Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Se me perguntarem sobre o que é este livro, terei dificuldade em dizer mais do que “ah e tal é sobre um tal de Zenão que anda de um lado pro outro e é uma espécie de médico-filósofo-alquimista…”. Pois, a verdade é que a história, em parte, me passou ao lado. Porém, ao contrário do que se possa pensar, não foi por não gostar. Este livro é, de muitas maneiras, um livro perfeito. A escrita é absolutamente extraordinária, pelo que o efeito estético das frases, às vezes, nos distrai completamente do seu significado. Dei por mim a reler frases só pelo prazer de ver as voltas que elas davam, apercebendo-me depois que nem sequer tinha ainda percebido o significado.
Mas isto é problema meu, que me distraí. Porque o livro tem uma história e ela vale bem a pena. Não fosse a erudição da escrita e até podia ser uma espécie de thriller histórico. Passamos pelo medo da inquisição, dos costumes bárbaros, da insegurança física e psicológica: mas também vemos o despontar do interesse pela ciência, da redescoberta religiosa e da resistência ao movimento reformista. Yourcenar faz uma trabalho notável de linguagem (e a tradução reflete um cuidado invulgar) e parece que estamos a ler um livro escrito na altura dos acontecimentos, ou seja, no século XVI.
Zenão, o personagem que acompanhamos nesta obra, é um homem que se atreve a pensar livremente. Pode parecer fácil, tem-se tornado mais fácil, mas não o era seguramente quando os primeiros homens se atreveram a fazê-lo. Zenão foi um deles e, neste livro, serve-nos de ponto de referência para vários outros, os reais.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.