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Às vezes sinto-me completamente inconsistente, no que à arte diz respeito. Quero com isto dizer que falar de arte em termos conceptuais é difícil. Exemplo: o que é a arte? Começamos mal, esta é a pergunta mais difícil. Mas há outras, mais ligadas ao valor artístico de uma obra em particular, ou de um “estilo”. Passo-me completamente com os trabalhos de Damien Hirst. No mau sentido, refira-se. Odeio profundamente o que ele faz (seja com as vacas, com os tubarões, seja a caveira). Mas se entrar numa discussão sobre ele, não consigo negar a relevância artística dos seus trabalhos. Odeio mas, no caso de algumas obras, reconheço-lhe uma capacidade invulgar de levantar questões de forma “artística”.

Depois há pinturas que me deixam perplexo, como alguns quadros que não passam de pontos de tinta numa tela branca. Qual a relevância? Ou sou eu que não entendo ou há ali uma tentativa de confronto com conceitos mais gerais que podem ir desde a mera provocação até à associação à inutilidade da arte (?). Acho que a resposta está no meio, ou em todo o lado.

O interessante destas coisas é as horas que é possível passar a discuti-las. E confesso que as minhas convicções já variaram tanto que tenho sempre que procurar a que me agarrar para pensar a arte quando, por exemplo, ainda há dias em Copenhaga, vi uma instalação que me deixou perturbadíssimo e era uma réplica de um quarto de hospital com bonecos de cera. O que era aquilo e porque é que aquilo foi uma experiência tão intensa?

O que é verdadeiramente desafiante nestas coisas é separar águas. Uma obra de arte não deve ser aquilo que eu gosto/não gosto; se for para ir por aí, não tem interesse, para mim. Mas tentar encontrar uma forma de discernir o que é arte do que não é, e fazê-lo procurando também evitar a dicotomia bom/mau, isso já me interessa e muito.

Isto tudo para dizer que ler este livro foi uma oportunidade de passar por algumas destas questões e arrumar ideias. Não é um livro com resposta à pergunta sobre o que é a arte. No limite, até é um livro que explica porque é que não há resposta para isso. Mas Warburton, de quem já comentei aqui uma ótima introdução à filosofia, aponta para duas ou três teorias da arte que fizeram história, ilustra as suas virtudes e problemas ou limitações para, no fundo, nos permitir pensar no assunto de forma mais livre, ou seja, mais informada.

É talvez um livro demasiado breve e que até podia ser mais ambicioso. Mas para quem quer pôr as cartas na mesa e iniciar uma discussão sobre o tema, é um ótimo começo.

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Completamente por acaso acabei por ler dois livros que, no final, acabaram por ter a mesma função, embora de áreas diferentes...

Uma Pequena História do Mundo, E. H. Gombrich

Gombrich é o autor de uma magnífica Histíoria da Arte. Um daqueles livros que nos marcam profundamente e que fazem com que a nossa visão sobre certas coisas nunca mais seja a mesma.

Este livro foi escrito para crianças e creio que pode ter precisamente o mesmo efeito que a história da arte. No entanto, já o li um bocado tarde demais. Mas o que é curioso é que funciona também para adultos. Apesar de eu saber quase tudo o que ali está, é raro ver tudo junto e contado como uma história contínua. Por isso, acabei por adorar ler este resumo da história do mundo.

 

Elementos Básicos de Filosofia, de Nigel Warburton

Li-o numa tarde, de forma ligeira e descontraída. Porque a filosofia não tem que ser apresentada como se fosse matéria difícil, complicada e só ao alcance de quem seja especialista na matéria.

Para quem quer aprofundar conhecimentos, não serve. Para quem quiser uma introdução aos problemas da disciplina é o ideal. Quem está entre uma coisa e outra e, como eu, precisa de um resumo de vez em quando, também é muito útil.

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