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O que ler antes de uma viagem? É um problema eterno. Por isso, fiquei muito contente quando descobri esta coleção e não pude deixar de experimentar. Bom, a verdade é que a Turquia é uma obsessão intelectual para mim há muito anos. Dediquei muita da minha energia na faculdade (no curso de relações internacionais) a conhecer melhor este país e vou acompanhando sempre com muito interesse. Isto faz com que este livro, bastante esquemático, linear e muito útil seja bastante informativo mas fique aquém do que eu gostaria e precisava. Foi bom para me lembrar de algumas coisas. Não posso deixar de o aconselhar a quem queira ler rapidamente uma história da Turquia, mas é preciso muito mais para se perceber a complexidade e o fascínio do país.
O que é que se faz numa cidade a que se vai pela terceira vez? Vale sequer a pena lá voltar? Bom, trantando-se de Atenas admito que muita gente dirá que não. Mas para mim há qualquer coisa que me faz sempre querer voltar e, desta vez, a cidade presentou-me com alguns momentos únicos. Onde eu pensava que estava a repetir acabei por ser supreendido com duas experiências que colocaram a cereja no topo do bolo desta viagem.
A primeira foi na visita ao Parténon.
É preciso ser sincero e admitir que há algo de penoso em ir a locais tão cheios de turistas. A obsessão pela selfie(sh), quase sempre palhaça, é verdadeiramente insuportável. Por isso, achei que ir lá mais perto do fim do dia podia ser uma boa ideia. E foi, não só porque esta realmente muito mais gente mas porque ainda tive direito ao bónus de ver o ensaio de um concerto no Odéon (não consigo imaginar local mais belo para um concerto, embora agora Epidauro seja um forte concorrente).
Para além disso, era hora de os soldados gregos recolherem a bandeira que está lá em cima e cantarem o hino.
Mas surpresa a sério foi quando a luz começou a escassear e as luzes da cidade se começaram a acender. Não há edição das fotos abaixo, elas ficaram mesmo assim, e era assim que estava o Parténon.
No dia seguinte, nova revisitação, desta vez à biblioteca de Adriano e ao fórum romano. Imagine-se que estávamos a entrar nas ruínas e, de repente, uma criança aborda-nos e pergunta “What is progress?”. Confuso, acabei por balbuciar uma resposta. A criança começou a andar ao nosso lado, tentando sintetizar a resposta. Surgiu entretanto um rapaz mais velho e a criança disse-lhes o que nós tínhamos respondido. Foi então que a criança saíu e o jovem se colocou ao nosso lado e foi passeando connosco fazendo comentários sobre a resposta e lançando novas questões, depois veio uma senhora um pouco mais velha e a cena repetiu-se. Fiquei extasiado. No fundo, o que aquelas pessoas estavam a fazer - percebemos depois - era uma espécia de reconstituição daquilo que era o filosofar da antiga Atenas, em que os mestres iam caminhando com os seus discípulos dando assim as aulas. A conversa foi fascinante, com níveis de complexidade crescente, com muitas questões para refletir. Quando acabou percebemos que tínhamos percorrido o fórum sem quase o ver, tão envolvidos ficamos na conversa.
Uma iniciativa brilhante, um dos momentos mais incríveis que tive numa viagem.
E esta série de posts termina aqui. Nos últimos dias acelerei para tentar cobrir um pouco de tudo por onde passei. A urgência impôs-se porque me custa fazer nova viagem sem ter terminado esta. Agora que está já posso voltar à Grécia. Mas para não pensarem que não faço outra coisa se não ir à Grécia, este ano, o quarto ano seguido, vou também à Turquia.
Vai ser assim: Lesbos - costa da Turquia (Tróia; Pergamo; Efeso; Mileto, Pamukkale, etc) - Samos - Patmos - Ikaria - Atenas
Até ao meu regresso, com novos posts, desta vez da viagem de 2015.
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