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Eu devia parar para escrever um post sério sobre este livro, não era? Mas não consigo. A cabeça ainda anda às voltas e não é fácil assentar ideias. A história até pode ser parva e pouco sustentada e, no entanto, não são assim, muitas vezes, as grandes metáforas? Agitar, sacudir, chocar, são as imagens de marca de Houllebecq, mas não é isso o que mais dá gozo na literatura que rompe com o óbvio e nos empurra contra as fronteiras, que nos incomoda? Houvesse mais livros assim e, se calhar, tinhamos temas muito mais interessantes para conversar. Não gostei de quase nada, não achei grande parte daquilo verosímil, mas os livros de Houellebecq ficam-me no sangue, e este ainda está a ferver.
P.S. A edição portuguesa já saíu, chama-se Submissão.
Olímpia é outro dos destinos essenciais da Grécia e, claro, um dos pontos mais desejados da viagem. Por causa do tempo e das voltas que foi preciso dar para ver Bassae, Olímpia foi vista em dois momentos: um dia, à noite, quase a fechar, foi para ver o museu, e o dia seguinte foi para voltar e ver o sítio.
Primeira conclusão: é impressionante e frustrante. Depois de ver um templo quase todo em pé e de, em muitos outros locais, ter visto a forma como se vai tentando reconstruir ou, pelo menos, dar uma ideia de como as coisas eram, nomeadamente colocando as colunas em pé, é estranho ver a opção em Olímpia, onde pouco está em pé e onde o templo de Zeus, o maior templo da antiguidade é um conjunto de pedras pelo chão.
Claro que isto é também um confronto bastante interessante sobre as opções que se podem fazer em matéria de arqueologia e de conservação do património. Nada como ver ao vivo quase todas as experiências, sim, porque na Grécia fica-se com a sensação de que tudo já foi tentado. E se há reconstruções muito duvidosas, também há magníficos trabalhos de restauro e, noutros casos, um simples abandono que pode ser tão significativo como um grande trabalho de restauro. Considerações à parte, o que chateia em Olímpia é que, pela primeira vez na Grécia, o sítio é grande, enorme, mas plano. Normalmente, a paisagem é parte do deslumbramento. Aqui não há disso, há um passeio pelas ruínas que, sem deixarem de ser fascinantes, não me parecem as mais sedutoras da Grécia, depois de tudo o que já vi.
Achar menos interessante não significa, porém, que não seja uma visita indispensável. Se fosse preciso mais, haveria sempre o museu, magnífico e imperdível.
E, claro, o estádio dos jogos olímpicos, o original.
Véspera de viagem, uma corrida à estante à procura de um livro pequeno e leve (no peso, não no conteúdo). Encontrar o Philip Roth e parar de procurar - Roth é garantido, é esta a minha companhia para a viagem.
Foi assim que levei comigo este livro que, na edição portuguesa, se chama O Animal Moribundo. Bom, só não foi boa escolha no sentido de que a leitura acabou por ser tão compulsiva que, no final de uma viagem de avião entre Lisboa e Marselha, já estava praticamente lido.
The Dying Animal é mais um Roth sobre o envelhecimento, ou sobre um homem bastante velho, bastante sexual e bastante capaz ainda. No fundo, parece às vezes que Roth está sempre a escrever o mesmo livro. Porém, não sei como consegue mas essa impressão acaba logo ao fim de poucas páginas. Parece que há sempre ângulos novos, situações inesperadas, reflexões que vão ainda mais fundo. Sim, Roth é garantia de um bom livro.
Já agora, na edição portuguesa, este livro chama-se O Animal Moribundo, mas lê-lo no original é ainda melhor, pois claro.
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