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Ora aqui está um exemplo de como é possível dizer muito, imenso, ser quase definitivo sobre um tema e, ao mesmo tempo, de uma economia, contenção e acutilância fenomenais.
in "Camp" - Algumas notas, de Susan Sontag
35. Normalmente, valorizamos uma obra de arte pela seriedade e a dignidade daquilo que consegue atingir. Apreciamo-la por ser conseguida - por ser aquilo que é e, presumvelmente, por realizar a intenção que lhe está subjacente. Assumims a existência de uma relação certa, ou seja directa, entre a intenção e a realização. É por esse padrão que apreciamos A Ilíada, as peças de Aristófanes, A Arte da Fuga, Middlemarch, as pinturas de Rembrandt, Chartres, a poesia de Donne, A Divina Comédia, os quartetos de Beethoven, e - entre as pessoas - Sócrates, Jesus, São Francisco, Napoleão, Savaranola. Em resumo, o panteão da alta cultura: verdade, beleza e seriedade.
36. Mas há outras sensibilidade criativas além da seriedade (trágicas e cómicas) da alta cultura e do estilo elevado de avaliação das pessoas. E enganamo-nos a nós próprios, como seres humanos, se apenas mostrarmos respeito pelo estilo da alta cultura, por diferente que seja o que fazemos ou sentimos às escondidadas.
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