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Este livro é, em grande parte, uma coleção de pérolas.

 

E. M. Forster - um dos autores da minha adolescência. Fico sempre com a impressão de que ele era mais querido do que capaz. Que era mais culto do que os seus livros mostram. Mas numa entrevista aparece a pessoa, o intelectual, e eu volto a ter saudades de o ler.

 

Graham Greene - pronto, tá bem… Parece-me um escritor menor no contexto deste livro. Parece-me também uma entrevista mais “técnica”. Nada que fique, mas nada que ofenda. Nunca li.

 

William Faulkner - talvez um dos escritores mais geniais do século XX. E nota-se que é qualquer coisa.

 

Truman Capote - Capote é Capote. Como pessoa é um bocado irritante, mas isso dá uma corzinha à entrevista…

 

Ernest Hemingway - não sabia que uma entrevista com ele pudesse ser tão interessante. Nunca tive grande simpatia pela pessoa, nem a escrita me convenceu ainda. Mas depois disto fiquei cheio de vontade de lhe dar mais uma ou duas oportunidades.

 

Lawrence Durrell - é o que menos conhecia e pareceu-me relativamente interessante. Poucos dias depois, nem de propósito, saíu uma nova edição do Quarteto de Alexandria. Talvez um dia…

 

Boris Pasternak - esta é mais a história de uma entrevista do que a entrevista propriamente dita. Mas é um dos momentos altos do livro.

 

Saul Bellow - Eu tenho mesmo que ler com urgência. Pareceu-me um dos entrevistados mais interessante em termos intelectuais.

 

Jorge Luis Borges - Claro que Borges é sempre uma figura incontornável. Tem um peso incrível. E sente-se isso.

 

Jack Kerouac - Achei uma nulidade. Vulgar e fútil. Mas o problema deve ser meu, que sou a única pessoa que conheço que não consegue ler o Pela Estrada Fora, apesar de já ter tentado mais que uma vez.

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Uma vez que o meu itinerário contemplava as ilhas mais famosas - Santorini e Mykonos - e isso não parava de me fazer comichão (bolas, e Milos?), lá consegui meter Naxos no meio. Uma pequena paragem de 24 horas que serviu para confirmar que mesmo fora dos grandes circuitos turísticos gregos há muito para ver.

A chegada a Chora, em Naxos, implica passar pelo Templo de Apolo.

 

Cheguei quase ao pôr do sol e lá estavam as pessoas todas preparadas para ver e tirar fotos.

Esta é particularmente irresistível, o sol a passar no meio… bom, é um templo a Apolo, por isso, faz sentido. E é, de facto, lindo de ver.

 

Dei um pequeno passeio à noite nas ruas de Chora, que até tem um Castelo.

Jantei na praia, quase dentro de água.

 

E, no dia seguinte, fui logo de manhã dar uma volta pela ilha. Naxos é a maior das cíclades e, pelo que percebi, já foi bastante poderosa, especialmente por possuir grandes reservas de mármore. E esse mármore serviu para construir monumentos fantásticos que fomos encontrando no resto da viagem. 

Os Kouros são bastante especiais. Não tanto pelas estátuas em si (impressionam pelo tamanho) mas sim pelo que tem que se andar para lá chegar.

Os trajetos são a pé e são bastante bonitos - Ao contrário das outras ilhas que visitei, Naxos é bastante verde e com muitas árvores.

 

Depois fui ver o Templo de Démeter. Este tem a particularidade de ter sido restaurado. Claro que olhando para as imagens parece que pouco resta:

 

Mas está tudo muito bem explicado e dá para perceber o que foi reconstruído e o que é orgininal. Nunca como aqui eu percebi tão bem como é que um edifício foi sendo utilizado ao longo dos séculos - como templo e como igreja. Há ainda um pequeno museu onde estão as peças originais. Muito pequeno mas excelentemente organizado.

Depois destas visitas, a praia. Naxos tem das mais belas praias das Cíclades. Fomo ver se era verdade.

Parece que sim:

 

O pior de Naxos foi ter lá estado tão pouco tempo.

A seguir, Mykonos…

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Nada fácil ler este livro que nos confronta com as nossas incapacidades, ou melhor, as nossas características em termos de raciocínio. Kahnem tem estudado a forma como raciocinamos e desenvolvido um intenso trabalho sobre o assunto. O seu ângulo de análise é a psicologia mas com aplicação no campo económico (ganhou o prémio Nobel pelo seu contributo para a economia comportamental). Por isso, consegue demonstrar as nossas falhas de raciocínio através de grandes exemplos, estudos, comparações, etc. Como o próprio confessa, não se fica menos imune aos “vícios” do nosso cérebro, mas pode-se ficar mais atento a eles.

Um dos aspetos mais interessantes é a forma convincente como Kahneman desmonta a tese (uma das bases de muitas teorias económicas) de que somos sempre racionais. É claro que há muitos economistas que já o fizeram. No entanto, a abordagem de Kahneman é a de um psicólogo que investiga a questão a fundo e com estudos sérios. Não é apenas argumentação. O que se passa é que estamos constantemente a pensar de forma errada. Isto não só é normal como é inevitável, tem a ver com a forma como o nosso cérebro funciona. Os exemplos de Kahneman explicam bem melhor do que eu... Mas vou tentar: imaginem que “Laura”, quando tinha 18 anos era uma feminista radical e passava grande parte do tempo a ler livros. Quando Laura chega aos 30 anos, o que é mais provável, que ela seja caixa de supermercado ou que trabalhe numa livraria? É claro que o mais provável é que ela seja caixa de supermercado - há muito mais gente a trabalhar nisso do que em livrarias. No entanto, a maior parte das pessoas dirá que ela trabalha numa livraria, ignorando o raciocínio estatístico, por assim dizer (atenção: esta é uma simplificação grosseira de um dos exemplos do livro - e posso estar a pensar mal…). Talvez seja mais fácil de perceber o exemplo do regresso à média. Muita gente espera que um jogador excecional (vamos para o futebol para ser mais “familiar”) numa dada época também o seja na seguinte. Mas o normal é que quem se destaca num dado momento “regresse” a valores mais próximos da média. Isto é particularmente interessante na educação. Quem acha que o castigo dá bons resultados e a recompensa nem por isso, devia ler o capítulo em que Kahneman explicou aos militares como isso não é assim.

Enfim, este livro não é fácil porque exige disponibilidade e, até, alguma entrega (em mais de 600 páginas). Há que seguir com detalhe alguns raciocínios do autor, estar disponível para fazer os testes que ele nos vai pedindo, acompanhar com rigor as instruções. A recompensa é aceder a um tipo de consciência que normalmente não acedemos porque fazemos análises mais simples e rápidas. Isso torna a leitura altamente envolvente. Porém, também há partes do livro que são profundamente entediantes. Mas a verdade é que não tem que ser lido de uma ponta à outra para se tirar dele valiosíssimas noções para o quotidiano.

 

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Algo vai mal quando se chega à página 400 de um livro e ainda não se vai a meio.

  

A parte boa é que, se continuar assim, nunca mais preciso de ler nada sobre hitória da Europa, vou ficar a saber tudo.

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Santorini tinha que estar incluída na minha viagem à Grécia. Por um lado, não queria lá ir porque é super turística e super conhecida. Mas, por outro, é a ilha daquelas imagens de casas brancas e telhados azuis, penduradas quase a cair no mar. Enfim, não havia como resisitir. Por isso, lá arranjei um voo (mais ou menos o preço do barco e apenas 45m em vez de várias horas).

O voo é lindíssimo. Parte-se de Atenas e vai-se sempre a ver ilhas. Nomeadamente, Milos, que é particularmente impressionante quando vista do céu. Bem que a tentei incluir no itinerário, mas não consegui. Depois de a ter visto assim, não volta a escapar.

Mas para se perceber melhor o que é Santorini é preciso olhar para o mapa:

 

 

Dá para ver que já foi uma ilha redonda mas que uma enorme erupção a reduziu a “meia ilha”. Nem sei se o termo “reduziu” é correto. Na verdade, as pequenas ilhas que se veem no meio da caldeira são posteriores, só surgiram depois do vulcão ter explodido e colapsado.

 

O curioso é que as escarpas desta caldeira serviram para construir as cidades. Aqui pode ver-se o aspeto de longe. Juro que parece neve no cimo da montanha:

E aqui mais de perto, onde se pode ver também a altura.

 

Claro que com construção desta, os hotéis só podem ser fantásticos. É uma vista de sonho sobre a Caldeira. 

Fui, propositadamente, numa altura mais calma e, portanto, não estava tudo cheio, embora também não se possa dizer que havia falta de gente ou de agitação. Nesse sentido, estava no ponto ideal.

 

Santorini tem este interesse geológico e também é famosa por outro elemento natural - o pôr do sol. É uma ilha conhecida como destino de lua de mel e percebe-se. Algumas imagens do dito:

 

Também há praias que são, para os nossos padrões, um pouco estranhas, especialmente por causa da areia. Confesso que adoro, basta sacudir e desaparece tudo. A contrapartida é que tem que se ir até à água de chinelos. As pedras não só queimam como magoam.

 

Esta é a impressionante Red Beach.

 

E esta Kamara beach que acabou por ser a minha preferida.

 

Passando agora para as terrinhas: tanto Fira como Oia são encantadores labirintos brancos, esculpidos na orla do vulcão. As imagens mostram bem que nem sempre se percebe onde acaba uma casa e começa outra. Nem é fácil perceber, às vezes, se se está dentro do recinto de um hotel ou na rua.

Mas o melhor de Santorini é que não é só praia e paisagem. Há também a comida. Foi aqui que pude experimentar a sério comida grega (e imagino que haja muito mais genuína, afinal não deixamos de estar num paraíso turístico).

Mas há mais - Santorini tem vestígios arqueológicos incríveis e museus com bastante interesse.

O destaque absoluto vai para Akrotiri 

Onde foram descobertas coisas como isto:

Estamos a ver vestígios da civilização minóica que existiu em há mais de 30000 anos e desapareceu, provavelmente devido à erupção do vulcão, uma das mais violentas de sempre.

 

Mas uma visita cultural a Santorini inclui ainda Ancient Tira (Tira é o nome de Santorini). Trata-se de uma outra cidade que, ao contrário de Akrotiri ficava bem alto, nas montanhas. Esta foi abandonada no séc VIII, após um terramoto.

 

Chegar de avião é fantástico por permitir ver a ilha de cima. Mas sair de lá de barco é também fantástico pela sensação de estar dentro da caldeira do vulcão.

A viagem foi uma maravilha. Cerca de duas horas até Naxos, mas isso já será outro post...

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Se calhar não devia escrever nada e pronto. Mas este livro foi um enorme bocejo. Um ou outra ideia gira mas inconsequente, tanto intelectualmente como na prática.  Ou então eu não estava lá muito disponível... Se alguém me quiser explicar o que é que este livro tem de especial e que eu não vi, agradeço.

 

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Hoje era dia de passear com este livro por Lisboa.

Como não pude, fica aqui para quem passear pela blogoesfera.

 

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90 anos

16.11.12

Hoje Saramago faria 90 anos.


Saudade...

 

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Talvez essa atitude hoje se tenha perdido um pouco. A vontade de ver, a falta de espírito crítico, o comodismo, talvez tenham feito com que se perdesse a noção de que, às vezes, "retirar-se" é uma atitude ativa.

 

Não vou falar do governo e da política que tem sido seguida. Não vou porque isso implicaria muito tempo, talvez muitos posts. Fazer um juízo crítico da atualidade deveria exigir uma atitude de reflexão, de ponderação séria. E tenho visto muito pouco disso. A maior parte das opiniões que tenho visto são tão pouco consistentes e tão pouco ponderadas que me obrigariam a começar a um nível demasiado elementar.

 

Quero, por isso, cingir-me a um episódio simples, a manifestação que vimos em Lisboa ontem. Portanto, sem comentar as razões dos manifestantes, e aceitando que é normal, e saudável, que as pessoas lutem por aquilo em que acreditam (mas lamentando que não reflitam seriamente sobre isso), quero apenas perguntar: se estou numa manifestação e aparecem pessoas de cara tapada, se estou numa manifestação e uma série de gente começa a usar da violência mais primária e ilegítima, devo continuar lá? O que me assusta no que aconteceu não é o excesso de uma minoria, o que me assusta é a grande maioria que lá permaneceu, assistindo ao que se passava sem tomar a atitude de se retirar. Esperava ver o largo meio vazio, mas não. Milhares de pessoas aceitaram estar presentes. Ter razão implica, por vezes, dizer não. Lutar implica, por vezes, retirar-se, não aceitar ser cúmplice de atitudes condenáveis.

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"O talento essencial para um bom escritor é ter implantado em si próprio um detetor de merda à prova de choque. É esse o radar do escritor e todos os grandes escritores o tinham"

 

Hemingway in Entrevistas da Paris Review

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