquer dia... Há por ali castelos e muitos vestígios da civilização micénica, nomeadamente os Tholos que eram os túmulos usados na altura. Vai-se na estrada e lá se encontra mais um.

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Olímpia é outro dos destinos essenciais da Grécia e, claro, um dos pontos mais desejados da viagem. Por causa do tempo e das voltas que foi preciso dar para ver Bassae, Olímpia foi vista em dois momentos: um dia, à noite, quase a fechar, foi para ver o museu, e o dia seguinte foi para voltar e ver o sítio.

Primeira conclusão: é impressionante e frustrante. Depois de ver um templo quase todo em pé e de, em muitos outros locais, ter visto a forma como se vai tentando reconstruir ou, pelo menos, dar uma ideia de como as coisas eram, nomeadamente colocando as colunas em pé, é estranho ver a opção em Olímpia, onde pouco está em pé e onde o templo de Zeus, o maior templo da antiguidade é um conjunto de pedras pelo chão.

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Claro que isto é também um confronto bastante interessante sobre as opções que se podem fazer em matéria de arqueologia e de conservação do património. Nada como ver ao vivo quase todas as experiências, sim, porque na Grécia fica-se com a sensação de que tudo já foi tentado. E se há reconstruções muito duvidosas, também há magníficos trabalhos de restauro e, noutros casos, um simples abandono que pode ser tão significativo como um grande trabalho de restauro. Considerações à parte, o que chateia em Olímpia é que, pela primeira vez na Grécia, o sítio é grande, enorme, mas plano. Normalmente, a paisagem é parte do deslumbramento. Aqui não há disso, há um passeio pelas ruínas que, sem deixarem de ser fascinantes, não me parecem as mais sedutoras da Grécia, depois de tudo o que já vi.

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Achar menos interessante não significa, porém, que não seja uma visita indispensável. Se fosse preciso mais, haveria sempre o museu, magnífico e imperdível.

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 E, claro, o estádio dos jogos olímpicos, o original.

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Não sabia muito bem quando lá iria. Não sabia bem como ir. Mas sabia que tinha que ir. Este era, talvez, o ponto alto da viagem.

Ouvi falar, pela primeira vez, de Bassae quando li o livro de Mary Beard e eu sabia que quando fosse ao Peloponeso não podia deixar escapar a oportunidade. E porquê este interesse? Primeiro, porque tem a reputação de ser um dos mais belos templos da antiguidade, numa das mais impressionantes localizações. No entanto, há um pequeno pormenor... é que... e peço que continuem a ler mesmo que pareça que enlouqueci, o templo está embrulhado numa tenda.

Sim, o magnífico templo de Bassae (ou Vassaes, que isto de trocar de alfabetos não é ciência fácil) estava de tal forma em perigo de colapsar - porque a chuva tornava o solo instável - que as autoridades resolveram embrulhá-lo numa enorme tenda protetora. Não pensem que é de os gregos serem loucos, este é um monumento da lista de Património da Humanidade da Unesco. Bom, mas adiante, a coisa foi feita nos anos 80, como provisória, claro está, e... bom, por enquanto, está na mesma.

Mas vejamos então, só dizendo antes que foi difícil, muito difícil lá chegar. Estradas terríveis e horas de viagem sob um sol fortíssimo. E mesmo sabendo ao que ia, não pude deixar de ficar espantado com a tenda. 

 

 Ao entrar, desculpem-me os menos sensíveis, apetece chorar. Este templo é o exemplo perfeito daquilo que era a harmonia, à escala humana, de um templo grego. Não há nada numa foto que possa mostrar o que senti, nem sequer o que é ver estas colunas com os nossos olhos. Apeteceu-me ir a correr abraçar alguém por ter tido essa ideia louca de pôr ali uma tenda que talvez seja a razão pela qual, naquele dia, eu pude ver aquele templo. 

 

 

 Não vale a pena perguntar se é comparável ao Parténon. Há o Parténon e há Bassae, tal como há o céu e há o mar. Não interessa comparar, nem escolher, interessa apenas celebrar a oportunidade de já ter visto os dois.

 

Quanto ao sítio, é espantoso. Fica num alto com uma enorme vista que, infelizmente, as nuvens não me deixaram perceber. Mas um templo de Apolo, na Grécia, é sempre garantia de um grande lugar.

Custou sair de lá, mas ficou marcada a visita para o dia em que desembrulhem este presente da humanidade. Espero poder lá estar para poder voltar a vê-lo assim:

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A ideia era conhecer o desfiladeiro de Lousios mas sem ter uma ideia muito definida do que se poderia fazer por lá. Há vários percursos a pé e vários mosteiros que ficam na zona. Por isso, depois do simpático aconselhamento no hotel, o Mosteiro de Prodomou, um dos mais famosos do Peloponeso, tornou-se a primeira paragem do dia.

Depois de andar durante algum tempo pelo belíssimo desfiladeiro

nada nos prepara para, de repente, aparecer um mosteiro num sítio impossível. Mas ele lá estava.

 Embora eu compreenda se ninguém acreditar que ele se aguenta sem cair, que é de madeira, e que é habitado.

Havia, primeiro que vestir de forma própria para a ocasião. Apesar de já estar tudo muito escolhido ainda consegui arranjar umas calcinhas mesmo feitas para mim. Ah pois, que isso de calções não é próprio... 

Para além de a indumentária não me ficar assim tão mal, a verdade é que valeu bem a pena ir lá dentro. Os monges recebem-nos com doces e cafés (café grego, é certo, o que não se pode dizer que seja uma coisa boa) à disposição e ainda se consegue ver um pouco da belíssima igreja lá dentro, ao mesmo tempo que nos permite tirar umas fotos ainda mais fantásticas da singularidade do lugar.

Hora de voltar aos calções (não me deixaram ficar com as calças...) e partir, atravessando o vale em busca de mais um mosteiro, este a umas 2 horas de distância, a pé, claro. 

Foi preciso descer todo o vale, atravessar o rio Lousios (que dá o nome ao sítio) e começar a subir a outra encosta. Este mosteiro chama-se New Philosophou e é, tal como o nome indica, bastante mais novo. O mais interessante é a belíssima igreja lá dentro.

 

 É legítimo pensar que se este se chama New Philosophou é porque havia um Old. E ainda há. Completamente abandonado, e não muito longe, encontra-se este mosteiro que é fascinante pela localização, mais uma vez. Pode-se entrar livremente e de forma que não parece lá muito segura. O que só lhe dá um encanto ainda mais especial. A verdade é que um outro grupo de visitantes tinha voltado para trás por achar que o caminho estava cortado. Tinha havido, pelo que parecia, uma derrocada mas dava para passar por cima das pedras e, assim conseguimos o mosteiro estava completamente vazio de visitantes.

 

 

 

 

Ainda há mais mosteiros na região, mas para os visitar seria necessário mais tempo. Para além disso, este era o dia de visitar um dos locais que eu mais ansiava por conhecer nesta viagem. Matéria para o próximo post, portanto.

 

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