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Sempre tive uma relação difícil com este livro, e tenho pena que não houvesse blogs quando o li pela primeira vez (e eu nunca tive muita queda para os diários). Se os houvesse talvez eu tivesse contado que iniciara a leitura do Memorial e que desisitira. Mais tarde, haveria outra entrada a dizer o mesmo, e depois mais outra. Mesmo com os autores preferidos se pode ter problemas e eu tive muita dificuldade em ler este, talvez o mais famoso.
Desta vez, na minha releitura anual de Saramago, não foi diferente. Tive dificuldade em avançar, e algum desinteresse. Não há defeito nenhum no livro que leve a isto, é apenas uma coisa minha. O interesse pela época histórica e pelos personagens nunca descola, embora Baltazar e Blimunda sejam inesquecíveis e maravilhosos.
Mas depois há aqueles dois últimos capítulos... Não sei bem como explicar, é como se o livro começasse de novo, ou então chegasse onde era esperado. Pura beleza, vou só dizer isto, por favor, não leiam se não conhecem a história, mas Baltazar desparece, por acidente, levanta voo na passarola e nós ficamos sem saber o que acontece. O pior é que também fica Blimunda assim mas ela, por estar dentro do livro, pode partir em busca dele e construir das mais belas páginas da literatura saramaguiana. Durante nove anos Blimunda procura Baltazar, durante algumas dezenas de páginas o mundo para e o leitor é absorvido pelo papel e não pode ficar fora do livro. Quando acaba, também se parte algo dentro de nós.
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