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Li há uns dias A Breve e Assombrosa Vida de Oscar Wao, de Junot Díaz, e recomendo vivamente, em particular para aqueles que não têm grandes hábitos de leitura (é imensamente divertido, sem ser superficial). O livro é extraordinário, com personagens excelentemente caraterizadas e com histórias profundamente interessantes. Lembrei-me muito do Tigre Branco mas, neste caso, o país é a República Dominicana. A história centra-se em várias personagens e vai acompanhando as suas vidas ao longo do tempo. A escrita pode ser irritante ao início (especialmente pelas notas de rodapé), mas vai-se tornando cada vez mais ágil e brilhante.
Outra descoberta foi José Rodrigues Miguéis. Confesso que não o conhecia e a curiosidade vem da edição recente da troca de correspondência entre este escritor e Saramago. A verdade é que as temáticas são, para mim, desinteressantes. No entanto, estão tão bem escritas que se leem com um prazer inesperado. O livro de que falo é uma coletânea de contos, Lhea e outras histórias.
Finalmente, li O Complexo Portnoy. Já devo ter dito por aqui que o Philip Roth é, na minha opinião, um dos melhores escritores da atualidade. Não será neste livro que isso mais se nota, porém, para quem o acompanha é imperdível. Para quem nunca leu Roth, talvez não seja o melhor livro para começar. Isto porque há tanto sexo, depravação e obscenidade que se pode ficar com uma ideia um pouco desviada do que são as obras de Roth. Numa leitura mais a fundo, este deve ser o livro onde Roth vai mais longe na análise do que é a “maldição” de ser judeu.
Pois é, já tenho o Kindle, já li o meu primeiro livro e, para já, estou encantado.
Em primeiro lugar, o visor é espetacular. Ler no Kindle não é muito diferente de ler em papel. E é isso que faz toda a diferença. Até agora, não se podia pensar num ereader como uma verdadeira alternativa ao livro em papel, assim já o é. Para além de ser confortável, a possibilidade de alterar o tamanho da letra faz com que a ler seja mais fácil. Está menos luz, aumento o tamanho, tão simples quanto isso. Também já experimentei ler ao sol e correu lindamente.
Bom, mas, afinal, para que serve um Kindle? Serve para ler, pois claro. Aqui ficam algumas das vantagens face aos livros em papel:
- posso ler enquanto almoço, por exemplo. Não é difícil pôr o Kindle à frente do prato e ficar a ler; quem tenta fazer isto com os livro, bem sabe como é difícil manter as páginas quietas…
- posso fazer, em qualquer lugar, o mesmo que lá em casa: quando não sei muito bem o que ler percorro vários livros, abro-os ao acaso, vou explorando. Neste momento, tenho mais de 40 livros no Kindle (todos gratuitos) e, por isso, posso ir lendo o que mais me apetecer em cada momento
- vou ler muito mais livros na língua original. Para já, inglês. Como o aparelho vem com um dicionário, é muito mais fácil. Qualquer dúvida, é só levar o cursor até à palavra e aparece a definição, em baixo, sem se sobrepor ao texto
- comprar livros num minuto. Já aconteceu, acabei de ler o Twilight (sim, há anos que não lia um best-seller e este é bem… empolgante) e comprei, ali mesmo, num banco de jardim, o New Moon. Ao fim de uns segundos, estava a lê-lo
- qualquer livro que eu queira, posso ler um pouco primeiro, é só pedir o sample e ele aparece no meu Kindle. Isto também é uma desvantagem, acho que vou gastar muito mais dinheiro em livros…
- o Twilight ficou-me em menos de 8 euros; o New Moon pouco mais que isso. Poupei uns 10€, ou mais (em cada um), em relação à edição portuguesa em papel
- livros grátis. É ir ao Projeto Gutemberg e são aos milhares.
Não obstante, não pretendo deixar de ler livros em papel. Nem percebo porque é que uma coisa implica a outra. Há uma série de detratores dos ereaders que costumam usar argumentos como “não há nada como um livro em papel”. Bom, posso concordar. Mas este argumento está ao mesmo nível que o das pessoas que comem carne, em relação aos vegetarianos: “não há nada como um bom bife”. A questão não é o fim dos livros, é apenas lê-los de uma forma mais prática, conforme aplicável. Por exemplo, não faz sentido ler um livro de história da arte num Kindle. Aí interessa folhear, ver as imagens, etc. O Kindle é fantástico para ler romances, texto corrido. Nisso, é muito mais prático do que um livro em papel. Se não gostarem, continuem a ler em papel. É uma questão de gosto, apenas isso.
Diz-me a Amazon que já vem a caminho...
Dentro de poucos dias vou ter um Kindle!
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