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O ano em que Saramago morreu é ano sobre o qual não me apetece dizer mais nada.
Adeus 2010!
Isto de ler tem muito que se lhe diga… Pois, isso já sabemos. Mas uma coisa que me intriga constantemente é o facto de passar tantas horas com um livro e, às vezes, pouco tempo depois, já não me lembrar de quase nada dele. O blog tem-me ajudado a gravar as minhas impressões das leituras que faço, mas, porque há muito que leio e não registo aqui, a sensação de que muito se desfaz rapidamente, continua a acompanhar-me.
Creio que foi Kafka que disse algo como “os livros que vale a pena ler são aqueles que nos fazem gelar por dentro”. Tenho lido muitos livros mas são poucos os que fazem isto. Pior, são poucos os que ficam verdadeiramente comigo. Por um lado é frustrante mas, por outro, porque é que me hei-de preocupar com isso?
Isto tudo para dizer que O Homem Lento de Coetzee tem andado aqui dentro a moer… Não é o livro de Coetzee que mais gostei (isso continua a ficar para o Desgraça – que vontade de o reler!). Porém, é um livro que não consigo esquecer. Dou por mim, noite após noite, a pensar naquilo que nele se passa. E o que é? Não sei bem. Há uma profunda reflexão sobre o que é envelhecer, sobre o ficar limitado fisicamente, sobre o amor tardio, sobre actos descabidos. Depois, há a Elisabeth, personagem de outros livros, que aparece e transforma tudo aquilo num enigma difícil de caraterizar. É Coetzee, um surpreendente Coetzee, um estranhíssimo Coetzee; um Coetzee de que nem gostei por aí além, mas que não me larga.
E é tão bom ficar preso num livro.
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