Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Expliquei aqui que o livro de Follet provocou-me uma vontade enorme de ir ler mais coisas sobre a 1ª Guerra Mundial. E este era o livro que eu já andava para ler. A premissa que assumi era de que este livro se concentrava bastante nos protagonistas, ou seja, analisava, de facto, em que medida os acontecimentos foram sendo condicionados pelo comportamento e características pessoais de cada um dos responsáveis da época. Interessei-me pela abordagem e lá fui eu. Note-se ainda que este não é um livro sobre a guerra, é sobre como é que foi possível ela ter começado. Portanto, concentra-se nos anos anteriores e na forma como os acontecimentos foram levando ao desfecho final que conhecemos.
Num livro de história, desde que feito de forma competente e séria, aprende-se sempre muito. Foi o caso aqui, absolutamente. No entanto, o que é que separa um grande livro de história de um livro “normal” de história. Muitas vezes, é a estrutura que faz a diferença, a forma como os temas se organizam e nos vão chegando com um encadeamento que, para além de ser informativo, é cativante ou, mais importante, faz com que tudo flua. Aqui, esse é um ponto fraco. Por falar em pontos fortes e fracos, aqui ficam.
Pontos fortes:
- A atenção dada à personalidade de cada um dos intervenientes, os aspetos biográficos, o contar de pormenores específicos da ação de cada um, são elementos que diferenciam este livro dos demais
- O relacionamento constante dos acontecimentos pré-guerra com eventos muito posteriores. Ou seja, MacMillan não deixa de tirar lições ou fazer comparações com eventos dos dias de hoje ou de há pucos anos. E normalmente fá-lo com uma capacidade de relacionamento bastante notável.
Pontos fracos
- A estrutura é uma total confusão. Ora se fala de uma crise que ainda não se especificou mas que se até tem um capítulo dedicado a ela mais à frente, ora se opta por explicar a meio do texto.
- Repetição de ideias que até obriga a fazer uns dias de intervalo porque… enjoa estar sempre a ler o mesmo.
E, de repente, é assim: começa-se a ler um livro e ele leva-nos, faz-nos pedir mais, entristece-nos, faz-nos largar gargalhadas e, depois de ter chegado o fim, não temos qualquer ideia sobre como explicar aos outros o porquê de termos gostado tanto. Não deve ser só comigo, até porque este livro tem a curiosa história de ter passado despercebido quando saiu e agora é que está a ter sucesso.
Stoner é um professor universitário relativamente irrelevante, tem um casamento profundamente aborrecido, comete erros monumentais, tem origens humildes mas tudo o que lhe acontece para ultrapassar a desvantagem não é fruto de uma atitude de procura ou de entusiamo. Não, Stoner pouco faz na vida para merecer a nossa atenção. No entanto, este livro é daqueles que mexem e remexem em quem o lê. Tão bom!
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.