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Epá… isto não correu nada bem este ano… Não cheguei a 40 livros… Posso sempre tentar defender-me com o facto de ter lido vários livros acima das 500 páginas, mas isso não me consola. O melhor é começar a acelerar já para que 2015 seja diferente.
Destaques do meu ano:
Na Ficção - Doutor Jivago de Pasternak e Os Buddenbrook de Thomas Mann
Na história - Millenium e Fogo Persa de Tom Holland
Na BD - Logicomix
Alguns destes ainda não tiveram direito a post. A ver se consigo tratar disso.
Bom ano e boas leituras!
Há imenso tempo que acompanho o Richard Zimler (lendo notícias sobre ele, entrevistas, etc). Apesar de o estimar bastante por aquilo que tem revelado enquanto pessoa, nunca tinha lido nenhum dos seus livros. O que até era bom, é que agora estou com o problema de os querer ler todos…
Neste Goa ou O Guardião da Aurora vamos conhecer a família Zarco, judeus portugueses que vivem em Goa num tempo perigoso para eles, nos finais do século XVI, quando os judeus são expulsos de vários países e a inquisição lhes move uma perseguição implacável. Ora, é com esta família neste contexto que o romance ganha logo um interesse acrescido: podermos entrar num universo onde se juntam as culturas portuguesa, hindu e judaica. Zimler é de facto muito bom na forma como vai gerindo estes elementos, interligando-os de forma coesa.
O livro começa de uma forma bonita, quase lírica, e vai evoluindo até se tornar uma espécie de policial. Senti claramente que o meu próprio ritmo de leitura se ia adaptando. Li as primeiras dezenas de páginas devagar, saboreando, depois comecei a ler mais rapidamente e, nas últimas dezenas, já parecia que estava a ler Agatha Christie, ansioso por chegar ao fim. O final é, aliás, um exemplo de bom gosto e de boa execução. Lembra uma sinfonia que termina com uma nota perfeita, daquelas que ficamos a ouvir mesmo quando a música já acabou.
Há apenas um elemento um pouco desconcertante. Muitas das matérias introduzidas parecem demasiado modernas para aquele contexto histórico. A forma como as relações familiares se desenrolam, os diálogos cheios de tolerância e razoabilidade, tudo parece demasiado bom para ser verdade. Mas isso desculpa-se pelo que infinito interesse que tem mesmo assim e, na verdade, o resto do livro está cheio de momentos profundamente dramáticos, e alguns até atingem uma intensidade de poder fazer algumas pessoas mais sensíveis passarem um mau bocado. Estávamos nos tempos da inquisição, o terror andava à solta.
Que o Natal vos tenha trazido os livros que mais desejaram. A mim, sim!
Obrigado!
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