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Gosto muito deste escritor mas gostei muito pouco destes livros.

A Filha de Agamemnon é interessante mas tão curto que fica aquém do que se esperaria. É um livro que pretende trazer o sacrifício de Ifigénia para uma Albânia comunista e ditatorial. Até consegue mas… e depois?

Bom, depois vem o segundo livro, escrito uns 20 anos mais tarde e que abandona um pouco o tom de regresso aos mitos gregos mas que nãoo sustenta nada de verdadeiramente interessante. Ou talvez só o fosse se eu conhecesse um pouco de hitória albanesa, coisa que não acontece. Mas o que eu noto é que num outro livo, O Palácio dos Sonhos, Kadaré foi capaz de me ensinar , de forma metafórica e indireta, muito mais do que nestes livros em que até é direto e, algumas vezes, radical.

Enfim, declaro a minha incapacidade para "acompanhar" estes livros. Mas quem nunca leu Kadaré não deve perder o Abril Despedaçado (e, por favor, não pensem que ao ver o filme vão saber algo sobre o que é esse livro). Quem conhecer a história da Albânia também vai provavelmente perceber o quanto este livro é bom e eu não sei…

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2009

04.01.10

 

De 88 livros que li este ano (nem todos tiveram post), fica o balanço/destaque. Omeu 2009 em livros foi assim:

 

Gente Feliz com Lágrimas, de João de Melo

 

Continuo a pensar neste livro, de como me sentia feliz por estar a lê-lo. É raro e é bom.

 

O que diz Molero, de Dinis Machado

 

Aqui não se trata de sentir felicidade, é mesmo de rir às gargalhadas. Uma grande descoberta.

 

A Estrada, de Cormac McCarthy

 

Não é tanto o livro, é mais a escrita. Tão seca, brutal e contundente. Um autor a explorar mais, talvez já em 2010.

 

A Ponte sobre o Drina, de Ivo Andric

 

Outro que não me sai da cabeça. Um dos melhores livros que li. Só pode ter sido o melhor do ano.

 

Abril Despedaçado, de Ismail Kadaré

 

A descoberta de um grande escritor, confirmei-o depois com o Palácio dos Sonhos. Mas este Abril… o que mostra não é deste mundo. Ou é, e não se acredita.

 

A Portuguesa e Outras Novelas, de Robert Musil

 

Ainda não foi desta que li O Homem sem Qualidades. Não faz mal, enquanto houver Musil para ler, eu estou bem. Não que seja agradável, não que seja fácil. Mas porque há ali qualquer coisa, como estas histórias demonstram, que sai do que é normal conseguir meter-se nas páginas de um livro.

 

 

 

 

Para além dos livros, há autores que também li mas dos quais não me apetece destacar nenhuma obra em particular. Valem por si, basta que escrevam, eu quero ler: Pamuk, Coetzee e George Steiner.

 

E, finalmente, Saramago. Talvez só ele pudesse encontrar as palavras para explicar o que sinto quando leio os seus livros.

 

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O Palácio dos Sonhos corresponde à sede de um estranho e misterioso ministério que controla, verifica, classifica e interpreta os sonhos de todos os cidadãos do império otomano. Nele trabalham funcionários presos a uma rotina e burocracia cruéis, não havendo espaço para a individualidade. Trabalhar lá significa, normalmente, deixar de gostar do mundo fora das paredes do Palácio.
 
Partindo disto, numa trama kafkiana, Kadaré desenha uma história surpreendente e entusiasmante, cheia de intriga política, traição e mistério. Um grande escritor, agora sem dúvida nenhuma.

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É fácil que um livro com um tema destes seja fascinante. Trata-se de abordar uma tradição albanesa, o Kanun, que é uma espécie de código de conduta centenário, responsável por gerir relações sociais, nomeadamente as dívidas de sangue. Por isso, logo no início deste Abril Despedaçado assistimos a um homem que mata outro porque… bom, porque é assim…
 
De facto, o Kanun prevê que alguém da família X mata um membro da família Y e, por isso, a família Y tem o direito de matar alguém da família X. E assim por diante, sem parar, as vinganças vão-se sucedendo ao longo de gerações.
 
Abril Despedaçado aborda esta temática e fá-lo pela pena de um grande escritor. Kadaré não só cria uma obra fascinante pelo tema mas também pela sua escrita.
 
Todos os absurdos deste Kanun são explorados e descritos com um olhar envolvente e peculiar. A forma como Kadaré pega na história torna-a ainda mais interessante. Apenas o final parece estar mais concentrado em provocar um efeito no leitor do que em ser fiel ao resto da obra.
 
É difícil escrever sobre este livro sem entrar em pormenores sobre o que nele se passa. No entanto, neste, mais do que nunca, é essencial ler sem saber o que vai acontecer, tal é a surpresa que provoca a revelação constante daquilo que o Kanun leva as pessoas a fazer.
 
A cegueira da tradição encontra aqui um dos seus mais acutilantes exemplos. A necessidade de saber parar grita mas não é ouvida. E treme-se de medo ao pensar: ainda hoje o Kanun existe. E nem sempre é só na Albânia…

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