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Este é o dia de recordar Saramago, 4 anos que passaram após a sua morte.
E como aqui, anualmente, recordar é reler, aproveito o pretexto do filme estar aí a chegar para voltar a O Homem Duplicado.
Ão ão!
Que é como quem diz: muito obrigado a todos pela força que deram ao meu dono e pelas palavras que eu vi que o ajudaram muito.
Estes últimos dias foram muito bonitos: voltei a ver a G e o M que me trouxeram uma pedra do Pico, a ilha que me deu o nome, para eu levar comigo. Depois vieram o B e o A, o A, o F; o P e a P fizeram-me um jantar com arroz de cenoura (e quem me conheceu sabe como eu era louco por cenouras!).
Houve muita gente que deixou aqui e noutros sítios palavras muito simpáticas sobre mim, mesmo pessoas que nunca me conheceram. Quem estava longe e não pôde vir ver-me, como a S, o J e a X, a R, ligaram sempre a perguntar por mim. A L até veio cá duas vezes e também me deixou um presente. A S esteve ao meu lado até ao fim, como sempre, ela que foi o meu anjo da guarda sempre que o meu dono precisou. Claro que os donos maiores e o R estiveram sempre presentes, eles que tanto me ajudaram a aguentar estes últimos anos tão difíceis.
Agora, já parti, o meu dono trouxe-me para um sítio de que eu gosto muito e hoje, vou à procura da Ilha, a gatinha que o meu dono trouxe para casa há uns anos e que, infelizmente, só esteve um ano connosco. Vou procurá-la e vou voltar a brincar com ela.
Também vou reencontrar a E e a M pessoas de quem gosto muito e de quem nunca me pude despedir (a E há de ter um osso guardado para mim, e a M vai, de certeza, dar-me comida por baixo da mesa).
Estou bem e sinto-me melhor porque já não tenho dores, só mesmo as das saudades.
Pico
Nem sempre os nossos amigos ficam connosco até ao fim. Isto porque, apesar de o Pico aqui estar, há algum tempo que o cérebro dele tem vindo a degradar-se e alguns sinais de senilidade são agora evidentes. Por isso, imagens como esta são irrepetíveis. Mas algo pior está a aparecer e, por isso, chegou a hora de tomar a decisão.
Espero ter-lhe dado uma vida digna e feliz; agora, tenho a obrigação de fazer ainda mais: deixá-lo descansar e lembrá-lo enquanto for capaz.
Dentro de dias, passará a ser uma das mais belas recordações da minha vida, mas viverei também um dos momentos mais terríveis.
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