Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]


2013

30.12.13

Em 2013 não consegui ler tantos livros como no ano passado. Mas fiquei perto: 64. Estes são os destaques do ano, em que oscilei entre a rendição a novos (para mim) autores:

 

- Jonathan Franzen e o fenomenal Freedom (e o excelente Correções)

- A descoberta de um escritor incrível, incrível - Nikos Kazantzakis, de Creta, cujo túmulo pude visitar no verão

- Mo Yan e o fantástico e surpreendente Peito Grande, Ancas Largas  

 

E a rendição aos  que já conhecia mas a quem gosto sempre de voltar:

 

- Orhan Pamuk, com The Museum of Innocence que saltou diretamente para a lista dos livros da minha vida

- José Saramago, a minha releitura anual. Desta vez foi o regresso ao meu livro de sempre, Ensaio sobre a Cegueira

- Philip Roth e o grandioso Teatro de Sabbath

Autoria e outros dados (tags, etc)

Demorei 25 anos até ler este livro. Parece uma parvoíce mas é verdade. Este é um dos primeiros livros de que me lembro de comprar. Quer dizer, não fui eu, pois claro, era uma criança, mas lembro-me que fui eu que o pedi, da revista do Círculo de Leitores. Não me lembro de nenhum outro livro de “adultos” (refiro-me a literatura não infantil mas que qualquer pessoa pode ler)  que eu tenha querido antes deste.

Mas, apesar de eu me sentir fascinado com o título, de gostar da capa, de olhar para a revista de forma sonhadora, tive que me confrontar com a realidade quando o livro chegou e eu não o consegui ler. Era cedo, muito cedo para aquilo. O livro foi ficando na estante, ou melhor, foi passando de estante em estante, de casa em casa, tem manchas de velhice mas eatá inteiro. Até agora, permanecia por ler. Apesar de algumas tentativas posteriores, continuei a deixá-lo de lado. Depois, anos mais tarde, acabei por perder um certo fascínio que tinha por temas religiosos. Por isso, passei a olhá-lo mais desconfiado.

Claro que agora, em vésperas de viagem à Grécia, à procura de que leituras fazer, volto-me, uma vez mais para Kazantzakis. No ano passado foi a mesma coisa: “tenho que ler um livro dele”. Só que não li. Acabei por ver o filme, Zorba, o Grego, tentando assim substituir a leitura de Kazantzakis. Nem sequer pensei nesta Última Tentação, não tinha nada a ver…

Este ano vou a Creta, a terra de Kazantzakis, onde espero ver, por exemplo, a sua sepultura (onde estão as palavras -  I hope nothing. I fear nothing. I am free. - sobre isto, e como isto me toca, talvez fale um dia, quando vir). Naturalmente, tenho pensado em lê-lo, só deixei para mais perto da data da viagem. Encomendei da Amazon o seu livro Report to Greco (não encontrei em português) que foi o que escolhi e talvez dele dê conta aqui mais tarde. Comecei a ler e… não sei o que dizer, permitam-me uma pausa…

 

Kazantzakis é, para mim, tão intenso que até incomoda. Li apenas o prefácio o e o início. Parei. Não é fácil lê-lo, ainda por cima em inglês. Mas fiquei em estado de epifania. O resultado foi ter ido à estante para pega na Última Tentação. De repente, depois daquelas páginas incríveis do Greco, precisava de ver como é que era em português, como seria ler Kazantzakis na minha língua, como seria, tantos anos depois, pegar naquele livros, agora que o seu autor já significava algo para mim. Abri o livro e li as 2 ou 3 páginas introdutórias. Pensei, ainda não é isto, deixa só ver os primeiros parágrafos. Só parei 100 páginas depois.

 

Não há maneira de descrever o turbilhão de sensações que tive a ler este livro. Eu não sei se Balzac desmaiou a ver arte em Florença, como se diz, dando origem ao nome desse síndrome de Balzac, o que eu sei é que eu quase me senti fisicamente mal disposto com a intensidade da experiência. Kazantzakis parece estar sempre à beira do sublime, parece que não há frases normais, parece que não há vulgaridade. Eu sei que é um livro sobre Jesus, eu sei que é o livro de um homem apaixonado por deus mas, caramba, eu sou um ateu, eu não tenho nada a ver com aquilo, como é que eu fiquei tão tocado? Pois, como sempre, a chave está no homem. Neste caso, um grego, Nikos Kazantzakis, que é, aposto, um dos maiores escritores que o mundo viu, ou verá.

 

Entretanto, sobre o livro propriamente dito, fica a história de Jesus e essa outra perspetiva: de quão pesado poderia ser para um homem o fardo de ser filho de deus.

Autoria e outros dados (tags, etc)

 

For this was my greatest ambition: to leave nothing for death to take - nothing but a few bones.

 

Nikos Kazantzakis, in Report to Greco

Autoria e outros dados (tags, etc)


Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

calendário

Fevereiro 2017

D S T Q Q S S
1234
567891011
12131415161718
19202122232425
262728



Arquivo

  1. 2017
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2016
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2015
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2014
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2013
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2012
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2011
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2010
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2009
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2008
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D

Tags

mais tags