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Pode bem ser por culpa minha, é certo, mas a verdade é que não tenho tido muita sorte nas minhas incursões em Tolstói. Há uns tempos li A Morte de Ivan Ilitch, que tanta gente considera uma obra-prima. Não é que não tenha gostado, longe disso. Porém, o tal génio de que se fala, não o consegui perceber…

Quanto a este Khadji-Murat, não há dúvida de que é uma narrativa sólida, escrita de forma exemplar e reveladora de um domínio brilhante da forma. O final é empolgante e, até, desconcertante, O problema, para mim, está, talvez, na brevidade deste relato. É que a região do Cáucaso, em toda a sua complexidade, não se explica em tão pouco. E daí uma certa expectativa frustrada. Este livro é mais sobre um combatente e um seu drama pessoal do que sobre um conflito e todos os seus labirintos.

Talvez apenas uma questão de expectativas erradas… Venha o Anna Karenina para ver se, finalmente, chego a Tolstói…

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A partir de uma lenda hindu, Thomas Mann constrói uma novela que é, simultaneamente, uma história surreal, uma lição sobre a identidade, um mistério e um hino à verdade de cada um de nós.

 Não vou entrar em pormenores sobre o que aqui acontece. A história é, de facto extraordinária, com momentos que deixam o leitor perplexo e perturbado. Mas o que fica, creio, é o intenso debate sobre com que bases se constrói a identidade do eu. Será o dualismo alma/corpo tão radical que nos afaste de um sem o outro? Ou será que todos somos apenas uma unidade circunstancial que se pode esboroar facilmente, ficando, apenas, cada uma das partes, a subsistir por si própria?

 Como é vulgar na obra de Mann, as respostas nunca são óbvias. Todos os pontos de vista são explorados, todos os prismas são visíveis. No entanto, as conclusões ficam para quem as tira.

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Parece que este é um livro envolto em polémica. Segundo o que se pode ver por aí, J. T. Leroy, afinal, não é o autor daquilo que, sob esse nome, foi escrito. Foi uma outra pessoa, uma mulher, quem escreveu. Ainda por cima, em vez de um homem atormentado por uma horrível infância, não estamos a ler uma história autobiográfica, estamos a ler uma inventada.

 E eu bocejo longamente… Nada disso me interessa. Este é um livro de ficção, certo? Então avance-se para a leitura e tire-se o que dela possa interessar, não o que está fora.

 Lendo então este Nada mais enganador que o coração, de sei lá eu quem, há uma ideia que vai crescendo: já chega. E, pronto, assim se abandona um livro, coisa que não me lembro de quando fiz pela última vez.

 Não é, certamente, pela perturbação que o livro provoca. O tema é o de uma criança, aparentemente filho de uma prostituta, que é mal tratado e passa, portanto, uma infância terrivelmente atormentada. Nas 74 páginas que li não consegui encontrar interessa nenhum na história do puto. Aliás, ele nem sequer é apresentado ao leitor, talvez o fosse mais tarde, agora já não vou saber. A verdade é que para se escrever desta forma, em que tudo vai sendo revelado de forma sugerida, em que o mal se instala pelo choque, é preciso ser invulgarmente bom. Tem que haver uma habilidade estética, no mínimo, que eu não encontro nesta obra.

E não, não creio que lhe volte a pegar.

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Ainda me lembro de, há muitos anos, uma colega de trabalho me ter abordado, dizendo: "tenho lá um livro de que tu deves gostar, vou-te trazer". Surpreendido, disse-lhe que "sim, está bem" e assim começou a minha exploração do universo de Paul Auster. O livro que me iniciou foi a Trilogia de Nova York, um dos que mais intensamente me pedem, de vez em quando, uma releitura.

Já passei por muitos livros de Auster. Em muitos deles fiquei encantado e, noutros, fiquei apenas satisfeito por os ter lido. Há pouco tempo, há por aí um post sobre isso, tive mesmo a oportunidade de o ver e ouvir, em carne e osso.

Paul Auster não é um génio da literatura, não é uma referência incontornável da arte de escrever. É, no entanto, um dos melhores contadores de histórias que se pode ter o prazer de descobrir. Ler um livro de Auster é como ir abrindo aquelas bonecas russas, as matrioskas, há uma história dentro da história, depois outra dentro dessa, e ainda tantas outras, às vezes já não se sabendo qual está dentro de qual. Há também a mistura do real e concreto com uma certa magia.

(a partir daqui, o texto fala do livro Man in the Dark, podendo estragar o prazer da leitura)

Para este Man in the Dark, resolvi fazer algo diferente, ler o original, em inglês, para não haver intermediários entre mim e o autor. Já Cervantes dizia, no seu D. Quixote, que a tradução para outra língua faz perder algo do "perfume original". Ainda bem que o fiz. Há uma cadência na escrita de Paul Auster que só agora pude descobrir. E até me arrependo de ter comprado o Mr. Vertigo em português.

Imagine-se um velho, à noite, sem conseguir dormir. É ele August Brill. A sua vida não está repleta de recordações felizes, pelo contrário. Talvez a sua maior mágoa tenha sido a morte da esposa, relativamente recente. Para escapar a ter que pensar sobre a sua própria vida, nessa noite em que não consegue dormir, a qual corresponde a todo o tempo do livro, August dedica-se a inventar histórias. Desenvolve-as para não ter que pensar em mais nada. E em que história pensa ele nessa noite? Na de um homem que acorda dentro de um buraco, do qual, passado algum tempo, é retirado por um soldado. O homem não faz ideia de como ali foi parar, está num mundo paralelo, um mundo onde não houve o atentado do 11 de Setembro e no qual os EUA entraram em guerra civil. Para que tudo volte ao normal, ou seja, para que a guerra acabe, o homem vai ter que matar alguém. Esse alguém é August Brill, o autor da história. Conclusão: trata-se do suicício de August Brill. Se o espanto está instalado quando se chega aqui, ainda há mais para contar, é que este homem, que tem que matar Brill, o autor da hisitória, que vive no mundo real e não naquele mundo paralelo, acaba por considerar suicidar-se ele próprio. São assim as histórias de Paul Auster, maravilhosamente concêntricas e tão originalmente urdidas que nos passeamos perplexos e maravilhados nas suas construções. Nada melhor do que as próprias palavras do livro: "Books force you to give something back to them, to exercize your intelligence and imagination (…)". Felizmente, é o caso neste.

Mas a história do homem vai ter uma conclusão. E Brill, continuando sem dormir, vai ser forçado a recordar a sua própria vida, as suas histórias, e as daqueles que lhe são mais próximos. Numa noite, toda uma vida. Na escuridão, todos os medos.

Pelo meio de tudo isto, há ainda espaço para mais histórias paralelas, nomeadamente algumas análises a alguns filmes, momentos de extraordinária profundidade, lembrando que Auster é também um cineasta, mas fazendo lamentar que não seja tão bom a fazer filmes como é a escrever.

Há algumas piscadelas de olho aos leitores que o seguem, há brincadeiras do autor consigo próprio. Mas há também uma interpretação, subtilmente apresentada, que talvez se possa tirar daqui: a ficção vem sempre da realidade, tudo o que se inventa, se vai buscar ao que se viveu, ou se quer viver. É ver, como tudo o que acontece nas histórias de August Brill, tem uma origem na vida do próprio. Falta poder ouvir, também, à noite, na escuridão, Paul Auster contar-nos as suas histórias, ou será que foi, precisamente, isso que ele fez neste Man in the Dark?

 

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Infelizmente, só há muito pouco tempo ouvi falar de Musil. Talvez um pouco antes de ter saído o primeiro volume de O Homem Sem Qualidades. Nesse, terei que dar uma olhadela, para perceber se, para já, o vou ler ou não. Uma boa forma de entrar no universo musiliano é começar por este seu primeiro romance que, por acaso, até é relativamente breve.

 Musil tem uma escrita sólida e dura, com escolhas de palavras que provocam um efeito forte no leitor. Os acontecimentos vão sendo revelados a um ritmo quase cirúrgico, num encadeamento que causa estranheza e apreensão, como não me lembro de sentir desde Kafka.

 A forma como Musil penetra nos pensamentos dos seus personagens aparece como quase indecente. Ao mesmo tempo, parece ser este, um romance à procura das palavras. Há muito de indizível, de inexplicável, de desconhecido. Se o jovem Torless parece ter medo dos seus pensamentos, daquilo que realmente sente, também Musil parece rodear todas as hipóteses, passar por várias palavras até, finalmente, atingir conclusões que, mesmo assim, mostram mas não explicam.

 O jovem Torless aparece como uma figura solitária na teia dos seus pensamentos, pouco preso às acções mas inextrincavelmente comprometido com as suas reflexões. No entanto, muitas vezes, deixa-as para depois. Abandona-se a atitudes que só são suas porque ainda não teve a coragem de as renegar. Mas renegá-las é trair-se. De contradição em contradição, de pausa em pausa, Torless vai-se descobrindo naquilo que vê os outros serem e ele não quer ser. Kant, a matemática, os livros, tudo são pretextos para Torless descobrir que há um rumo distante, um ponto para onde poderão convergir todos os seus múltiplos desvarios. Mas mantém-se à distância, porque não sabe lá chegar, ou não quer lá chegar. A mestria de Musil atinge pontos quase insuportáveis nesta busca desesperada, não se sabe de quê. Ou então, se calhar, sabe-se sempre, porque a verdade, ou a profundidade das coisas é como um olhar: “(…) é verdade que se pode conhecer muito melhor uma pessoa pelo olhar do que pelas palavras…”. E, por tudo isto, o livro de Musil é um olhar, é a descrição de impressões, de confusões e de quimeras. A violência e a doçura contrariada fundem-se numa exploração detalhada, demasiado detalhada e insistente nos seus contornos mais cruéis. Porém, evita-se o confronto com o concreto, nada se explica, o indizível torna-se a forma de expressão de Musil, assumidamente umas vezes, num sussurro noutras.

 De página em página, caminhamos para um poço que penetra fundo não se sabe bem onde mas com a certeza que o caminho para dali sair, se existe, está ao alcance de poucos. Não cabe ao autor dar respostas, cabe ao leitor encontrar o que quiser, ou puder: “Sei que as coisas são as coisas e assim será sempre, e que eu as verei sempre, ora de uma maneira, ora de outra. Ora com os olhos da razão, ora com os outros… E nunca mais tentarei comparar as duas coisas…”.
 

P.S. Acredito que O Homem Sem Qualidades seja um dos expoentes máximos da literatura, e isso tudo... Mas não haverá nada a dizer sobre este Torless? João Barrento faz uma interessantíssima introdução, em que fala de Musil e d'O Homem Sem Qualidades, justificando até a tradução do título. Uma introdução que serve para falar de tudo menos do livro que se vai ler, e é pena.

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E pronto, já está! Muitos anos depois, não sei mesmo quantos, voltei a conseguir ler um livro de António Lobo Antunes até ao fim. Para quem eventualmente siga este blog, deverá já ter pensado que eu tinha desistido, depois do post que aqui deixei sobre o autor. Não desisti e consegui.

Fica o registo, porque sobre o livro não há muito a dizer. Creio que escrevi tudo o que havia para eu dizer sobre ele no tal post anterior. Um pensamento que me ocorreu entretanto: daqui a muitos anos, se alguém quiser ler um autor genial, António Lobo Antunes poderá ser uma referência, uma escrita única, que leva um género, o seu, até às últimas consequências (e não tanto neste mas mais nos últimos, como ele diz, desde O Esplendor de Portugal). No entanto, se alguém perguntar, que livro dele devo eu ler? A resposta poderá ser: não interessa, qualquer um, e isto diz muito sobre um autor, especialmente um que tanto fala do medo de se tornar repetitivo. Não sei se se repete ou não, mas sei que a insistência no virtuosismo literário, em detrimento da substância daquilo que é dito, poderá levar a algo parecido com a repetição, o cansaço… do leitor.

Curiosamente, numa entrevista recente, a autor declarou que os livros mais antigos, por ele, podiam ir todos para o lixo. Ainda bem que, muitas vezes, os livros conseguem fugir dos seus escritores. Mas, neste caso, talvez então António Lobo Antunes devesse escolher apenas um, para ficar publicado, é que parece que neste, ou noutro qualquer, já está quase tudo o que o escritor tem para mostrar.

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(a leitura deste texto, sem ler o livro, prejudica gravemente a fruição da história)

 O meu fascínio por Pamuk é, agora, completo. Comecei com A Vida Nova (a ver se um destes dias escrevo alguma coisa sobre esse), passou depois para Neve, que anda por aí, num dos primeiros posts, e cheguei agora a esta casa.

 Antes de mais, a estrutura deste romance é rica e complexa, com múltiplos narradores, que nos permitem uma visão invulgarmente completa daquilo que se vai passando e, especialmente, daquilo que já se passou.

 No primeiro capítulo o narrador é Redjep, um anão que, pelo que vamos percebendo, trabalha como criado para uma senhora mais velha, Fatma, que nos aparece como a narradora no segundo capítulo, no qual ficamos a saber que tem 90 anos e muita coisa para contar. Depois, é Hassan, um jovem fascista que se entrega a actividades como ameaçar lojistas para que estes financiem o movimento a que pertence, fortemente anti-comunista que, no terceiro capítulo, toma o lugar de narrador. Nos quarto e quinto capítulos são Faruk e Metine, netos de Fatma, de visita à avó, que nos narram a história.

 A partir daqui estes narradores vão-se revezando, um por capítulo, construindo e revelando uma complexa teia onde cabem todos os extremismos, desde o religioso ao político, passando pela revelação de um passado cheio de nódoas e de segredos.

Não é fácil entrar na história, pelo contrário. Durante muito tempo o leitor navega à deriva, tentando adivinhas as relações que se vão estabelecendo subtilmente. Na verdade, até ao fim, há sempre algo de novo para descobrir. Essas pequenas descobertas mantêm ainda mais vivo o interesse e proporcionam uma leitura invulgarmente enriquecedora.

Pamuk consegue, com vários estilos de escrita, dar-nos a conhecer, mais uma vez, uma parte da história da Turquia e várias partes das histórias destas pessoas. Assim como o país é uma encruzilhada de influência, também a vida destes personagens se encontra encravada por diversas circunstâncias. Algumas revelações são chocantes, a forma como se vê um personagem pode, até, mudar radicalmente em alguns momentos de revelação ou viragem.

Fatma é viúva mas o seu falecido marido aparece como um personagem fundamental. Enquanto que esta mulher se dissolve na sua própria solidão, alimentando os seus ódios, preconceitos e imobilismo, retrato fiel de parte da sociedade turca, por outro lado, ao recordar o seu marido, deparamo-nos com uma face contrária da Turquia, a da entrega incondicional e, também irreflectida, aos valores europeus. Veja-se o pessimismo de Fatma em: “(…) eu dizia para mim própria que o mundo era belo, mas não passava de uma criança, era estúpida.”, ou em: “se eu não existisse e já não existisse ninguém, os objectos ficariam onde estão (…)”. Note-se também o pouco valor dado aos livros e às palavras que Redjep ilustra com “(…) e eu repetia para mim próprio que, afinal, se tratava apenas de palavras, de uma nuvem de sons que se dissipam mal são emitidos!”. No entanto, o contraponto do falecido surge em trechos como “(…) é a coisa mais bonita que há neste mundo, ler e aprender, porque há tantas coisas a fazer, não é verdade? (…) se tu leres, se o teu espírito despertar, perceberás um dia tudo o que há a fazer na vida, e são tantas coisas!”.

Já Hassan, serve para mostrar o fundamentalismo nacionalista, capaz de se apaixonar tanto por uma mulher que acaba por espancá-la por ela ser comunista.

A diversidade de estilos, a multiplicidade de pontos de vista e a veia de contador de histórias de Pamuk, fazem deste livro o melhor para nos iniciarmos na exploração da obra deste autor.

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Ler estes contos de Flannery O’Connor, lembra-me as fotografias de Diane Arbus. Há um ângulo diferente, uma bizarria de comportamentos, um inesperado grotesco em todos eles. No entanto, ressalta uma inquietante veracidade.

 O’Connor não é uma escritora de histórias bonitas ou de cenários idílicos, é uma observadora da natureza humana, tal como ela é, ou tal como ela pode ser, muitas vezes.

 Desta colecção de dez contos, destacaria:

 Um bom homem é difícil de encontrar: este é o primeiro conto e, na sua estranheza, acaba por ser uma introdução divertida, que não prepara o leitor para o que vem a seguir. A profundidade das consequências daquilo que acontece nestes contos, não se fica pela apresentação da acção, entranha-se de forma insistente naquilo que ficamos a pensar.

 O Preto artificial é, na minha opinião, um dos momentos mais conseguidos deste livro. Onde os temas vão desde o racismo às relações entre novos e velhos, passando pela oposição cidade/campo, coragem/cobardia, tradição/modernidade. O final é desconcertante, como em quase todos os contos, se bem que o efeito nem sempre é bem conseguido.

 Um Cículo de Fogo, é um conto perturbador. As acções dos personagens levam a uma sensação inquietante, mesmo sendo perfeitamente previsível. Trata-se aqui da mesma atmosfera de, por exemplo, Funny Games, o filme de Michael Haneke.

 A Gente Sã do Campo, consegue ser o mais representativo da escrita de O’Connor. Ao bizarro da situação junta-se a angústia das consequências. A sabedoria e a arrogância são vencidas pela maldade e pela esperteza. De bom, fica apenas a sensação de o ter lido.

 A ideia de que O’Connor seja uma das maiores escritoras americanas do Séc. XX, como muitos defendem, parece-me que fica ainda por confirmar. Os contos são realmente bons, as comparações e descrições são estonteantes e obrigam a parar a leitura, como se levássemos murros no estômago. Mas fica-me alguma sensação de que precisava, aqui e ali, de um pouco mais para compreender a essência de alguns comportamentos.

Uma autora a acompanhar, especialmente porque fiquei curioso com os seus dois romances, já editados em português.

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