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Há muito tempo que não demorava tanto a ler um livro. Este andou comigo durante quase dois meses. E porquê? Porque nunca me apetecia voltar a pegar-lhe. Quando o estava a ler, aí sim, corria bem, nem sequer parava ao fim de pouco tempo. Mas retomar, isso foi difícil. Isto porque não consegui criar qualquer tipo de empatia com este Coelho que não é nada de especial e, por isso mesmo, até pode ter o seu interesse. No início, tudo me parecia apontar para um livro excecional, mas depois foi-se perdendo. Mas isto é completamente pessoal, não gostei do Coelho, pronto. Posto isto, resta a escrita. A escrita que me fez nem pensar em desistir. Updyke é um grande escritor. Há páginas aqui que são tão intensas, tão profundas que fazem com que até nem interesse muito aquilo que na história se vai passando. Há mais três livros desta saga, que me parece que não vou querer ler. Mas outros livros do autor, isso, não vou resistir a experimentar.
Apesar de já o ter lido há algum tempo, não posso deixar de fazer aqui um apontamento sobre este livro. Antes de mais, porque Margaret Atwood merece. A sua escrita revela uma inteligência e um sensibilidade que fazem com que ler um livro seu seja mais do que uma experiência literária. Já tinha reparado nela, em alguns comentários que fez sobre alguns temas. Mas este foi o meu primeiro contato com os seus romances. O Assassino Cego é um magnífico livro, daqueles que apetece ler e saborear com alguma lentidão. Na verdade, não é apenas um romance, são vários, que se dispõem em camadas de histórias que vão evoluindo devagar. A forma como Margaret vai adicionando pistas e elementos de ligação entre as hitórias, é um dos maiores motivos de interesse da sua escrita. Porque ao contrário da facilidade da frase que nos faz querer avançar páginas e páginas à procura da resposta, aqui o que encontramos são travões. Momentos para parar, refletir e continuar calmamente. A literatura pode ser entretenimento, mas é tão melhor quando é crescimento.
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