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Lembro-me de ter estado na Culturgest, na apresentação do Caim, quando Saramago contou que estava a escrever outro livro. Foi um momento emocionante, percebeu-se que muita gente ficou verdadeiramente em pulgas. E ele lá foi dizendo, devagar, com aquelas palavras sempre tão precisas, qual era o esquema geral da obra. Contou a história da bomba que não rebentou, falou da questão da greve numa fábrica de armamento. E eu fiquei ansioso, até todos o termos perdido, meses depois, quando a morte não o deixou escrever mais.
E agora que li este Alabardas, que se pode dizer de um livro inacabado, de umas tão poucas páginas? São apenas três capítulos de um livro que nascia com a lógica de um Todos os Nomes, de um livro que se percebe iria lançar perguntas tão acutilantes como as que Saramago tantas vezes lançou sem que, desta vez, possamos ver as respostas que ele lhes deu. Para ajudar um pouco, há os também escassos comentários do próprio autor à obra que ia nascendo, os quais ecoam na minha memória como sendo bastante parecidos com o que ouvi na tal sessão da Culturgest.
A edição ainda coloca lá mais uns textos, de outras pessoas, mas esses passaram-me ao lado; desculpem lá, mas só me apetecia Saramago.
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