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Há uma coisa de que gostei muito neste livro - o título. De resto, deixem-me começar por dizer que também gostei muito do segundo livro de Rui Cardoso Martins até escrevi aqui, na altura, "palpita-me que a literatura portuguesa ganhou um autor de peso". Esse segundo livro chama-se Deixem Passar o Homem Invisível. Bom, mas não é sobre esse que agora escrevo.
Se Eu Gostasse Muito de Morrer está cheio de tentativas. Quer ter estilo, quer ser polémico aqui e ali, quer ser interventivo (denunciando um massacre em África perpetrado por portugueses), quer ser reflexivo. Quer muita coisa. Mas, na minha opinião, consegue muito pouco daquilo a que se propõe. O principal problema é ser tão óbvio na procura de efeitos que acaba por ser mais o projeto de um livro do que um livro propriamente dito. O problema começa com um narrador que até parece interessante por falar consigo próprio e alternar diálogos e intervenções de outros no seu discurso. Mas é inconsistente. Tão depressa parece simplório como, de repente, se atira a discursos sobre o niilismo num diálogo com um padre que é tão inverosímil como deslocado naquele momento do livro. Porém, é precisamente aí que o texto começa a enveredar por um campo diferente que o torna relevante como até aí não o fora.Mas, mais uma vez, perde-se. Há uma sequência sobre suicídios e os seus tipos que parece uma colagem de textos retirados da internet. Pode até ser essa a intenção, mas empobrece o texto de forma irremediável. Pior, só mesmo a citação de clássicos como Crime e Castigo, revelando o enredo de forma descarada e desnecessária.
Saíu há pouco tempo um novo livro. Não sei se o lerei. Se tivesse começado por este, nunca teria lido o segundo que é tão bom... Por isso, fico num dilema.
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