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Alain de Botton é um daqueles escritores que parecem saber estar sempre bem. Os livros não são demasiado profundos mas não são superficiais. Tocam nos domínios da filosofia mas trazem-na para um terreno prático. Têm como objetivo tornar a vida das pessoas melhor, mas não são a auto-ajuda da treta. Enfim, uma combinação interessante.
Este Status Ansiedade é um livro que parece não encontrar muito bem o seu verdadeiro centro. Vai andando de um lado para o outro, dando informações interessantes. Às vezes tem uns rasgos e eleva-se, outras vezes perde-se sem saber o que quer. Não é, portanto, um livro tão bom como A Arte de Viajar que, apesar de também ter uma estrutura complexa, sabe bem qualço seu destino. Este Status Ansiedade quer falar sobre essa coisa de nós nos centrarmos demasiado naquilo que os outros pensam de nós. E fala, mas de forma desordena. Numa primeira parte é apresentado o problema. Na segunda, são apresentadas as soluções. Mas nada disto é estruturalmente convincente, embora seja sempre agradável de ler.
Enfim, abaixo do que eu esperava. Mas muito com muito mais conteúdo do que qualquer um desses livros que vendem milhares (ou milhões) sem dizerem nada de substancial.
Tenho gostado de ver o alvoroço que os poemas de Gunter Grass têm provocado, pelo menos na Alemanha.
Não que concorde com as suas mensagens, até acho que o último defende a Grécia com argumentos pré-históricos. Mas há qualquer coisa de fantástico ao ver que um poema ainda causa impacto. Que um prémio Nobel ainda faz poesia, e a publica num njornal, como forma de intervenção.
Está quase. No próximo dia 14 de Julho vamos ter os The Cure no Festival Optimus Alive. A tour começou ontem e aqui fica o alinhamento:
Plainsong
Pictures Of You
High
The End Of The World
Lovesong
Push
Inbetween Days
Just Like Heaven
From The Edge Of The Deep Green Sea
The Hungry Ghost
Play For Today
A Forest
Bananafishbones
Lullaby
The Walk
Mint Car
Friday I'm In Love
Doing The Unstuck
Trust
Want
Wrong Number
One Hundred Years
Disintegration,
Encore1
The Lovecats
Close To Me
Let's Go To Bed
Sleep When I'm Dead
Why Can't I Be You
Boys Don't Cry
Primeiro comentário: Só um encore?? Nãooooooooo… Depois do concerto enoooorme no Atlântico, em 2008, não podem fazer menos que isso!
Em relação ao resto: o início é o mais perfeito de todos os possíveis - Plainsong. Que, desta vez, vem com as Pictures e High logo a seguir, a lembrar os concertos a seguir ao Wish :). Nem acredito que vão tocar o Mint Car, música relativamente parvinha mas com uma letra irresistível e que sempre achei que nunca poderia ver ao vivo mas que havia de me divertir muito se pudesse. E o Want que adoro! E, claro, a suprema FTEOTDGS também lá está…
O encore é que não é lá grande coisa. Mas vai saber bem depois de um fecho com 100 Years e Disintegration que são de deixar qualquer um arrasado.
Vou estar atento aos alinhamentos dos próximos para ver quais são as músicas que rodam. Há sempre umas que mudam de um para outro.
E parece que ainda não é desta que vou poder ouvir o The Figurehead ao vivo… Bom, mas se me pusesse a falar do que falta nunca mais parava...
Eu quero cantar isto ao vivo!!!!:
The sun is up
I'm so happy I could scream!
And there's nowhere else in the world I'd rather be
Than here with you
It's perfect
It's all I ever wanted
I almost can't believe that it's for real
http://www.youtube.com/watch?v=iulrtFmrtgU
E agora para algo completamente diferente: um livro de banda desenhada. Não percebo nada do assunto porque, para além dos tio patinhas da infância, pouco mais li. Mas tinha ouvido falar bem deste Blankets e, há uns dias, numa livraria, peguei-lhe e comecei a ler. A história é comovente e empolgante. Um rapaz que vive num ambiente familiar nada simpático e uma história de amor que os desenhos (a preto e branco) transformam em algo sublime.
Nunca tinha pensado nisto mas os desenhos podem conferir uma dimensão nova à literatura. É claro que o texto não é "literário" mas é tão agradável que fiquei rendido.
Ainda por cima, até uma música dos The Cure aparece...
Lindo. Absolutamente lindo.
Ora aqui está um livro de aventuras, não obstante ser muito mais do que isso, que é verdadeiramente entusiasmante quando, diria eu à partida, tem tudo para ser uma enorme chatice.
Numa primeira parte, hilariante, conhecemos Pi e parte da sua vida. Trata-se de um pequeno rapaz que se deixa seduzir pela religião… quer dizer, por três religiões, e ao mesmo tempo, o que nos leva a uma das mais divertidas e acutilantes comparações que já tive oportunidade de ler.
Conhecemos também um pouco do que é a vida dos animais num jardim zoológico. E Martel parece uma espécie de psicólogo de animais, tal é a forma detalhada como nos conta o que se passa nas suas cabeças. Pode ser polémico, mas está admiravelmente bem construído.
A segunda parte torna tudo completamente diferente. E a história passa a centrar-se numa circunstância trágica a a forma como Pi vai lidar com ela - eu não quero mesmo dizer nada. Eu não sabia e foi fantástico ler o livro assim. Por isso, também não digo o que acontece.
A terceira parte, com o seu quê de metafísico e, se calhar, até de meta-ficção, deixou-me um bocado desiludido. Mas são poucas páginas no contexto de um livro absolutamente delicioso e divertido.
E é sobre quê? Não é só não querer dizer.. É que é um daqueles casos em que o leitor faz o livro. Mas só os bons livros se prestam a isso.
Acabei há pouco de ler O Teu Rosto Será o Último e estou profundamente impressionado. Acho mesmo que, na literatura portuguesa, não me sentia assim desde que li esse fenomenal livro que é O que diz Molero.
Primeiro, a forma e o estilo são invulgares, até um pouco incomodativos nas primeiras páginas. Parece insegurança, confunde-se uma maneira diferente de colocar as palavras e as ideias, com hesitação. Mas com o avançar das páginas percebe-se que não. Percebe-se que tudo ali foi medido, ponderado, que houve uma procura que resultou num equilíbrio notável num texto que é, em muitos aspetos, desconcertante em termos formais. Ora as vírgulas abundam, ora as frases são tão curtas que nem há espaço para uma. Ora há repetições de nomes ou de atributos dos personagens, ora há a ausência de indicação de quem é quem. Tudo, repito, meticulosamente escolhido e posto no seu lugar próprio.
A história, essa, passa, durante algum tempo, para segundo plano. Parece que é mais interessante experimentar ler um texto escrito assim do que saber o que ele está a dizer. Mas depois também isso muda. Os capítulos que parecem fragmentos, quase contos, começam a ter linhas entre eles. Começamos a descortinar quem são os protagonistas, as relações que há nas três gerações da família que ocupa o centro do romance. Tudo se vai tornando mais interessante. E talvez seja aí, quando estamos prontos, imersos no livro, já em velocidade de cruzeiro na leitura, que João Ricardo Pedro resolve fazer com que o seu livro voe mais alto do que tantos outros. O capítulo que muito se tem falado - A mãe e o fim da União Soviética - das frases curtas é, efetivamente, notável. Aquilo que ali está parece tão básico, tão simples e é, afinal, tão difícil. Trata-se de escrever de forma aparentemente alucinada e descontrolada quando, mais uma vez, tudo aquilo é equilíbio e contenção. E é musicalidade, o que num livro que tanto fala de música, só pode ficar bem. Mas o melhor é que este não é o melhor capítulo do livro, é apenas notável, há melhor, há muito melhor, há esse capítulo que, se fosse um conto, faria calar muitos livros completos, é o momento sublime - o professor de piano e a pintora misteriosa - que é, para mim, o centro deste livro, o seu coração e o seu cérebro. Tudo para ali converge, de alguma forma. E, porém, podia ler-se sem ler o resto do livro e, acredito, seria, mesmo assim, compensador.
Mas não há livros perfeitos e este livro é demasiado concreto, e demasiado bom, para querer ser algo diferente disso mesmo - um livro. E é um livro onde há soluções engenhosas em grande parte dos casos mas há também o recurso fácil e abusivo a palavrões. Aqui e ali justificam-se mas, na maior parte dos casos, parecem uma solução preguiçosa para sublinhar. E de um autor que mostra uma capacidade tão grande de surpreender na escolha das suas soluções, surpreende esta escolha fácil e empobrecedora do texto.
Por outro lado, fiquei com a sensação de que há demasiadas coisas que ficam por dizer ou explicar, que o tamanho do livro estava determinado e que nem sempre se deixou fluir convenientemente. Sinto demais a procura do efeito.
Também temo que este estilo seja tão específico que, um segundo livro escrito assim, possa parecer-se demasiado com este.
E, sinceramente, não sei como concluir isto, talvez sendo simples: que grande livro!
Em Julho de 2009 escrevi um comentário sobre o Hotel Memória, do mesmo autor.
http://pedrices.blogs.sapo.pt/14917.html
E hoje poderia dizer exatamente o mesmo sobre este As 3 Vidas.
Acho que isso não é inteiramente bom… Nem inteiramente mau…
Sempre me interessei moderadamente pela história do império Romano. Quer isto dizer que sei o básico, conheço os imperadores mais importantes, e pronto. Sempre me senti mais atraído pelos gregos, até mesmo pelo império otomano. Não obstante, de vez em quando, lá me dedico a ler umas coisas sobre Roma.
Agora, já não é bem assim...
Este livro, que deu origem a uma série histórica da BBC, que fui vendo ao longo da leitura do livro, é a melhor introdução a Roma que eu podia desejar. Fucniona exemplarmente a vários níveis:
Em relação à série… Bom, série sobre Roma... é a outra, aquela que se chama Roma e que é extraordinária. Mas a comparação é injusta porque essa era uma série ficcional (ou pelo menos mais dada a liberdades) e esta pretende ser um documentário mais rigoroso. Há um problema óbvio na escolha dos atores e muita coisa muito mal feita. Enfim… serve para ilustrar o livro, consolidar aquilo que se leu. Mas é muito fraca, especialmente sendo o livro tão bom.
Note-se que este comentário tem o meu próprio contexto pessoal. Para alguém que já saiba muito não creio que este seja um livro muito tão importante como para mim. É-o enquanto introdução. Neste momento, sei exatamente quais os aspetos que quero aprofundar e, em alguns casos, já sei exatamente o que devo ler. Por isso, este Roma foi precioso. A outra parte, a que só os bons livros conseguem, é que me despertou um entusiasmo que, antes, ainda não tinha sido despertado. Conclusão: neste momento não me interesso moderadamente por Roma, tou cheio de vontade de ler mais coisas! O Rubicão do Tom Holland, o Império do Steven Saylor, o Eu, Cláudio do Robert Graves… Como se não tivesse já uma lista de livros-a-ler suficientemente infinita… Obrigadinho...
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