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Podem as palavras ser lágrimas? Tivessem elas saído das mãos dele e seriam-no.
Eu, só com os olhos posso chorar.
Obrigado, José Saramago, por tudo o que me deste e poderei guardar para sempre.
"Antes eu dizia: 'Escrevo porque não quero morrer' Mas agora mudei. Escrevo para compreender o que é um ser humano."
José Saramago
Ocorre-me isto, de uma outra perda recente:
Por vezes, a literatura aproxima-se da vida. Vem discretamente, sem se anunciar, apenas quando já estamos enredados no meio das linhas de um livro é que percebemos o quando ele se está a transformar num relato próximo. Li este livro como se estivesse sentado à lareira com os protagonistas a contarem-me as suas histórias, a linguagem concreta e realista, as idiosincrasias subtis mas vincadas, as incoerências naturais de cada um de nós, tudo isso está presente nestas páginas que ganham vida. É assim Yates, um escritor que deixa a escrita em segundo plano, em que ela é instrumental, ela serve para invocar pedaços da realidade.
De certa forma, é um livro cru, sempre concreto, onde o estilo sóbrio nunca nos faz sonhar, em vez disso, faz-nos ver a realidade. Pode não ser um grande livro, pode não ser de um grande escritor (fiquei com dúvidas porque a tradução tem momentos bastante duvidosos), mas é um grande Romance.
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