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2013

30.12.13

Em 2013 não consegui ler tantos livros como no ano passado. Mas fiquei perto: 64. Estes são os destaques do ano, em que oscilei entre a rendição a novos (para mim) autores:

 

- Jonathan Franzen e o fenomenal Freedom (e o excelente Correções)

- A descoberta de um escritor incrível, incrível - Nikos Kazantzakis, de Creta, cujo túmulo pude visitar no verão

- Mo Yan e o fantástico e surpreendente Peito Grande, Ancas Largas  

 

E a rendição aos  que já conhecia mas a quem gosto sempre de voltar:

 

- Orhan Pamuk, com The Museum of Innocence que saltou diretamente para a lista dos livros da minha vida

- José Saramago, a minha releitura anual. Desta vez foi o regresso ao meu livro de sempre, Ensaio sobre a Cegueira

- Philip Roth e o grandioso Teatro de Sabbath

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Às vezes, muito raramente, há um livro que nos esmaga. É tão raro quanto bom. Este foi, para mim, um desses livros. Demorei muito a lê-lo, e já vou falar sobre isso, mas foi preciso passar das 450 páginas para perceber o quanto estava a gostar, o quanto este livro é incrível. Sinceramente, cheguei a não gostar de o estar a ler, cheguei a sentir-me exasperado.  Mas vamos lá concretizar.

 

Notas prévias:

 

- Este texto revela o enredo, pelo que não aconselho a quem não tiver lido o livro. Parte da experiência é, precisamente, a descoberta progressiva das várias camadas do livro. Ir recolhendo as pistas e percebendo o que se aproxima.

- A versão que li foi em inglês. A razão é simples, ofereceram-me o livro logo que ele saíu, antes de haver edição portuguesa (até escrevi um post sobre isso a 31/3/2010). Eu é que ando muito atrasado nas minhas leituras. Não tenho nada contra as edições portuguesas de Pamuk, pelo contrário. Mas, por outro lado, foi interessante, e como é tradução direta do turco, senti-me mais perto que nunca do autor.


The Museum of Innocence, de Orhan Pamuk

 

Já me tinha apercebido de que, apesar de eu ser um leitor rapidamente rápido, há qualquer coisa nos livros de Pamuk que me fazem lê-lo de forma diferente. A exceção é o primeiro que li, A Vida Nova que li compulsivamente, mas só até certo ponto, já bem adiantado, e depois comecei a desacelerar. Os outros foram lidos devagar. E este Museu da Inocência foi o que mais tempo me levou. Mais uma vez, foi rápido no início mas, no decorrer da leitura, precisei de abrandar. Passou a ser um livro em que só pegava quando apetecia. Talvez porque o mergulho é profundo (quando se está neste livro não se está mesmo em mais lado nenhum). Curiosamente, já li várias pessoas que dizem exatamente o contrário e leem Pamuk compulsivamente. Mas há também os que concordam comigo, em particular leitores deste livro.

Tudo começa assim: “It was the happiest moment of my life, thought I didn’t know it”. O contexto é o de um casal que está a fazer amor. Não sabemos ainda mas vamos, mais tarde, saber que eles são amantes e que aquela relação é ilegítima. Ele é Kemal, 30 anos, membro de uma família da elite de Istambul, está noivo de Sibel, também de boas famílias. Ela é Füsun, uma prima de Kemal que trabalha numa loja de roupa. Depois de passarem anos sem se verem, reencontram-se quando Kemal vai à loja comprar uma mala para a sua noiva.

A partir daí, o livro passa a ser sobre a história de amor entre Kemal e Füsun, sobre os seus encontros num apartamento desabitado da família de Kemal, o qual se torna o centro da sua vida amorosa e o refúgio, uma antecâmara do que virá a ser o museu. Sei que quando falo aqui do museu isso parece não fazer sentido. Mas também é assim no livro, ele está sempre presente, mesmo quando parece ainda não fazer sentido.

Não obstante o envolvimento com Füsun (mencione-se que ela tem apenas 18 anos), o noivado de Kemal prossegue. Chegamos mesmo a assistir à festa de noivado, evento que atrai as atenções da sociedade de Istambul e um dos momentos mais extraordinários da literatura de Pamuk. Sem nunca perder o foco na relação Kemal/Füsun, Pamuk não deixa de nos apresentar Istambul, a sociedade turca, os contrangimentos do limbo europa-ásia-islão. Desde as relações dos homens com as mulheres, a  questão da virgindade feminina, os costumes laicos e religiosos, tudo está presente, como é habitual nos livros do autor.

O noivado prossegue mas, de um momento para o outro, Füsun deixa de aparecer aos encontros no apartamento. A partir daqui acompanhamos Kemal numa completa obsessão. Vê-a em todo o lado, pensa nela a toda a hora. Procura-a desesperadamente. Durante páginas e páginas vemos um homem em agonia. Kemal sem Füsun deixa de ter densidade. O que parecia uma paixão de um homem por uma jovem rapariga transforma-se em algo mais sério. O apartamento onde se encontravam passa a funcionar como uma forma de Kemal se sentir perto dela, junto dos objetos que ela tocou, ou que lhe pertenceram.

Quando, passados 6 meses, Kemal reencontra Füsun ela está casada e vive com o marido em casa dos pais. Kemal passa então a frequentar a casa, a jantar repetidamente por lá. Durante uns 8 anos é isto que acontece, Kemal frequenta a casa da sua amada sem voltar a tê-a como amante. O simples facto de a ver, de poder estar por perto, enche-o da vida que já não sentia quando não sabia dela. A obsessão pelos objetos dela vai crescendo e Kemal começa a colecionar, cada vez mais, peças da casa, pontas de cigarros, tudo o que tenha a ver com Fusün (rouba os objetos da casa e leva-os para o apartamento). Por esta altura já se tornou claro que o narrador conta a história a partir de um ponto no futuro, e que há um museu, que todas essas peças se encontram nele. Esta ideia de museu começa também a pairar como uma ameaça, um indício de que o final poderá ser trágico.

É durante esta parte, durante estes longos 8 anos, que o livro se começa a tornar também peculiar. Pamuk arrasta-nos para a obsessão de Kemal, faz-nos sentir o peso do tempo a passar devagar, como se nada acontecesse, noite após noite, vamos lendo e Kemal vai estando sempre a fazer o mesmo, de visita, para jantar, em casa de Füsun, contemplando objetos e arranjando forma de os levar. Não é fácil. No fundo, é a experiência de ler Proust, com a vantagem de ser bem menos, embora isso não cause nenhum alívio na altura. Simplesmente, como se percebe mais tarde, é mesmo assim que o livro deve ser, porque não é bem só um livro, é a literatura no que ela tem de melhor, a capacidade de nos transportar, de nos fazer sentir e, portanto, o tédio das noites iguais atinge o leitor de forma a fazê-lo perceber melhor o sofrimento de Kemal. E enquanto este há de ter a recompensa de voltar a ter Füsun também o leitor sentirá mais intesamente essa alegria por ter passado um pouco por aquilo que o personagem passou. O próprio Pamuk, o autor, não deve ter tido facilidade em escrever este livro, aliás, demorou vários anos.

Volta a haver alguma “ação” quando, quase no fim de todos estes anos de convívio, Kemal e Füsun voltam a passar algum tempo sozinhos, quando saem de carro para ele a ensinar a conduzir. Mas um verdadeiro reencontro de amantes só surge ainda mais tarde, quando Füsun se divorcia. É nessa altura que ficam noivos, que voltam a ligar-se como amantes, e que a tragédia ocorre. Daí o museu, o museu de Füsun, o museu da inocência que guarda a memória do amor de Kemal por Füsun.

Os últimos capítulos do livro, praticamente encerrada a história de amor, são sobre o Museu e o processo que leva Kemal à sua criação. Aqui, Pamuk introduz os seus jogos de meta ficção e entra, ele próprio, na história e de viva voz. Já o vi fazer isto em Neve, aliás, o personagem-Kemal pede-lhe para fazer o mesmo que um personagem de Neve fez: poder dirigir-se a nós, os leitores. E assim termina a obra - com Kemal a dirigir-se-nos diretamente.


O Museu Real

 

Pamuk é um escritor que recorre muitas vezes à meta ficção, misturando-se a si próprio no meio das histórias que cria.

 

Mas, neste caso, foi ainda mais longe. É que o Museu existe mesmo. Pamuk foi recolhendo objetos enquanto escrevia o livro e criou mesmo aquilo que acaba por ser um museu sobre a própria Istambul. Como ainda não fui lá (e, acreditem, é um destino tão intensamente desejado por mim como permanentemente adiado) deixo alguns links que explicam e mostram o museu real:

 

http://arteref.com/gente-de-arte/museu-da-inocencia-orhan-pamuk/

http://ipsilon.publico.pt/livros/texto.aspx?id=251331

http://www.independent.co.uk/voices/comment/orhan-pamuks-museum-of-innocence-is-now-a-reality-can-we-do-something-similar-in-london-8340739.html

 

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Over time, the persona I assumed in her presence came to supplant my true sellf. It must have been then I first came to realize that most people life was not a joy to be embraced with a full heart but a miserable charade to be endured with a false smile, a narrow path of lies, punishment, and repression.

 

Orhan Pamuk in The Museum of Innocence, pp. 275

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Há muito tempo que ando para ler o último romance do Pamuk

http://pedrices.blogs.sapo.pt/22360.html

 

Agora, estou a ler. E a adorar.

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Temos, cá em casa, o hábito de classificar as pessoas que achamos interessantes em termos de saber se são alguém com quem gostaríamos de jantar ou não. Ou seja, é uma espécie de prova dos nove, se eu digo, "o escritor x é muito interessante", logo vem a pergunta, "mas era interessante para ir jantar, ou só para beber café?". E assim nos vamos entretendo a classificar os interesses.
Orhan Pamuk é, definitivamente, uma das pessoas com quem eu mais gostaria de jantar. Em primeiro lugar, por ser turco. Pode parecer pouco, pode parecer parvo mas há muitos anos que mantenho um intenso interesse pela Turquia. Por isso, e porque não há muito da cultura turca que chegue até nós, Pamuk é um dos poucos escritores turcos que conheço. Mas, para além disso, há a sua obra que eu acho admirável, especialmente porque nos leva precisamente para aquilo que a Turquia tem de mais interessante, as suas contradições, a sua (o)posição ocidente-oriente, os conflitos, as mudanças brutais que têm afetado o país. Tudo isso está nos romances de Pamuk, e está também muito mais. Há nos seus textos um humanismo invulgar, uma honestidade crua mas bela. Este livro de que falo não é um dos seus romances, tem como subtítulo "Ensaios sobre a vida, a arte, os livros e as cidades", é um longo e delicioso jantar com Pamuk. A verdade é que ainda não acabei de o ler. Tenho-o há uns 3 anos e ainda não o acabei. É uma espécie de livro de cabeceira para ir lendo, e cada vez que lhe pego delicio-me. Por isso, não preciso de acabar de o ler para deixar aqui este texto, até porque não sei durante quantos mais anos continuarei a lê-lo sem o terminar. Não interessa, quero apenas recomendá-lo a quem goste de ler sobre literatura, ler sobre Istambul, ler sobre as relações ocidente-oriente, sobre arquitetura, sobre pintura, sobre tanta coisa. Para mais, este volume inclui também o belíssimo discurso de aceitação do Nobel. Enfim, como o próprio descreve na primeira linha, "este é um livro feito de ideias, imagens e fragmentos de vida que ainda não encontraram lugar num dos meus romances.", e ainda bem que ele decidiu partilhar isso connosco.
Olhando para trás, percebo também que o pedrices existe, em parte, por causa de Pamuk. Um dos primeiros textos que escrevi foi sobre Neve, talvez o seu romance mais extraordinário. Escrevi o texto porque a experiência de o ler foi tão intensa que senti essa necessidade. Depois, comecei a fazê-lo para outros livros. E, pronto, nasceu o pedrices. E, já que digo isto, devo dizer também que o primeiro livro que li dele foi A Vida Nova, um intrigante romance sobre um livro que muda a vida de quem o lê e que é pretexto para uma singular viagem de autocarro pela Turquia. Não posso dizer que os livros de Pamuk mudaram a minha vida, mas tornaram-na melhor, de uma forma que só os livros de Saramago fizeram.

imagem tirada de: http://www.orhanpamuk.net/

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É através da leitura de romances, contos e mitos que acabamos por compreender as ideias que governam o mundo onde vivemos; é a ficção que nos dá acesso às verdades mantidas em segredo pelas nossas famílias, escolas e sociedade; é a arte do romance que nos permite perguntar quem realmente somos.


in Outras Cores, Orhan Pamuk, p. 237

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Isto promete...

31.03.10

Apesar de ter alguns posts para pôr em dia, não á para isso que este serve.

 

É apenas para deixar aqui o primeiro parágrafo de um livro que está à minha espera na estante, The Museum of Innocence, de Pamuk.

 

Vejam lá se não promete (tradução livre e minha, a partir da versão em inglês):

 

"Foi o momento mais feliz da minha vida, apesar de eu não saber. Soubesse eu, tivesse eu acolhido esta dádiva, ter-se-ia tudo tornado diferente? Sim, se eu tivesse reconhecido este instante de felicidade perfeita, rapidamente me teria agarrado a ele e nunca o deixaria escapar. Demorou poucos segundos, talvez, para que esse estado luminoso me arrebatasse, alimentando-me com a mais profunda paz. Mas pareceu ter durado horas, até anos. Nesse momento, na tarde dessa segunda-feira, 26 de Maio de 1975, por volta de um quarto para as três, ao mesmo tempo que no sentíamos para lá do pecado e da culpa, também o mundo parecia ter sido libertado da gravidade e do tempo."

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2009

04.01.10

 

De 88 livros que li este ano (nem todos tiveram post), fica o balanço/destaque. Omeu 2009 em livros foi assim:

 

Gente Feliz com Lágrimas, de João de Melo

 

Continuo a pensar neste livro, de como me sentia feliz por estar a lê-lo. É raro e é bom.

 

O que diz Molero, de Dinis Machado

 

Aqui não se trata de sentir felicidade, é mesmo de rir às gargalhadas. Uma grande descoberta.

 

A Estrada, de Cormac McCarthy

 

Não é tanto o livro, é mais a escrita. Tão seca, brutal e contundente. Um autor a explorar mais, talvez já em 2010.

 

A Ponte sobre o Drina, de Ivo Andric

 

Outro que não me sai da cabeça. Um dos melhores livros que li. Só pode ter sido o melhor do ano.

 

Abril Despedaçado, de Ismail Kadaré

 

A descoberta de um grande escritor, confirmei-o depois com o Palácio dos Sonhos. Mas este Abril… o que mostra não é deste mundo. Ou é, e não se acredita.

 

A Portuguesa e Outras Novelas, de Robert Musil

 

Ainda não foi desta que li O Homem sem Qualidades. Não faz mal, enquanto houver Musil para ler, eu estou bem. Não que seja agradável, não que seja fácil. Mas porque há ali qualquer coisa, como estas histórias demonstram, que sai do que é normal conseguir meter-se nas páginas de um livro.

 

 

 

 

Para além dos livros, há autores que também li mas dos quais não me apetece destacar nenhuma obra em particular. Valem por si, basta que escrevam, eu quero ler: Pamuk, Coetzee e George Steiner.

 

E, finalmente, Saramago. Talvez só ele pudesse encontrar as palavras para explicar o que sinto quando leio os seus livros.

 

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Mais um extraordinário livro de Pamuk. Os temas das diferenças/complementaridades entre Ocidente e Oriente, as questões da identidade e do eu, o romance histórico, estão lá e são desenvolvidos com uma mestria narrativa invulgar. Pamuk confunde o leitor, transportando-o para planos que não são facilmente atingíveis na generalidade dos livros. Aqui, uma vez mais, troca as voltas a tudo e a todos com as suas mudanças de narrador, gerando um efeito completamente inesperado num livro em que dois homens se debatem com as suas diferenças, dois homens praticamente iguais fisicamente, que se misturam um no outro, constituindo, de certa forma, uma só existência.
 
Sendo este um livro relativamente pequeno, pode servir como uma boa introdução a leituras mais densas e complexas como Neve ou Os Jardins da Memória.

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Mais um livro de Pamuk e, novamente, a sensação do encontro com um grande escritor. Este, Os Jardins da Memória (em inglês chama-se The Black Book) é o livro mais complexo que li deste autor. Não é tanto pela estrutura (como acontecia em A Casa do Silêncio) mas por tudo o que vai passando por esta narrativa. Ou melhor, por causa de tudo o que ela implica, das histórias paralelas, das explicações, dos detalhes. Às vezes, numa só frase de Pamuk acontece tanta coisa que é necessário relê-la algumas vezes para tirar todas as consequências.

 
Curiosamente, quando já ia adiantado na leitura, perguntaram-me sobre o que era o livro. E eu não soube responder. Há, efectivamente uma espécie de mistério (um desaparecimento) e consequente exploração do mesmo. Porém, não é fácil dizer sobre o que é, tal a quantidade de direcções que se vão formando. Mesmo que o próprio autor-narrador-nunca-se-percebe-quem-é-quem afirme ser este um policial, é muito pouco disso que ressalta.
 
No fundo, há aqui uma profunda reflexão que atinge matérias tão diversas como a história, a política, o jornalismo, o cinema, a sociedade, etc. O enquadramento vai sendo dado pela história da Turquia, pela cidade de Istambul, pela enorme diversidade de personagens e tempos históricos.
 
Não é livro que eu recomende a quem queira conhecer Pamuk. É um livro para ler depois, quando já se conhece e se gosta. É definitivamente um livro que eu recomendo a quem tenha interesse pela Turquia, pelo império otomano, pelas relações/diferenças entre ocidente e oriente.

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