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Veio-me parar às mãos, um pouco por acaso, este O Sonho do Celta. Não contava lê-lo para já mas, um belo dia, resolvi pegar-lhe só para ler as primeiras frases. Bom, li logo o primeiro capítulo, que é curto, e continuei a leitura nos dias seguintes.
Antes de mais, este é um romance-biografia um bocado à moda antiga. Não sei muito bem o que é que isto quer dizer mas corresponde à sensação que tive. Llosa é rigoroso e atento, mas também visual e enpolgante. Roger Casement, o biografado, foi um herói nacionalista irlandês (ou não, porque nisto dos independentismos fico sempre de pé atrás, e nada me garante que uma Irlanda independente seja melhor que uma Irlanda que integrava o Reino Unido). Mas, mais interessante que isso, foi um dos primeiros defensores dos direitos humanos, tendo ido para o Congo e para a Amazónia, onde reportou as atrocidades que lá se cometiam (dos colonizadores sobre os povos indígenas).
Há, por isso, momentos profundamente chocantes neste livro. Casement passou por cenários de atrocidades terríveis, e Llosa conta-as. O que fica, da história de Casement, não é tão interessante como este percurso que fazemos com ele por África e pela América Latina. E acreditem que não é coisa que habitualmente me seduza. Mas há qualquer coisa em Llosa, um certo estilo, uma perícia na arte de contar, e um interesse intelectual, que tornaram este livro numa leitura supreendentemente enriquecedora.
O que é que eu faço com este livro? É tão bom, tão bom que podia passar o resto do ano a escrever posts sobre ele. E nem é por concordar completamente, tenho até bastantes reservas. No entanto, é tão revigorante ler alguém que pensa a fundo e sabe olhar para as várias dimensões daquilo que diz!
Vou ver o que faço...
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