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Resolvi lavar a cara ao Pedrices. Nunca me preocupei muito com o aspeto do blog, e até continuo a não me preocupar, na verdade. No entanto, se sou eu quem mais vezes o vê, há que reconhecer que me cansei um bocado do design. Por isso, sem estar completamente satisfeito, fica assim. Os templates do Sapo ajudam imenso, não me estava a ver a criar o design de um blog. Pelo menos, por agora, quem sabe um dia.
E diz-me o google que até há umas pessoas que me costumam visitar, talvez gostem da mudança.
Boas leituras!
Em Junho de 2009, neste mesmo blog, escrevia eu que tinha que ler mais Hemingway. Tinha lido o Adeus às Armas numa tradução que detestei. Só agora, passado todo este tempo, voltei a lê-lo. Desta vez, não tenho reparos a fazer à tradução, mas continuo pouco convencido em relação ao escritor.
É claro que este é um livro que vale bem a pena ler. Gostava era que, sendo ele como é, tivesse menos umas 200 páginas, creio que não se perdia nada. E ganhava-se muito.
Há aqui dois planos a considerar: a história de amor que vai ocorrendo ao longo do livro, a qual, apesar de um ou outro momento a fugir para o pindérico, tem o seu quê de romance empolgante e enternecedor.
Mas não foi por isso que eu me pus a ler este livro, a ideia era chegar à guerra civil espanhola, assim como no Adeus às Armas o que eu queria era a Grande Guerra. Bom, de facto, os livros de Hemingway são extremamente eficazes em colocar-nos “lá”. Passamos uns dias com os guerilheiros nas montanhas. Pena que eles sejam tão pouco interessantes como pessoas. De qualquer forma, vão contando coisas sobre a guerra, vão-nos fazendo mergulhar no conflito, com uma perspetiva bem de dentro, talvez demasiado. Apetecia-me saber mais sobre os contextos, sobre as razões que levaram ao conflito. Mas o livro não é sobre isso, paciência (as tais 200 páginas a mais podiam ser…). Como não tenho nada que querer mudar as intenções do autor, suponho que não me posso queixar muito. Continuo à espera de encontrar um Hemngway que me convença, no qual eu sinta um grande escritor, não apenas “jornalista” a descrever a ação. Pode ser que encontre, ou pode ser que não lhe volte a pegar. Não saio desta leitura com a sensação de tempo perdido, mas também não ganhei assim tanto, e da guerra civil espanhola, apenas fiquei a conhecer melhor algumas atrocidades.
Já agora, as considerações sobre os espanhóis são tão interessantes quanto absurdas. E isso é polémica que até traz um certo picante à obra.
Este é um daqueles livros que, uma vez lidos, nos obrigam a olhar para a história de forma diferente.
Depois de ler este Europe at War eu já nem sequer tenho a certeza de que o desembarque na Normandia seja uma coisa assim tão espetacular. E olhem que eu li este livro precisamente porque ia lá ver as praias e me apetecia ler sobre a guerra. É claro que o heroísmo não está posto em causa. Mas a relevância que damos ao lado ocidental da guerra tem sido completamente desproporcional. Por mim falo, e creio que por muitos.
O que Norman Davies mostra é a forma como esta foi uma luta, não entre o bem e o mal, mas sim entre o mal e o mal, havendo porventura uns bons pelo meio, que não tiveram outro remédio senão unir-se a um dos maus e, com isso, safarem uma parte do mundo – esse dos bons. Mas havia também uns inocentes na história, meia europa, mas “do outro lado”, a qual foi sacrificada e continuou a viver, de certa forma, tão mal como antes. E nós, aqui deste lado, talvez não tenhamos uma noção sequer aproximada do que isto significa.
Deixa cá ver… gostei e não gostei. Pois, quer dizer, gostei de o estar a ler mas não gostei do livro. Sim, é isso. Ou talvez não.
Pronto, como se vê, não sei muito bem o que dizer. E já não seria mau se soubesse o que pensar.
Vamos por partes. O livro é tudo menos mau. O escritor escreve bem, muito bem até. O tom confessional é atraente, a brincadeira de o livro ter sido proposta do médico que, depois, o publica por vingança, é gira, embora relativamente inconsequente – sabe-se ao princípio, percebe-se só no fim e, no fundo, não interessa nada. A história girar à volta das tentativas de deixar de fumar também é, no mínimo, divertido. Pronto, está lá tudo, leiam que é giro.
Mas eu não gostei. Pronto. Ao mesmo tempo, reconheço que li com entusiasmo. Acho que é dos poucos livros onde a escrita é tão agradável que já não interessa nada do que ali está a ser dito. Não da mesma forma que o Proust, aí transpira-se de seca mas suspira-se de prazer com a estética. Não, acho que Svevo tem tudo. Só que para mim não.
Devo ser daqueles que ainda não aprenderam a ler – isto é uma boca foleira ao texto do António Lobo Antunes no início do livro J.
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