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2013

30.12.13

Em 2013 não consegui ler tantos livros como no ano passado. Mas fiquei perto: 64. Estes são os destaques do ano, em que oscilei entre a rendição a novos (para mim) autores:

 

- Jonathan Franzen e o fenomenal Freedom (e o excelente Correções)

- A descoberta de um escritor incrível, incrível - Nikos Kazantzakis, de Creta, cujo túmulo pude visitar no verão

- Mo Yan e o fantástico e surpreendente Peito Grande, Ancas Largas  

 

E a rendição aos  que já conhecia mas a quem gosto sempre de voltar:

 

- Orhan Pamuk, com The Museum of Innocence que saltou diretamente para a lista dos livros da minha vida

- José Saramago, a minha releitura anual. Desta vez foi o regresso ao meu livro de sempre, Ensaio sobre a Cegueira

- Philip Roth e o grandioso Teatro de Sabbath

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Às voltas...

27.12.13

Há livros que me marcam tanto que não sei o que fazer no final. Ando há vários dias a tentar escrever um texto de jeito sobre Peito Grande, Ancas Largas e já decidi umas 47 vezes que vai ter só um parágrafo ou dois a dar conta. Mas não consigo deixar de acrescentar frases e apagá-las. Portanto, não faço ideia de que tipo de coisa há de sair dali, se é que vai sair mesmo. Por isso, este é o tal texto de um parágrafo e serve para dizer que Peito Grande, Ancas Largas de Mo Yan é um livro maravilhoso. Espero sinceramente chegar a conseguir o tal texto de jeito…

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Há quanto tempo eu andava para ler Stephen Zweig! E, na verdade, acho que não podia ter tido melhor introdução. Esta pequena novela é também uma pequena maravilha, uma enorme demonstração de concisão e de capacidade de criar uma atmosfera com pequenos elementos. No fundo, é uma pequena história sobre um episódio numa viagem de barco. No entanto, Zweig consegue incluir nela o fascínio do xadrez sem transformar isso em algo ilegível para não especialistas (um dos momentos mais exasperantes da minha história pessoal de leituras está nas páginas que Samuel Beckett escreveu sobre este jogo - e Beckett é um génio). Mas o xadrez é pretexto para um intenso relato sobre as atividades da Gestapo na Áustria e sobre a forma como ela interrogava "suspeitos".

Lê-se de uma vez, mas palpita-me que dura para sempre.

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Nesta coisa de escrever as minhas impressões sobre as leituras que vou fazendo, há um exercício que acho particularmente interessante - o da objetividade. Não pretendo ser um exemplo, faço-o para mim próprio. Não gosto de julgar de uma forma completamente subjetiva e quando o faço, e faço-o muitas vezes, costumo assinalá-lo. Ou seja, quando digo que não gostei só “porque sim” (e acontece muito porque é absolutamente natural) costumo dizer que é o caso.

Este livros provoca-me alguns problemas a esse nível. Não posso dizer que gostei. Mas como é que se pode não gostar de um livro que se leu num ápice? Comecei num dia e acabei no dia seguinte, apenas lhe peguei essas duas vezes. Não me aborreceu, ri-me várias vezes, passei umas boas horas. Mas quando chego à parte de apreciá-lo de forma mais completa, quando tento escrever as minhas impressões sobre ele, fico cheio de dúvidas.

O meu principal problema é a forma como o tema me toca. O período nazi e da segunda Guerra Mundial é um tema recorrente das minhas leituras, dos meus filmes, das minhas reflexões. E, por isso, não poderia deixar de ficar curioso com esta história em que se escreve sobre o regresso de Hitler. Mas o regresso literal, ou seja, de repente, num belo dia do nosso tempo, Hitler acorda e está novamente aí. O que é que se espera de uma coisa destas? Bom, em primeiro lugar, talvez uma explicação. Mas não há. O autor não nos ilude e torna bem claro que isto aconteceu e pronto, ou se aceita ou não. Eu aceitei e, portanto, não é rigor que espero, mas que essa ficção sirva para um propósito maior. Depois deste início em que Hitler acorda vamos acompanhá-lo na sua descoberta da Alemanha dos nossos dias. E vamos ver também como é que as pessoas reagem a este acontecimento. Claro que ninguém acredita que ele seja o verdadeiro Hitler, apenas acham que é um ator particularmente parecido e muito rigoroso no seu papel. Pronto, quem quiser um livro sobre isto pode então ir ler. É divertido ver Hitler a interagir com o telecomando da televisão ou a tornar-se uma celebridade no youtube. Mas esse não era o livro que eu esperava. Na verdade, aquilo que eu esperava não é relevante para o que o livro é, portanto: veredito um - enquanto livro de entretenimento, sobre alguém do passado que acorda no futuro, está giro. Fraquinho mas giro. Há imensas coisas assim na ficção, nada de muito original.

A outra leitura, a que eu esperava encontrar e está lá latente, é ainda menos desenvolvida. Refiro-me à reflexão sobre o regresso das ideias de Hitler no contexto atual. E é aí que os meu problemas com este livro começam. É que não se pode falar de um ressurgimento, hoje, dessas ideias. Elas não voltaram porque infelizmente têm estado sempre por aí. Ganham protagonismo recorrentemente. É assustador mas é verdade que estão sempre latentes, e ganham sempre mais adeptos em alturas difícieis como a que atravessamos. Eu esperava alguma reflexão sobre isso mas a verdade é que, nesse particular, construir a fantasia do regresso de Hitler, acaba por enfraquecer qualquer possibilidade de tratar o tema de forma relevante. O próprio livro reflete sobre o humor e os seus limites, mas parece-me que o que ele faz não é tanto usar o humor, é usar a fantasia, a qual enfraquece as possibilidades do humor. Portanto: veredito dois - enquanto reflexão sobre as fronteiras e possibilidades do humor no tratamento de temas fundamentais, é uma desilusão.

Mas há outro problema pessoal. É que o tema do regresso de Hitler já o vi tratado de forma magistral no filme A Onda. Aí um professor desafia os alunos que acham que seria impossível o regresso de um regime totalitário à Alemanha. Cedo se começa a ver que, afinal, não seria assim tão difícil. Para além de ser parcialmente uma história verdadeira, A Onda mostra como a manipulação mais primária e os sentimentos mais vis têm um caminho a percorrer e muita gente para aplaudir de pé. Por isso, não me revejo na fantasia de Hitler acordar hoje e divertir-me a ver como ele se adaptaria. Pelo contrário, sofro sempre por ver que ele ainda está demasiado vivo.

Posto isto, este livro tem tudo para agradar a muita gente. Eu  tenho razões muito pessoais para o odiar. Mas, ainda assim, gostei de o ter lido. Em que ficamos? Não sei. Se o lerem, digam coisas. Mas, já agora, porque não ver o filme de Dennis Gansel?

 

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Este é um livro de antropologia, embora me custe um pouco atirá-lo para uma categoria só. De qualquer forma, a antropologia também não é propriamente uma área estanque, pelo que o seu uso aqui deve ser encarado nessa lógica mais abrangente. Jared Diamond resolveu pegar naquilo que sabe de antropologia, na experiência que tem (e é enorme), em particular no seu conhecimento de povos que, ainda hoje, vivem de forma próxima dos “primitivos” (mais um conceito que estou a usar de forma simplória) e comparar, em várias áreas, a vida desses povos, e de outros dos quais há memória histórica, com as “nossas” sociedades ocidentais (ou ocidentalizadas).

As comparações são a vários níveis: como são tratadas as crianças, como são tratados os idosos, a utilização da linguagem, a forma de administração da justiça, a organização e delimitação do território, a relação entre as pessoas, etc.

O que realmente interessa é o que o autor no vai contando. As “lições” que ele retira, ou seja, aquilo que deveríamos trazer das sociedades mais antigas para as nossas, isso já é uma outra história. Para além de parte do exercício se limitar ao óbvio (páginas e páginas sobre a relação do homem com o sal na alimentação para dizer que não devíamos consumir tanto sal), há uma outra parte pouco convincente ou até mesmo inconclusiva.

Mas, na verdade, há livros que são tão interessantes que se lhes perdoa tudo. Este é um desses. Tem excessos, tem exemplos a mais, tem posições muito pouco defensáveis, tem uma tese central que está pouco sustentada e não serve para muito. Tem isso tudo. Mas é uma leitura absolutamente enriquecedora.

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Nelson Mandela

05.12.13

Sabíamos que ia acontecer. Ainda assim, custa muito ver o mundo perder um dos últimos grandes heróis.

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