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Mais um livro breve mas, desta vez, de uma intensidade perturbadora. Aliás, é difícil perceber o que é este livro. Há ficção, parece-me; há relatos de viagens, certamente; há sonhos, amor, alegria, tristeza, morte. Annemarie Schwarzenbach passa por tudo e deixa uma pequena marca que ora emociona, ora entusiasma.

Sugiro que, quem tenha dúvidas, abra o livro numa página qualquer e comece a ler. Aquilo que vai encontrar nessas frases é o mesmo que em qualquer outra parte do livro, uma escrita que vem de dentro e é tão sincera quanto tocante. Não há uma narrativa ou um fio forte, são mais fragmentos, desabafos, partilha. No fim, explica-se um pouco mas para que tudo fique na mesma.

O que se lamenta é a brevidade desta viagem, muito mais sentimental do que geográfica, mas perfeitamente capaz de ser um marco nesta belíssima coleção de literatura de viagens.

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Um pequeno livro, que se lê em menos de nada. Uma senhora já idosa decide montar uma livraria numa terra pequena ,  e numa casa velha e assombrada. O impacto de uma livraria na comunidade local podia levar a cenários muito mais interessantes do que os que aqui são traçados, especialmente aquando da publicação de Lolita de Nabokov. Infelizmente, a obra centra-se mais nas dificuldades burocráticas do que no resto. Até tem alguma piada, mas fica a sensação de que o livro passa completamente ao lado daquilo que é importante e que poderia ser algo muito mais profundo e intenso.

 

Ainda assim, a escrita elegante mas convicta de Penelope Fitzgerald dá ao livro algum encanto.

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Quando peguei neste livro pela primeira vez, achei interessante. Pareceu-me um livro-tese em que um historiador resolve explcar aquilo que já muitos tentaram explicar, e de várias formas - o domínio da civilização ocidental no mundo. Claro que o tema, sendo por definição sempre atual porque esse domínio é algo do presente, tem uma ainda maior importância por se discutir, cada vez mais, o declínio ou o fim desse domínio.

Convicções à parte, o livro surpreendeu-me bastante. Niall Ferguson aproveita para contar uma história do mundo, desde os descobrimentos até à atualidade, em que, graças às áreas que decide abordar, toca nos pontos fulcrais e com uma capacidade de seleção e síntese que são espantosas. O interessante é que, ainda assim, não deixa de ser analítico. Talvez isso até seja um dos pontos fortes, é que Ferguson não é lá muito convencional Digamos que não lhe custa nada dizer aquilo que lhe apetece dizer. O que num livro de história já é muito, mas num livro que compara civilizações,  devido ao politicamnete correto, é ainda mais difícil.

Ferguson é altamente moderno na forma como apresenta as coisas. À primeira vista parece uma espécie de história light, mas só o é no que isso tem de bom. O conceito, que a tradução portuguesa abafa (não é má, mas podia ser mais fiel à intenção do autor), anda à volta da ideia de kliller apps que a civilização ocidental tem. Ou seja, é como se o nosso telefone, ou tablet, tivesse as melhores aplicações e, agora, as outras civilizações também já as estivessem a instalar. Éramos o ipad mas estamos a perder terreno (esta parte digo eu, não o autor).

Nial Ferguson, apesar desta forma refrescante e moderna, sabe dar o valor àquilo que foi cimentando o domínio do ocidente no mundo. E alerta para o facto de estarmos a perder referências, em particular por não acreditarmos ou não valorizarmos aquilo que é o nosso património. E fica muito claro que os livros são um dos maiores.

Por acaso, pouco tempo depois de, no metro, ler esta passagem:

Talvez a grande ameaça ao Ocidente não venha do islamismo radical nem de nenhuma outra fonte externa mas da nossa falta de compreensão da nossa herança cultural (e da nossa falta de fé nela).

Pus-me a ler as últimas notícias na net e encontrei uma notícia que dava conta de que uma ONG tinha pedido para A Divina Comédia de Dante ser retirado das escolas por ser um livro ofensivo, discriminatório, islamofóbico, etc.

Para além da ironia de ler uma coisa e seguir à outra, em menos de uma hora, há também o peso da evidência de como a estupidez é uma coisa ilimitada ou, como diz Musil n'O Homem sem Qualidades:

Não há um único pensamento significativo de que a estupidez não saiba servir-se.

Bom, para além do livro, pelos vistos Niall Ferguson tem os seus próprios documentários. Ainda não vi. Mas, para começar, e essa já vi, há uma apresentação no Ted Talks em que ele fala da tese deste livro. Diria que é imperdível, em apenas 20 minutos está lá tudo. E espero que esteja também a vontade de ler o livro.

Aqui fica o link http://www.ted.com/talks/niall_ferguson_the_6_killer_apps_of_prosperity.html

E, para terminar, a brutal última frase do livro: 

(...) A maior ameaça à civilização ocidental não é colocada por outras civilizações mas pela nossa própria pusilanimidade - e pela ignorância histórica que a alimenta.

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Acabei agora o Livro 1 deste 1Q84. Não consigo parar, ao contrário do que tinha planeado. Por isso, vou continuar para o Livro 2 e, quem sabe, despacho também o 3 logo a seguir. Para já, as impressões da leitura do primeiro volume.

O que eu gostei mesmo nesta leitura foi do envolvimento. Ou seja, eu estou a ler aquilo e parece que nada mais se passa, sinto-me realmente transportado para aquele universo. Acho que há uma dimensão atmosférica que Murakami coloca nos seus livros que os faz serem especiais.

Durante muitas páginas esta é uma história "normal". Ou melhor, são duas. O livro vai-nos apresentando dois personagens. Um capítulo para Aomame, outro para Tengo, e assim sucessivamente, durante todo o livro. Com isto, chegamos a um conhecimento bem detalhado de ambos. De certa forma, este primeiro livro parece servir para isso - apresentar Aomame e Tengo.

Apesar de um ou outro indício de que nem tudo será normal, só mais tarde é que elementos do fantástico entram em força na história. E, sinceramente, apesar de já os esperar, até preferia que não tivessem aparecido. Estava a gostar tanto destes Aomame e Tengo como pessoas normais, até podiam ser as histórias de qualquer um de nós. Bom, talvez possam na mesma, logo se verá o que é que acontece. Ou não, num livro de Murakami nunca se sabe se vamos ter respostas.

E agora, deixem-me ir ler o Livro 2, volto mais tarde!

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Ora aqui está um livro que, a julgar pela capa, especialmente pelos comentários da crítica que lá surgem, deveria ser uma grande experiência. Pois, infelizmente, para mim não foi. Não vejo na escrita simples do autor uma vantagem, vejo pobreza. Porque o texto me parece pobre e despido. Basicamente é diálogo, discurso direto, cheio de ação, frases curtas e quase sempre "técnicas". O simbolismo, que surge aqui e ali, é introduzido de forma forçada e a despachar.

Enfim, acho que poderia resultar como peça de teatro.

 

Uma frustração.

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Outro poema

08.03.12

O 222 deixou-me este poema num comentário ao poema da Sophia sobre a Cleopatra. Acho que merece ser promovido a post. Até porque Cavafis é um dos poetas que mais admiro.

Obrigado e aqui fica.

 

The god forsakes Antony

When suddenly, at midnight, you hear 
an invisible procession going by 
with exquisite music, voices, 
don’t mourn your luck that’s failing now, 
work gone wrong, your plans 
all proving deceptive—don’t mourn them uselessly. 
As one long prepared, and graced with courage, 
say goodbye to her, the Alexandria that is leaving. 
Above all, don’t fool yourself, don’t say 
it was a dream, your ears deceived you: 
don’t degrade yourself with empty hopes like these. 
As one long prepared, and graced with courage, 
as is right for you who were given this kind of city, 
go firmly to the window 
and listen with deep emotion, but not 
with the whining, the pleas of a coward; 
listen—your final delectation—to the voices, 
to the exquisite music of that strange procession, 
and say goodbye to her, to the Alexandria you are losing. 

- Constantine P. Cavafy (1911)

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Porque

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

Sophia de Mello Breyner Andresen

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Não foi nada fácil esta leitura. Há muito pouco de agradável em Céline como, acho eu, provam os vários posts que fui fazendo com o "Diário de Leitura". E, como se vê, Céline tem, no mínimo, isto, uma capacidade de mexer connosco que é poderosíssima e invulgar. Ler Céline implica algum estômago. O texto é corrosivo, cru, muitas vezes de mau gosto. Mas é assim mesmo, é uma viagem ao fim da noite, uma viagem de escuridão, de coisas podres, um retorno a algumas ideias-base que são, no fundo, aquilo que mais genuinamente somos. Céline pode ter sido um homem execrável, provavelmente foi-o; ao ler isto, acredita-se ainda mais. Isso não lhe tira mérito enquanto observador implacável, e desencantado, sem ilusões, daquilo que nós somos. A literatura também é isto, esta força, esta acidez.

 
Para saber mais sobre de que trata o livro, recomendo: http://oqueeuleio.blogspot.com/2011/05/viagem-ao-fim-da-noite-louis-ferdinand.html

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Adoro Dostoievski e, no entanto, são mais os livros dele que li e não achei nada de especial do que aqueles que me marcaram de forma decisiva. Mas esses marcaram mesmo, bem fundo.

Tudo começou há muitos anos, na biblioteca, onde encontrei O Jogador e o Noites Brancas. Li-os e… pronto, não me encantaram, embora tenha ficado com a impressão de serem muito bons livros e um muito bom escritor.

Anos mais tarde lá peguei numa grande curiosidade que tinha Os irmão Karamazov. Acho que o mínimo que posso dizer é que este me ficou como o melhor livro que já li. É tão rico, tão intenso, tão empolgante que fiquei profundamente impressionado.

O livro seguinte foi Crime e Castigo - deu direito a um dos primeiros posts aqui do pedrices, está lá o que achei na altura. Não houve desilusão, confirmou-se o génio e a minha admiração por ele.

Foi há relativamente pouco tempo que voltei ao autor, desta vez com O Eterno Marido. Gostei mas sem sentir nada de especial.

Posto isto, ler Dostoievski pode ser, para mim, uma experiência fantástica, ou então uma leitura simples, sem nada de especial.

Mas este post é sobre O Idiota, e qual o lugar que esse livro ocupa na minha relação com Dostoievski? Pois bem, O Idiota  é mais um desses que me deixam insatisfeito, o pior é que tem mais de 600 páginas e, por isso, nos últimos tempos tenho-me dedicado a ele (com o Céline pelo meio, a acompanhar-me nas viagens de metro). Confesso que, a meio, pensei várias vezes em desistir, o que não é fácil quando já se percorreu tanto caminho - e eu detesto desistir de um livro, a não ser que seja logo nas primeiras 10/20 páginas. Mas, mais do que isso, é que não há propriamente uma razão para desistir. Estão lá todas as características de um grande livro, e mesmo as marcas do autor. Os personagens, até mesmo muitos dos secundários, são desenvolvidos com uma profundidade rara. Há densidade psicológica, há uma capacidade de criar momentos de grande intensidade. Há grandes personagens, com destaque para o próprio "idiota", o Princípe Míchkin. Tudo para ser um grande livro, e é. Mas creio que o leitor fica sempre um pouco à margem, mais como espectador do que noutros livros, em que Dostoiévski nos envolve de tal forma que nos sentimos parte da ação, vivendo com as personagens. Aqui, não senti muito disso. Pena para mim.

E ainda há muitos livros de Dostoiévski para ler :)

Entretanto, descobri no youtube uma adaptação do Idiota, e de outros clássicos russos. Parece interessante, a explorar com alguma atenção: http://www.youtube.com/watch?v=d5aNBjfgCS4

E há também este site, com informação útil e interessante para acompanhar o livro: http://community.middlebury.edu/~beyer/courses/previous/ru351/novels/idiot/idiot.shtml

 

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Poema de amor de António e Cleopatra

  

Pelas tuas mãos medi o mundo

E na balança pura dos teus ombros

Pesei o ouro do Sol e a palidez da Lua.

  

Sophia de Mello Breyner Andresen

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