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(Juro que é verdade: muitas vezes, durante as primeiras 200 páginas, dei por mim a pensar que este livro, que é de história, estava incrivelmente bem escrito. Até que cheguei à parte em que se fala de Atenas e do Pártenon. Fiquei tão encantado com a prosa que fui à procura de quem seria o tradutor. O pior é que eu sabia perfeitamente mas… tinha-me esquecido. Pois, é José Saramago. Portanto, como se vê, a minha obsessão com ele é mesmo uma coisa genuína...)

 

Sobre o livro propriamente dito, é difícil ter palavras para um monumento destes. É fantástico como introdução, é notável como análise aprofundada. E, ainda por cima, está cheio de elementos que fazem pensar. Poque não é um livro que se limita a descrever. Tem opiniões, faz pensar, chega a irritar, destrói ideias feitas e traz outras. Por exemplo, a sociedade grega como uma sociedade esclavagista é algo que, muitas vezes, é relagado para segundo plano. Bonnard dá a esse facto não só o destaque que ele merece como analisa as suas consequências. E não deixa de nos obrigar a olhar para Platão ou Aristóteles como defensores da escravatura...

É um trabalho colossal, com momentos desequilibrados mas intensamente interessante. Os capítulos podem ser lidos de forma isolada e acho que serão tão compensadores como lendo o livro na íntegra (e são umas 750 páginas...).

Tenho a sensação de que me aproximei muito mais da Grécia como ela era do que em qualquer outro livro. Mas, ao mesmo tempo, é curioso como esta não é uma história propriamente narrativa e cronológica (embora também o seja). Aqui faz-se uma viagem pelas realizações, descobertas e experiências da Grécia antiga. Cada capítulo aborda uma experiência. E do ponto de vista do leitor parece que se está a contactar com a origem de muita coisa que hoje se (re)conhece. Um dos aspetos em que Bonnard é mais brilhante á na análise da literatura grega (que é tão mais que apenas literatura!). Não se pode passar por aqui sem querer ir lera a Ilíada ou as tragédias de Ésquilo e Sófocles. Aliás, tenho que reler a Antígona, tenho que ler a Oristeia, tenho que experimentar Eurípedes, tenho que ver as Odes de Píndaro, tenho que ler uns poemas de Safo, espreitar Os Argonautas, reler diálogos de Sócrates e A República de Platão. Tenho que finalmente dar uma olhadela em Aristóteles...

Tenho tanto para fazer depois deste livro que… o melhor é mesmo ir à Grécia. Ainda bem que foi esse o destino que escolhi este ano. Ainda bem que li este livro antes de ir!

 

Pena que ainda falte quase um mês...

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