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Dos sonhos

31.07.15

Isto é quase um guilty pleasure mas há um raio de uma música, de uma banda improvavelmente chamada Scooter, que eu adorava quando eu era puto. Mas, vá lá, percebi depressa que era mesmo só essa. Então comecei a ter um sonho que me surgia especialmente quando andava pela enorme loja da Valentim de Carvalho que existia no Rossio (há quem se lembre? Foi lá que comprei os meus primeiros cd’s e os meus primeiros livros). O sonho era o de que um dia eu pudesse comprar só as músicas que queria, assim, ia logo comprar essa Break it Up dos Scooter, sem ter que comprar o CD todo.

O tempo passou e hoje o meu sonho está tão facilitado que já nem sequer tenho que comprar a música. Posso, pelo valor de uma assinatura mensal, ouvir quase toda a música que eu posso querer. Tudo começou com a Apple Store que permite comprar apenas um tema, mas agora com o novo Apple Music pode-se ouvir tudo o que se quiser. Também há o Spotify e, sinceramente, estou mesmo muito dividido entre um e outro. Enquanto o Apple Music está gratuito, vou usando os dois, mas um destes dias vou ter que decidir.

Enfim, a tecnologia às vezes faz com que alguns sonhos se cumpram, e garanto que a música dos Scooter (hoje já não gosto tanto, tá?) foi uma das primeiras que pus a tocar no iPhone logo que subscrevi o serviço.

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guerra e paz III.jpg

Certos livros leem-se mais por obrigação do que por convicção mas, felizmente, no caso dos grandes clássicos, isso é quase sempre sinónimo de uma grande experiência. É difícil ler algo como este Guerra e Paz e não ficar impressionado. Desde logo, pelo rigor da reconstituição, o trabalho minucioso de construção de personagens e situações, a profundidade geral que se sente a cada passagem

Quem leu os meus outros posts sobre Tolstói sabe que eu nem sempre me senti convencido com ele. Tenho, evidentemente, o maior respeito pela sua obra, mas senti durante muito tempo que não era para mim. Até que cheguei à Karenina e tive que me render, mais do que render, ajoelhar. Com Guerra e Paz faço uma vénia profunda, mas volto um pouco à minha posição inicial. Dar-lhe-ia nota 20 se estivessemos a falar da qualidade, mas a minha sensação subjetiva não é assim tão boa. Sinto-me recompensado, mas também sinto que sofri bastante - são 4 volumes - para chegar ao fim.

Mas sim, é uma obra-prima, das maiores de sempre.

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Há livros que têm que ser lidos com urgência, sob pena de já estarem desatualizados quando lá chegarmos. Este é talvez o melhor exemplo de um livro que deve ser lido, de preferência, no dia em que saiu. Isto porque Friedman é absolutamente extraordinário na forma como identifica as tendências e tira conclusões dos casos particulares para chegar ao geral. De qualquer forma, mesmo lendo-o com atraso de anos ,é ainda altamente compensador. Por um lado, até se torna divertido perceber onde é que Friedman acertou e onde é que falhou.

Falando um pouco do conteúdo. Friedman apercebeu-se, a certa altura, que o mundo estava a ficar plano. O que é que isto significa? No fundo, trata-se da possibilidade cada vez maior de interagir com pessoas bem longe de nós, deslocalizar serviços, recorrer a outsourcing no estrangeiro, ter a mesma música em zonas completamente diferentes e distantes, vestirmo-nos de forma parecida, termos os mesmos ídolos, etc, etc. Numa expressão: a globalização tornou o mundo plano. Ora, o que é aqui feito é uma análise do fenómeno, tanto do ponto de vista das mudanças que provoca, como das tendências que se começaram a desenhar.

A perspetiva de Friedman é intensamente otimista, para não dizer eufórica. Por isso, claro que será criticado por muitos. É verdade que um pouco mais de equilíbrio, e até mesmo prudência, não ficariam mal. Mas é uma obra fascinante pelos casos que conta, pelo entusiasmo da escrita, pela capacidade de partir do micro para chegar ao global. Há tanta falta de visão no que se vê por aí que é uma autêntica lufada de ar fresco ler quem está mais interessado na realidade do que nos preconceitos.

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Espinosa é capaz de ser um dos filósofos mais inacessíveis, pelo menos no que diz respeito a ler as suas obras. Quem passar pelas primeiras páginas da sua Ética vai provavelmente ter muita dificuldade em avançar. No entanto, o seu conceito de Deus é, na minha opinião, o mais realista, e até bonito, porventura o único que vale a pena aprofundar. Posto isto, é natural que tivesse alguma expetativa em relação a este livro e à possibilidade de o mesmo me conseguir dar umas luzes sobre o filósofo. Já aconteceu com os outros livros de Yalom, um sobre Niezstche e outro sobre Schopennauer. Em relação ao primeiro, que conhecia relativamente bem, tive uma leitura mais descontraída, mais de romance, mais de apreciar as possibililidades que a ficção abria a um homem, no mínimo, complicado. Schopennauer foi diferente porque não o conhecia nada bem e, por isso, o livro foi mais informativo, mas também menos intenso em termos emocionais.

Ponto de situação que é preciso referir: estes livros de Yalom são todos muito parecidos, em estrutura e em escrita. São, até, quase esquemáticos. Só servem para nos abrir o apetite para mais, mais filosofia, mais obras dos autores. Nesse sentido, são excelentes.

Voltando agora a este Espinosa. Apreciei particularmente as histórias paralelas e o autor explica logo no início porque é que as fez assim: por um lado, acompanhamos Espinosa na altura da vida em que é “expulso” do mundo dos judeus pelas suas opiniões contrárias à doutrina vigente. Por outro, acompanhamos, no século XX um terrível nazi - Alfred Rosenberg na sua ascensão ao poder e no desenvolvimento das suas ideias antissemitas, as quais se confrontam frequentemente com a figura de Espinosa.

No final do livro, como é hábito do autor, há uma nota explicativa sobre o que é ficção e o que é realidade. Recriar um Espinosa não é tarefa fácil e fica-se com a sensação de que houve um grande esforço de equilíbrio. Talvez seja dos vários romances de Yalom o menos empolgante, mas fica-me a sensação de que também é o mais ponderado e sério.

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Hesito entre dizer sobre o que é este livro ou não dizer nada sobre a história e limitar-me a um pequeno comentário. Encontrei-o há dias, usado, a 5 euros, e nem queria acreditar porque nem sequer sabia que existia em português. Maior sorte do que encontrá-lo, foi lê-lo, isto porque Remanescente é um romance radical, na linha daquilo que gosto de sentir quando leio, um incómodo e uma perturbação permanentes.

Acho que, afinal, vou ter que dizer qualquer coisa sobre o que se passa neste livro. Por isso, quem quiser a sensação de ir completamente em branco para ele, como eu fui e recomendo que se vá, é parar de ler o texto por aqui.

O livro é escrito na primeira pessoa e ficamos a saber, logo no início que o narrador sofreu um acidente (qualquer coisa que caiu do céu) e isso levou-o a perder a memória e passar por um longo e difícil período de recuperação (coma incluído). Apesar de tudo, parece uma pessoa normal. Um dia recebe a notícia de que lhe vai ser dada uma indemnização pelo acidente, de repente, passa a ter vários milhões ao seu dispor. Ainda assim, não parece particularmente entusiasmado. Tudo muda no dia em que, na casa de alguém, vê uma racha na parede que o leva a recordar uma casa onde tinha vivido, não só o sítio mas também alguns detalhes sobre os vizinhos. Ora, é aqui que o romance começa a evoluir numa direção perturbadora. O dinheiro vai permitir-lhe montar um prédio ao seu gosto, contratar pessoas para fazerem de vizinhos e, dessa forma, reconstituir os momentos de que se lembra. O pior é que isto se torna uma obsessão - reconstituir momentos - e com consequências imprevisíveis. O leitor, ou pelo menos eu, perante isto, vai ficando surpreendido, primeiro; incrédulo, depois; fascinado, a certa altura; e furioso, no final. Não há contemplações, apenas o deixar o personagem evoluir na sua vontade. E é muito perigoso deixar à solta quem tem dinheiro para tudo. Há um enorme porquê que atravessa a leitura e que vai sendo alimentado por uma ou outra pista, mas tudo isso vai dar num enorme nada, ou num enorme leque de possibilidades, quem quiser que escolha o que sente. Não há filosofia barata aqui, mas há muitas coisas para pensar.

Fico com a impressão de que este tipo de sensação/história é algo que já vi algumas vezes no cinema, em filmes mais experimentais, ou menos convencionais. Agora isto, assim, num livro, é demasiado invulgar e, no fundo, não é fácil de catalogar em termos de gosto ou não. Não é fácil acompanhar os detalhes de algumas das recriações mas, por outro lado, não é fácil largar estas páginas.

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Pausa

08.07.15

Às vezes precisamos de parar. Desculpem a ausência mas também só parando se consegue recomeçar.

 

O pedrices volta dentro de momentos

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