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Ao princípio, há o deserto, ruínas de uma cidade que se cobrem de areia. O vento sopra e a memória de que os homens ali estiveram um dia, desvanece-se lentamente. Depois, começamos a conhecer as personagens desta história. Cada um deles com algo de particular. Apesar de serem arquétipos - do padre, do soldado, do cozinheiro, do conspirador, do presidente de câmara, da puta - não deixam de ter um ou outro traço que os individualizam.
Karnesis constrói um romance, perto do romance histórico, onde o que interessa são as pessoas e os seus pequenos detalhes. É verdade que lá está todo um contexto histórico para apreciar. Porém, é sobre aquilo que cada um é nesse contexto que este romance se detém, ao que dá mais atenção. Curiosamente, no final como no princípio, parece que pouco resta, afinal, das marcas que o homem vai deixando onde passa.
A acção ocorre na Anatólia, em 1922, quando uma brigada do exército grego foge dos otomanos. Logo no início do livro, há uma pequena nota histórica que faz o enquadramento. Este é, na minha opinião, um ponto positivo, sendo que o leitor pode usufruir melhor da história a partir do momento que sabe um pouco do seu contexto. É, aliás, lamentável que se descure esse aspecto em grande parte dos livros que se aproximam do género.
Karnezis é, definitivamente, um escritor a acompanhar. Quer pela qualidade da escrita, quer pela capacidade de criar personagens invulgares mas não menos verosímeis. Para além disso, está presente, ao longo de todo o texto, um humor fino e muito subtil mas capaz de provocar intensas gargalhadas.
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