Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Este livro é, em grande parte, uma coleção de pérolas.
E. M. Forster - um dos autores da minha adolescência. Fico sempre com a impressão de que ele era mais querido do que capaz. Que era mais culto do que os seus livros mostram. Mas numa entrevista aparece a pessoa, o intelectual, e eu volto a ter saudades de o ler.
Graham Greene - pronto, tá bem… Parece-me um escritor menor no contexto deste livro. Parece-me também uma entrevista mais “técnica”. Nada que fique, mas nada que ofenda. Nunca li.
William Faulkner - talvez um dos escritores mais geniais do século XX. E nota-se que é qualquer coisa.
Truman Capote - Capote é Capote. Como pessoa é um bocado irritante, mas isso dá uma corzinha à entrevista…
Ernest Hemingway - não sabia que uma entrevista com ele pudesse ser tão interessante. Nunca tive grande simpatia pela pessoa, nem a escrita me convenceu ainda. Mas depois disto fiquei cheio de vontade de lhe dar mais uma ou duas oportunidades.
Lawrence Durrell - é o que menos conhecia e pareceu-me relativamente interessante. Poucos dias depois, nem de propósito, saíu uma nova edição do Quarteto de Alexandria. Talvez um dia…
Boris Pasternak - esta é mais a história de uma entrevista do que a entrevista propriamente dita. Mas é um dos momentos altos do livro.
Saul Bellow - Eu tenho mesmo que ler com urgência. Pareceu-me um dos entrevistados mais interessante em termos intelectuais.
Jorge Luis Borges - Claro que Borges é sempre uma figura incontornável. Tem um peso incrível. E sente-se isso.
Jack Kerouac - Achei uma nulidade. Vulgar e fútil. Mas o problema deve ser meu, que sou a única pessoa que conheço que não consegue ler o Pela Estrada Fora, apesar de já ter tentado mais que uma vez.
"O talento essencial para um bom escritor é ter implantado em si próprio um detetor de merda à prova de choque. É esse o radar do escritor e todos os grandes escritores o tinham"
Hemingway in Entrevistas da Paris Review
Em Junho de 2009, neste mesmo blog, escrevia eu que tinha que ler mais Hemingway. Tinha lido o Adeus às Armas numa tradução que detestei. Só agora, passado todo este tempo, voltei a lê-lo. Desta vez, não tenho reparos a fazer à tradução, mas continuo pouco convencido em relação ao escritor.
É claro que este é um livro que vale bem a pena ler. Gostava era que, sendo ele como é, tivesse menos umas 200 páginas, creio que não se perdia nada. E ganhava-se muito.
Há aqui dois planos a considerar: a história de amor que vai ocorrendo ao longo do livro, a qual, apesar de um ou outro momento a fugir para o pindérico, tem o seu quê de romance empolgante e enternecedor.
Mas não foi por isso que eu me pus a ler este livro, a ideia era chegar à guerra civil espanhola, assim como no Adeus às Armas o que eu queria era a Grande Guerra. Bom, de facto, os livros de Hemingway são extremamente eficazes em colocar-nos “lá”. Passamos uns dias com os guerilheiros nas montanhas. Pena que eles sejam tão pouco interessantes como pessoas. De qualquer forma, vão contando coisas sobre a guerra, vão-nos fazendo mergulhar no conflito, com uma perspetiva bem de dentro, talvez demasiado. Apetecia-me saber mais sobre os contextos, sobre as razões que levaram ao conflito. Mas o livro não é sobre isso, paciência (as tais 200 páginas a mais podiam ser…). Como não tenho nada que querer mudar as intenções do autor, suponho que não me posso queixar muito. Continuo à espera de encontrar um Hemngway que me convença, no qual eu sinta um grande escritor, não apenas “jornalista” a descrever a ação. Pode ser que encontre, ou pode ser que não lhe volte a pegar. Não saio desta leitura com a sensação de tempo perdido, mas também não ganhei assim tanto, e da guerra civil espanhola, apenas fiquei a conhecer melhor algumas atrocidades.
Já agora, as considerações sobre os espanhóis são tão interessantes quanto absurdas. E isso é polémica que até traz um certo picante à obra.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.