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E eu fico contente. Li Mia Couto quando era adolescente porque as capas dos livros dele me atraíram. Nessa altura, sabia pouco sobre distinguir os livros bons dos outros. Acertei, neste caso. Não me lembro exatamente do que li mas lembro-me de uma ideia forte: é possível brincar com a língua, as palavras podem ser transformadas em palavras mais bonitas, as histórias podem ser “abensonhadas”, e assim pode-se escrever com mais liberdade.

Não vou voltar a lê-lo, mas que me marcou, lá isso marcou.

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Segunda visita à feira, desta vez para aproveitar a Hora H:

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Só há uma forma de falar deste livro, é pôr aqui o primeiro parágrafo. Abram alas:

A Grécia temeu Apolo, mesmo antes de ele nascer. Sentindo já as dores de parto, Leto vagueava pelas terras e as ilhas do Egeu: era a mais delicada das deusas e possuía todas as quealidades que o filho viria violentamente a ignorar. Pediu abrigo, mas as terras e as ilhas já conheciam Apolo antes de ele nascer e tremiam à ideia de o verem pisar o seu solo. Recusaram, e o deus sentiu a dor e a dificuldade de vir ao mundo, como os seres humanos. Por fim, Leto dirigiu-se a Delos, a ilha mais pequena e mais obscura de todas as ilhas do Egeu. Ofereceu-lhe um templo. Delos também receava. Receava que o jovem deus a desprezasse e, calcando-a com os pés, a fizesse desaparecer nas águas do mar: se assim fosse, as ondas submergi-la-iam, os polvos fariam os seus covis por cima dela, as focas habitariam na sua superfície deserta. Leto jurou: "Aqui, haverá sempre o perfumado altar de Febo e o seu santuário, e ele honrar-te-á mais do que a qualquer outra terra". Só então Delos aceitou receber a mãe e o filho.

  

Pronto… O meu texto devia acabar aqui porque está tudo dito.

Mas não resisto a umas palavras. Foi este magnífico início que me atraíu, há uns tempos, numa livraria. Acabei depois por ir requisitá-lo à biblioteca e descobrir como é belo. E é de forma consciente que falo de beleza ao falar de um livro de ensaio. Este livro é belo como só as obras de ficção costumam ser. Mas há aqui tanto amor pela cultura grega, tanta paixão por contar as suas histórias, que o resultado não é só uma homenagem, não é só um recontar, é muito mais, é uma irresistível odisseia pela Odisseia.

O livro começa como já viram, com Apolo, com um magnífico ensaio sobre esse deus fascinante (podem ver fotografias de Delos no menu Viagens aqui do pedrices). Depois, Hermes, um deus que eu nunca tinha visto descrito com tanto interesse. Depois, Aquiles, Ulisses, etc. Um capítulo para cada tema, numa estrutura tão bem composta que não se dá por ela e, de repente, começamos a perceber que estamos completamente mergulhados na Odisseia. Não só num ensaio sobre a Odisseia, mas completamente dentro da história, na companhia de um guia fabuloso. Que escreve frases como esta:

Amainados os ventos, a neve do inverno desce sem cessar, até cobrir os cumes das colinas, as planícies, os homens, as costas e até, por um instante, as ondas do mar.

Todo o ensaio é intertextual. A Ilíada, do “primeiro Homero”, é constantemente evocada para o diálogo, e às vezes, confronto com a Odisseia do “segundo Homero”. Mas Citati, que pelos vistos escreveu sobre grandes escritores (Kafka, Goethe, só para início de conversa), faz também leituras que se estendem a toda a história da literatura ocidental, dos clássicos aos mais modernos. Curiosamente, tanto neste livro como no que li anteriormente (ver o meu último post), os autores traçam paralelismos entre Tólstoi e Homero. Mais um empurrão para eu um dia ler o Guerra e Paz.

 

Mais uma vez, deixem-me dar espaço ao autor para que ele próprio fale da sua obra. No final, há uma página em que Citati diz não é um filólogo comum. Pois que se o resultado final é este, então ainda bem - sem ter nada contra os filólogos comuns, exceto quando o seu discurso é tão hermético que nos desorienta com a forma e nos impede de ver a emoção por trás dos textos. Mas diz também isto

O livro contém histórias mitológicas que alguns, ou muitos conhecerão, mas o meu livro desejava contá-las e acho que devemos obedecer aos desejos dos nossos livros.

 

Deixem-me ser completamente subjetivo: fascinante, lindo, magistral. 

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Antes de ir à Feira do Livro, nada melhor do que uma espécie de contracetivo, portanto, fui à biblioteca. Por acaso, ia à procura de outro, do qual darei conta posteriormente, mas encontrei este pequeno ensaio sobre a Ilíada. Lê-se em menos de nada e é verdadeiramente interessante. Para além de analisar alguns dos personagens principais da Ilíada, ainda a coloca em diálogo com alguns textos mais do nosso tempo. Um excelente aperitivo para o que iria ler em seguida...

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Feira do Livro

26.05.13

Balanço da primeira visita:

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«O amor?», respondera ela uma vez a uma dama pretensiosa que lhe perguntara: «Que pensa do amor?» «O amor? Faço-o muitas vezes mas nunca falo dele.»

 

Proust, in Em Busca do Tempo Perdido - Do Lado de Guermantes, p.195

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Clarice

24.05.13

Há já bastante tempo que tenho muita curiosidade em relação a Clarice Lispector. A exposição da Gulbenkian só serviu para a aumentar. Quanto à exposição propriamente dita, é muito bonita, cheia daquilo que mais se quer de um autor: as suas palavras. No entanto, também achei pouco informativa, não fiquei a saber grande coisa. Ou então, não procurei nas gavetas certas… (piadinha destinada a quem lá foi ou vá).

Basta pegar num livro de Clarice e ler algumas páginas para perceber que há ali matéria impressionante. Basta ouvir/ler/ver uma entrevista para perceber que há ali uma mulher invulgar. Falta-me ler a sério. Alguém sabe por onde se deve começar?

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Há pessoas que adoram listas e não têm dificuldade nenhuma em fazê-las. Para outras, isso é uma perda de tempo. Há pessoas que conseguem sempre dizer quais são os livros da vida, os filmes, etc. Para outras, isso é um exercício quase impossível. Eu sou do grupo das primeiras, confesso. Para mim, é muito simples saber quais são os meus livros da vida, os filmes da vida, os 3 autores preferidos. Gosto de ter as minhas hierarquias de preferências. É verdade que elas vão mudando ao longo do tempo, mas também é verdade que há muito que se tem mantido, como se fosse um núcleo intelectual de quem sou. Por isso, ao fim destes anos de blog, talvez seja altura de me lançar no texto que devia ter escrito há quase 20 anos, um texto sobre o livro da minha vida.

Primeiro, só um apontamento sobre o que é que é isso de ser “da vida”. Não é ser o melhor livro que já li, em termos de qualidade. Não é ser o livro que mais gozo me deu ler - poderia dizer “ o livro de que mais gosto”. Não, não é isso, o livro da minha vida é aquele que sinto que moldou, de facto, a pessoa que sou. O livro que fez com que muita coisa passasse a ser diferente depois de o ter lido. O livro que me fez crescer como nenhum outro. O livro que foi mais importante do que muitas pessoas que conheci. Não há muito de racional nisto. Adoro, adoro, adoro este livro. Nunca nenhum outro me tocou de forma tão profunda, nunca nenhum foi capaz de mexer comigo como este. Eu sei que isto é uma experiência individual, não estou à espera que aconteça às outras pessoas. Por isso, este texto é sobre este livro para mim. Nada mais.

Ofereci, várias vezes, o Ensaio Sobre a Cegueira, mas a verdade é que não o tenho. Ou melhor, não tinha. Cheguei a oferecer a minha própria cópia. Há uns dias, uma amiga que me dá a honra de dizer sempre que eu a levei à paixão pela leitura, o que não é bem verdade porque foi ela que tomou a iniciativa de me pedir um livro emprestado. Sabendo ela que eu não tinha o Ensaio, ofereceu-mo. E, por isso, olho agora para ele dividido. Devo voltar a ler? Serei capaz? Todos os anos, como tenho mostrado aqui, por ocasião do aniversário da morte de José Saramago, faço-lhe a minha modesta homenagem, relendo um dos seus livros. Este ano tudo se encaminhava para a releitura d’ A Jangada de Pedra. Até que o Ensaio se atravessou, desta forma, no caminho. Olho-o e sinto que devo voltar a pegar-lhe. Mas tenho medo. Encontro na própria obra do autor frases que me incentivam: “Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam”. E, de certa forma, eu sei uma releitura me espera, que o reecontro é inevitável.

O Ensaio Sobre a Cegueira saíu em 1995. Foi logo nessa altura que o li. Já gostava muito de Saramago mas ainda não tinha dado o “salto” para o meu escritor preferido. Nessa altura, provavelmente, o livro da minha vida era o Frankenstein, de Mary Shelley. Ainda hoje o o defendo como um dos livros mais importantes da minha vida, e um que toda a gente devia ler. Mas o que interessa aqui é o Ensaio. Lembro-me de onde o li, das primeiras linhas, de o ter levado comigo quando, nessa noite, fui a casa de uns amigos, de me ter sentado no sofá a lê-lo enquanto o resto do pessoal convivia, de ter voltado para casa e ter continuado a lê-lo até bem tarde, de ter dormido e, ao acordar no dia seguinte, ter continuado a ler, até o terminar nesse dia à tarde. E nada ficou como antes.

Agora, olhando para este novo Ensaio que me ofereceram, tenho medo. Sei que era um otimista absoluto, que tudo se arranjava, que o mundo era lindo, que a humanidade era linda, que as coisas más eram apenas um acidente de percurso. Esta visão manteve-se, no essencial, mas deixou de ser tão ingénua. Com o Ensaio aprendi mais sobre a natureza humana, sobre a crueldade, sobre o mal, do que no resto da vida, felizmente tive essa sorte. Mas tive também a sorte de o ter lido e ter, com ele, atingido um nível diferente de maturidade na minha forma de ver as coisas.

Só voltei a ter contacto com a matéria do Ensaio muitos anos mais tarde, numa magnífica encenação que o teatro O Bando fez. Vi esse espetáculo no Teatro da Trindade, admiradíssimo por ter sido possível passar aquilo para uma peça. Há poucos anos, voltei ao Ensaio, desta vez através do filme de Meirelles, o filme que Saramago viu e que o fez chorar, dizendo “estou tão feliz por ter visto este filme como estava quando acabei de escrever o livro”. Eu não fiquei tão feliz ao ver o filme como quando li o livro, mas quase. E não tenho maior elogio do que este.

O problema é que a felicidade que encontrei foi a da transformação que senti. E isso é seguramente irrepetível. Pior, não foi “felicidade feliz”, foi uma espécie de dor, de sofrimento que se converteu em algo que se acrescentou ao que era e que me enriqueceu. Mas foi um processo de sofrimento. Eu não tenho medo de reler o Ensaio e já não gostar, ou de já não gostar tanto, isso não interessa porque aquilo que ele me provocou na primeira leitura está comigo, sempre esteve desde que o li, e não será apagado. O que eu mais temo é reviver o horror de uma leitura que me faz sofrer tanto. É que há uma beleza intensa na história mas, em quase tudo, é um livro de um terrível desencanto, e de um obsceno realismo.

Agora, olhando para a minha nova cópia, continuo a hesitar. Por isso, escrevi este texto. Porque o meu blog tinha que ter um texto sobre o Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago. Porque esse é o livro da minha vida. E porque não fazia sentido que ele não fizesse parte daquilo que, no fundo, é um diário de quem vou sendo através das leituras que faço.

No próximo mês se verá se reli o Ensaio. Mesmo que o faça, não sei se conseguirei escrever sobre ele. Mas a justiça está reposta, este é o texto que devia ter escrito há quase 20 anos. E o Ensaio é o livro que ando para reler há quase 20 anos. Metade está feito.

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Há muito tempo que ando para ler o último romance do Pamuk

http://pedrices.blogs.sapo.pt/22360.html

 

Agora, estou a ler. E a adorar.

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Curioso este livro: como história da guerra, serve mas não é brilhante e tem falhas que o afetam. Mas como uma espécie de introdução à história do mundo, é brilhantemente conciso e uma leitura fascinante. Ou seja, naquilo que eu não estava à espera, é do melhor; naquilo que eu esperava é… mais ou menos.

 

Keegan começa logo, sem aviso, a abanar aquilo que sabemos: Clausewitz (famoso por dizer quea guerra é a continuação da política por outros meios), estava errado. E passa o resto do livro a dizer-nos porquê. Para isso, faz-nos acompanhar Clausewitz ao longo de tudo o que ele deve ter sabido, e mesmo aquilo que não soube ou não quis ver. Raramente vi um cuidado tão grande em enquadrar o autor com o qual não se concorda, mas Keegan é absolutamente exemplar nesse aspeto. Claro que a outra face é uma perseguição implacável à procura de exemplos que desmintam Clausewitz. Quando se faz isso, é claro que se consegue encontrá-los, mas nem sempre de forma absolutamente convincente

 

Depois de uma introdução sobre Clausewitz e a guerra em geral, orientada pela tese de que a guerra não é política mas sim cultura, Keegan entra nos capítulos desta curiosa estrutura que decidiu seguir. O primeiro chama-se “Pedra”. E quando eu esperava por uma seca sobre armas e táticas militares, eis que sou surpreendido por um magnífico ensaio sobre as origens da violência, a questão de saber se somos ou não violentos. A pretexto destas questões, Keegan traça uma história breve mas notável da Antropologia, leva-nos a estudos etnográficos sobre a guerra ou violência em povos primitivos, encaminha-nos para as barbaridades (aos nossos olhos e, talvez, a quaisquer olhos) dos aztecas. E viaja para um pouco mais perto com o sumérios e os Egípicios. Ao falar de guerra, Keegan fala de nós, da natureza humana, e com uma profundidade inesperada num livro em que eu esperava muito pouco disto.

 

O capítulo seguinte chama-se “Carne”. Aqui o destaque vai para a utilização do cavalo, dos carros de corrida e a forma como isto mudou a face da guerra. Aqui, o livro começa a parecer-se mais com um livro sobre  a guerra. Ainda assim, Keegan dá extraordinárias lições de história sobre os povos da estepe asiática, sobre os hunos, os mongóis, o Islão, a China. Para quem, como eu, acha que perceber as movimentações de povos e impérios na Ásia é tarefa impossível, este é o livro certo. Fiquei com uma visão muito mais organizada de tudo.

 

O capítulo chamado “Ferro” dedica-se à guerra já com armas feitas de metal. Mas, mais uma vez, é a história que mais interessa. Neste capítulo talvez eu tenha encontrado a mais bem conseguida síntese da evolução da Grécia e de Roma. Keegan consegue ser incrivelmente conciso, traçando a evolução das civilizações de um modo tão completo que surpreende página após página. Diria que este livro é o melhor ponto de partida para quem quiser debruçar-se sobre a antiguidade mas saiba muito pouco ou nada. Ou se sinta confuso. Mesmo a Europa medieval, cuja história não é fácil de acompanhar, se torna muito mais fácil de compreender com as magníficas relações que Keegan vai estabelecendo, criando pontes entre passado e futuro, civilizações diferentes e especificidades culturais.

 

Finalmente, o último capítulo, “Fogo” parece mesmo história militar pura e dura. Versa bastante sobre os exércitos e sobre a utilização das armas de fogo. Mas é também aqui que Keegan nos fala das guerras mundiais. E a forma como nos apresenta Hitler e as suas decisões é extraordinária.

 

Pelo meio dos capítulos principais, Keegan construiu os interlúdios. São capítulos mais pequenos que analisam temas específicos e mais “técnicos” como as fortificações ou a logística. Têm interesse como complementos.

 

Mas, olhando para o texto, tenho que reconhecer que este livro vale por não ser o livro que estava à espera. E, por isso, tenho que admitir que, enquanto história da guerra, não será tão bom como isso. Quem procurar aqui esse tema vai encontrar uma estrutura demasiado abstrata, uma crítica feroz a Clausewitz que peca por parecer procurar tanto contrariá-lo que parece menos credível (afinal, a exceção não deixa de confirmar a regra..). E também há conclusões que parecem pouco fundamentadas - como a ideia de que estamos quase a chegar a um mundo sem guerra. No fundo, o que eu quero dizer é que as intenções de Keegan, aquilo que provavelmente ele quis fazer com este livros, não são o mais interessante e até falham em grande parte, são mais um elemento perturbador do que uma mais valia. Porém, no que está para além disso, na narrativa da história do mundo que Keegan oferece aqui, está uma leitura absolutamente enriquecedora.

 

Nota final: este livro provoca reações constantes, dá temas para discussões, faz-nos sair da cadeira. Num certo sentido, o facto de estar cheio de defeitos é uma das suas melhores qualidades.

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