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Se disser que li estas cerca de mil páginas em seis dias, acho que já estou a dizer muito sobre a forma como fiquei empolgado com este livro. Depois de o segundo volume ter sido uma leitura mais arrastada, com este voltei ao nível daquilo que fiz com o primeiro.

Aqui estamos nos anos que vão desde a construção do muro de Berlim até à sua queda. Os centros da ação são Berlim e os EUA (também a URSS, mas parece-me que tem menor protagonismo, apesar de tudo). Na Europa, a luta pela liberdade, na América a luta pela igualdade (que não pode deixar de ser uma luta também pela liberdade). Follett leva-nos ao meio da crise dos mísseis cubanos, à luta pelo fim da segregação racial, pelo assassinato de Kennedy, pela angústia de ver um muro dividir uma cidade e famílias a meio, pelo medo de uma guerra nuclear. Tudo isto e muito mais de uma forma que acho que é a mais bem conseguida da trilogia. Curiosamente, no primeiro livro, critiquei a forma como o autor colocava personagens reais a interagir com os ficcionados, achei que perdia força nesses momentos, mas que eram poucos. Neste livro, Follett assume completamente esta técnica. Chega a haver um presidente que se torna amante de uma das personagens. E não é que resulta? Como se os livros anteriores tivessem sido um ensaio para fazê-lo como deve ser.

Fiquei também com a sensação que este livro se aguenta por si próprio, podendo ser lido de forma independente. E há tanto para aprender aqui. Destaco a forma como a luta dos negros americanos é contada. Tive a sensação de ter assistido à morte de Luther King, fiquei com a sensação de o ter conhecido, de ter entrado num autocarro com aquelas pessoas que lutavam pelo direito fazer coisas tão simples como ir à mesma casa de banho que os brancos.

Ao longo da leitura não pude deixar de pensar em Obama. Pensei tanto nele que, talvez por isso, no final do livro há uma espécie de epílogo dedicado à sua eleição. Nunca é demais lembrar o quão extraordinária ela foi. Agora que Hilary anunciou a sua candidatura, fico também com a esperança de estar a chegar a hora de ver uma mulher chegar a presidente.

Quanto a leituras, acho que estou convencido, vou ter que ler Os Pilares da Terra...

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Agora que me lancei no terrceiro volume desta trilogia, é melhor deixar aqui umas notas sobre o 2º volume, antes que comece a baralhar as coisas na minha cabeça:

Poderia repetir sobre este livro quase tudo o que disse sobre o primeiro. No entanto, gostei bastante menos. Talvez porque sinto que aprendi menos coisas novas por ser um período que conheço bem (essencialmente, o livro centra-se na 2ª Guerra Mundial). Mas também porque já li livros muito melhores, e também de ficção. Enfim, é nestas alturas que me recordo desse objeto desconcertante e absolutamente notável que é As Benevolentes. Apetecia-me regressar a ele em vez de acompanhar este Follett. Mas, vá, foi bom voltar a alguns personagens e ver o que lhes aconteceu. E continua a ser uma leitura altamente empolgante e muito informativa.

 

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Tenho muita dificuldade em lidar com a espera quando se trata de ficção. Não consigo ver uma série ao mesmo tempo que ela dá. Só começo quando ela já terminou ou vai bem adiantada (sim, isso faz com que eu ainda só tenha visto a 1ª temporada da Guerra dos Tronos). Detesto que um filme só continue no ano seguinte (e, mesmo assim, não consegui resistir a ir vendo, ano a ano, O Senhor dos Anéis). Os únicos que não me chateiam são os Before Sunrise/Sunset/Midnight porque, em rigor, não fazia ideia de que eles voltariam. No fundo, se calhar assim acabo por esperar mais, mas prefiro ver/ler tudo seguido.

Isto tudo para dizer que ando há uns anos à espera que saia o terceiro volume desta trilogia para poder começar a lê-la. Portanto, chegou o momento de me lançar nas mais de 2500 páginas da Trilogia O Século, isto sem nunca ter lido Ken Follett, ou seja, sem saber muito bem o que me esperava.

Vamos lá, primeiro, fazer um alerta: há uma diferença grande entre o mérito literário, a “arte pela arte”, a literatura enquanto expressão artística e estética, etc, blá, blá, blá... Quero eu dizer, e que fique bem claro, não posso dizer que isto seja uma grande obra literária no sentido “artístico”. Não é. Pelo contrário, tem falhas enormes, é vulgar e é irrelevante. Mas, evidentemente, também não é isso que este livro pretende ser, nem o seu autor anda propriamente a aparecer como alguém que possa ganhar um Nobel. Posto isto, vamos lá apreciar o livro por aquilo que ele é e por aquilo em que ele é uma das melhores leituras que se pode fazer, em termos de entretenimento e de informação.

Este volume inicial conta a história dos primeiros 24 anos século XX com destaque para o período pré e durante a Grande Guerra. Note-se que eu não disse que este livro se passa nesse período de tempo, nem que nos transporta para essa época histórica. Não, eu disse e repito: este livro conta a história. Digo isto porque acredito que esta é a grade diferença, o grande mérito e o que o torna tão interessante é que os acontecimentos-chave da história (real) é são os protagonistas do livro e o seu leitmotiv. Claro que para contar tudo, e com algum detalhe em certos casos, o autor criou os personagens que vão servindo de modelos das pessoas reais. Sim, são relativamente planas, todas muito direitinhas no seu papel, todas muito “boas” ou “más”, conforme dê jeito. Mas percebe-se bem que elas servem para ilustrar, que cada uma delas representa gente a sério que existiu e passou por aquilo.

Outro aspeto que me deixa sempre contente é que este livro é um bom ponto de partida. Aliás, é um pontapé. Ou seja, a ficção leva-me a querer saber mais e com mais rigor. Por isso, ainda ia eu a meio destas mais de 900 páginas e já estava a iniciar a leitura de um outro, desta vez de história, sobre a I Guerra Mundial que andava aqui à espera de vez (A Guerra que Acabou com a Paz, de Margaret MacMillan). Mas como se não bastasse, ainda me fez iniciar a leitura de Os Budenbrook, de Thomas Mann, que vai ainda mais atrás no tempo. Ou seja, Follett abre o apetite para outros, o que não é, de forma alguma, um elemento a desprezar. Isto deve dar para perceber que é precisamente a Grande Guerra que é um dos temas fortes deste primeiro livro. Sinceramente, nunca li nada tão claro sobre como começou esta guerra. Não serve para ficar a saber tudo, serve para compreender melhor a base. No fundo é como ir ver Pompeia, em Itália. Depois de ver tantas casas romanas em pé, compreende-se muito melhor qualquer outra ruína. É esse o mérito deste livro, cria uma forma de contextualizar e acompanhar os acontecimentos bastante eficaz.

Claro que há muita coisa que fica de fora. Esta história deixa de lado muitos países. A Espanha, tenho impressão, nem existe neste livro (sim, Portugal é citado, mas num papel tão anacrónico que nem vou falar disso - até porque não é inverosímil de todo), a França é um terreno onde se passa a história mas também pouco parece acontecer de relevante, a Itália, não me lembro… Mas a isso contraponho o detalhe com que a Rússia é caracterizada. Aprendi muitíssimo e, uma vez que tive a oportunidade de ir lendo a par com o livro de MacMillan tenho a impressão de que Follet não inventa demasiado, nem toma liberdades que não se possam aceitar. Fez opções, tinha que as fazer, e parecem-me bem feitas. Talvez haja algum excesso ao colocar Lenine ou Churchill a interagir com os personagens ficcionais, aí o livro não se aguenta, felizmente são breves momentos.

Para além da Grande Guerra, há outros temas que me chamaram a atenção: a revolução russa (sem esquecer um primeiro esboço logo em 1905); o contraste entre a nossa realidade atual e aquela de há apenas 100 anos - às vezes parece que estamos a ler sobre os tempos medievais, o que faz pensar no quanto evoluímos em termos de direitos, garantias e liberdades em tão pouco tempo; os EUA como terra de oportunidades - o contraste entre a Europa ainda cheia de “feudalismo” e a América como terra de liberdade e democracia; a luta pelos direitos das mulheres, nomeadamente a conquista do direito de voto.

E agora restam-me os próximos dois volumes.

 

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